Confrontos no Congo deixam ao menos 9 mortos
Fontes oficiais também relataram confrontos entre o Exército e uma milícia na cidade de Kananga, no centro do país, que deixaram vários mortos
AFP
Publicado em 20 de dezembro de 2016 às 21h40.
Nove pessoas morreram em distúrbios registrados nesta terça-feira (20) em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC), no dia em que termina o mandato presidencial de Joseph Kabila, informou à AFP o porta-voz do governo.
"Em Kinshasa, tivemos nove mortos, nenhum a mais", disse o representante governamental Lambert Mende.
Um pouco antes, a Missão da ONU no Congo (MONUSCO) relatou à AFP que está investigando informações confiáveis segundo as quais ao menos vinte mortes teriam sido registradas na capital congolesa.
Fontes oficiais também relataram confrontos entre o Exército e uma milícia na cidade de Kananga, no centro do país, que deixaram vários mortos.
"Houve troca de tiros entre milicianos do Kamwina Nsapu e do FARDC (Exército) nos arredores do Aeroporto de Kananga", declarou à AFP o coronel Jean de Dieu Mambwene, porta-voz militar na região. "Morreram homens dos dois lados (...). Matamos muitos milicianos".
Este 20 de dezembro de 2016 inquieta a vida política do país africano há meses. A data marca o final do mandato de Kabila - que está no poder desde 2001, quando substituiu seu pai -, a quem a Constituição impede de voltar a disputar eleições.
Porém, a eleição presidencial que deveria definir um sucessor não ocorreu, e Kabila, 45 anos, pretende se manter no poder até que alguém seja eleito para substituí-lo.
Os críticos de Kabila o acusam de ter orquestrado o adiamento da eleição e, assim, tentar alterar a Constituição para poder se candidatar à reeleição.
Os distúrbios explodiram nesta terça-feira nas maiores cidades da República Democrática do Congo (RDC), onde a oposição pediu ao povo que não reconheça Kabila como presidente.
O histórico líder opositor Etienne Tshisekedi declarou que o povo não pode mais reconhecer Kabila como presidente.
Há 48 horas a situação é tensa no país, com as maiores cidades sob controle militar e a população permanecendo em suas casas.
Kinshasa, a grande metrópole de 10 milhões de habitantes está totalmente paralisada, em meio a disparos em vários bairros da cidade, acompanhados de panelaço e apitaço.
A capital foi sacudida em em 19 e 20 de setembro por uma onda de violência entre as forças de segurança e a oposição que deixou entre 30 e 100 mortos.
Tiroteios intensos também foram ouvidos em Lubumbashi, segunda cidade da RDC e reduto do líder opositor no exílio, Moise Katumbi, candidato às eleições presidenciais que deveriam ter sido realizadas este ano e foram adiadas de forma indefinida.
A RDC está mergulhada em uma crise política desde a questionada reeleição de Kabila em 2011, depois de uma votação marcada por fraudes em massa.