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Conheça Abaaoud, o possível mentor intelectual dos atentados

A polícia francesa o teria localizado em um subúrbio ao norte de Paris, onde iniciou uma grande operação nesta quarta-feira

Abdelhamid Abaaoud: ele se encontra na mira dos investigadores franceses e belgas (Reprodução/Dabiq)
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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2015 às 08h29.

O belga Abdelhamid Abaaoud, suspeito de ser o instigador dos ataques de sexta-feira em Paris , é um jihadista de 28 anos, membro ativo do grupo Estado Islâmico (EI), que escapa das forças de segurança europeia há vários anos.

No entanto, a polícia francesa o teria localizado em um subúrbio ao norte de Paris, onde iniciou uma grande operação nesta quarta-feira para tentar deter Abaaoud.

Abdelhamid Abaaoud nasceu em 1987 no bairro de Molenbeeck, subúrbio de Bruxelas. Ele é conhecido como Abu Omar Susi, nome da região do sudoeste de Marrocos de onde sua família é originária, ou Abu Omar al Baljiki (Abu Omar 'o belga').

"Era um menino estúpido", que assediava colegas e professores e era detido por roubar carteiras, relatou, sob condição do anonimato, um ex-colega de turma ao tabloide belga La Dernière Heure.

Agora ele se encontra na mira dos investigadores franceses e belgas, que "não excluem" a possibilidade de ele ser o "instigador" dos ataques de Paris, que deixaram 129 mortos e mais de 350 feridos, reivindicados pelo Estado Islâmico.

Suspeito-chave destes ataques, Salah Abdeslam, ativamente procurado pela polícia, que também residiu em Molenbeeck, e seu irmão Brahim, que detonou os explosivos que levava junto ao corpo na sexta-feira, em Paris, conheciam Abaaoud.

Todos os três têm antecedentes criminais, segundo a polícia belga.

Instigador

Não é a primeira vez que o nome de Abu Omar 'o belga' aparece em uma investigação. No início de 2014, ele estampou as capas dos jornais belgas por ter levado para a Síria o seu irmão Yunis, de 13 anos, apelidado de "o jihadista mais jovem do mundo".

Pouco depois, apareceu em um vídeo de propaganda do EI, com uma barba pré-púbere e um turbante do tipo afegão. Diante da câmera, na direção de uma caminhonete que arrasta corpos mutilados, Abaaoud se diz orgulhoso de cometer atrocidades.

"Antes, rebocávamos jet-skis, quadriciclos, carrinhos cheios de brinquedos ou malas para passar férias no Marrocos. Agora arrastamos infiéis, aqueles que nos combatem, os que combatem o Islã", diz, sorridente, em uma mistura de árabe e francês.

Com o perfil de um jovem "de classe média", o jornal flamengo De Morgen assegura que o pai de Abaaoud enviou seu filho a um excelente colégio de Uccle, no sul de Bruxelas.

"Tínhamos uma vida muito boa, uma vida fantástica, eu diria. Abdelhamid não era uma criança difícil e havia se tornado um bom comerciante. Mas, de repente, ele foi para a Síria. Nunca recebi qualquer resposta", havia declarado em janeiro o seu pai, Omar Abaaoud, ao jornal Dernière Heure.

"Abdelhamid envergonhou a nossa família. Nossas vidas foram destruídas", reagiu seu pai: "Por que, em nome de Deus, ele mataria belgas inocentes? Nossa família deve tudo a esse país", havia explicado Omar Abaaoud, cuja família chegou à Bélgica há 40 anos.

Ele disse que "nunca perdoaria" Abdelhamid por ter "arrastado" seu irmão mais novo Yunis.

Abaaoud, o mais conhecido dos quase 500 jovens belgas que deixaram o país para combater no Iraque e na Síria, também está ligado à "célula de Verviers".

Em Verviers, uma cidade do leste da Bélgica, a polícia lançou em 15 de janeiro, uma semana depois dos ataques de Paris, uma operação destinada a desmantelar um ataque "iminente". Dois dos suspeitos morreram.

Abaaoud não estava no local. Mas no início de fevereiro, ele reivindicou em uma entrevista à revista do Estado Islâmico, que "planejou" estes ataques frustrados.

"Finalmente conseguimos chegar na Bélgica. Conseguimos armas e um esconderijo, enquanto planejamos operações contra os 'cruzados", havia dito.

Segundo a imprensa belga, Abaaoud chegou a ser localizado na Grécia de onde se comunicava com os dois jihadistas mortos em Verviers.

A polícia grega não conseguiu prendê-lo durante uma operação em Atenas.

"Consegui sair e retornar a El Sham (que em árabe significa Grande Síria, ou a sua capital Damasco), apesar da vigilância de muitos serviços secretos", comemorou na revista.

A justiça suspeita que ele tenha instigado um jihadista francês preso em 11 de agosto em seu retorno da Síria a atacar "um alvo fácil", como uma casa de shows.

Em julho, ele foi condenado, em Bruxelas, à revelia, a 20 anos de prisão por recrutamento de jihadistas belgas para a Síria

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São Paulo - Manifestações de solidariedade aos atentatos de 13 de novembro em Paris ganharam o mundo neste fim de semana.Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas em vigília pelos 129 mortos no p ior ataque contra o país desde a Segunda Guerra Mundial. Elas carregam flores, velas e cartazes com dizeres de apoio aos franceses e repúdio ao terrorismo .Alguns dos principais monumentos históricos e políticos se iluminaram com o azul, branco e vermelho da bandeira da França. Clique nos slides e veja uma seleção de imagens comoventes.
  • 2. Homenagens às vítimas do 13 de novembro

    2 /18(Reuters)

  • Mensagens, velas e flores colocadas em frente à embaixada francesa na Cidade do México como uma homenagem às vítimas dos atentados de Paris.
  • 3. Paris

    3 /18(Reuters)

    Pessoas dão as mãos para formar uma corrente humana na Place de la Republique, perto do local do ataque na sala de concertos Bataclan em Paris.
  • 4. Rio de Janeiro

    4 /18(Reuters)

    Dezenas de pessoas seguram cartazes e uma bandeira francesa em frente à estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, em homenagem às vítimas dos ataques de Paris.
  • 5. Lausanne, na Suíça

    5 /18(Reuters)

    Em Lausanne, na Suíça, um grupo ergue uma faixa com o dizer  "Não ao terrorismo" durante uma manifestação em solidariedade aos ataques mortais na capital francesa.
  • 6. Tel Aviv, Israel

    6 /18(Reuters)

    Cerimônia em homenagem às vítimas dos ataques em Paris reúne milhares em Tel Aviv, Israel.
  • 7. Toronto, Canadá

    7 /18(Reuters)

    Milhaes em Toronto fazem momento de silêncio em memória às vítimas dos atentados de Paris, em 14 de novembro de 2015.
  • 8. Homenagens às vítimas do 13 de novembro

    8 /18(Reuters)

    Milhares de pessoas fazem vigília para prestar homenagem às vítimas dos ataques Paris, na Trafalgar Square, em Londres.
  • 9. Moscou, Rússia

    9 /18(Reuters)

    Sob o frio congelante, uma mulher coloca flores perto da embaixada francesa em Moscou, na Rússia, para homenagear as vítimas dos ataques em Paris.
  • 10. Líbano

    10 /18(Reuters)

    Palestinos acendem velas em frente à Igreja da Natividade, no Líbano, durante uma manifestação em solidariedade às vítimas dos ataques recentes em Paris.
  • 11. Myanmar

    11 /18(Reuters)

    Em Myanmar, pessoas participam de memorial para homenagear as vítimas dos atentados de Paris, na residência oficial do embaixador francês em Yangon.
  • 12. Washington, EUA

    12 /18(Reuters)

    Um homem coloca flores para as vítimas dos ataques em Paris em frente à embaixada francesa em Washington, nos EUA, em 14 de novembro de 2015.
  • 13. Berlim, Alemanha

    13 /18(Reuters)

    Multidão se reúne em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim, que foi iluminado em azul, branco e vermelho nas cores da bandeira francesa em homenagem às vítimas dos ataques de sexta-feira em Paris.
  • 14. Copenhague, Dinamarca

    14 /18(Reuters)

    Uma mulher beija sua filha após prestar homenagem às vítimas dos atentados de Paris, em frente à embaixada francesa em Copenhague, na Dinamarca.
  • 15. Londres, Inglaterra

    15 /18(Reuters)

    Cartaz com dizer "Amor vence" é visto em meio à multidão em vigília para prestar homenagem às vítimas dos ataques Paris, na Trafalgar Square, Londres.
  • 16. Xangai, China

    16 /18(Reuters)

    Homenagens também cobriram com a cor da bandeira francesa o Oriental Pearl TV Tower, um marco da construção em Xangai, China, em14 de novembro de 2015.
  • 17. Belgrado, Sérvia

    17 /18(Reuters)

    Prédio em Belgrado, na Sérvia, é colorido  nas cores azul, branco e vermelho da bandeira francesa em honra às vítimas dos atentados em Paris.
  • 18. Paris

    18 /18(Reuters)

    Flores, velas e cartaz com o dizer "Nós choramos, mas não tememos" são colocados perto da cena dos ataques ao Bataclan em Paris.
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