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Confrontos entre PKK e Exército chegam às ruas da Turquia

Quase 7.000 pessoas saíram às ruas de Ancara na terça-feira à noite para denunciar o "terrorismo" dos rebeldes do PKK


	Atentado na Turquia a escritório de partido HDP: milhares de manifestantes nacionalistas atacaram sede do partido, que foi acusado pelo governo de ajudar movimento rebelde
 (Reuters / Stringer)

Atentado na Turquia a escritório de partido HDP: milhares de manifestantes nacionalistas atacaram sede do partido, que foi acusado pelo governo de ajudar movimento rebelde (Reuters / Stringer)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2015 às 10h57.

Os violentos ataques dos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) contra o Exército turco provocaram a revolta dos nacionalistas e dos simpatizantes do governo, que intensificaram as ações contra o principal partido pró-curdo no país.

Pela segunda noite consecutiva, milhares de manifestantes nacionalistas atacaram vários escritórios - incluindo a sede em Ancara — do Partido Democrata dos Povos (HDP), acusado pelo governo do presidente Recep Tayyip Erdogan de apoiar o movimento rebelde.

"Estas campanhas de ataques estão dirigidas por uma só mão, a do Estado", afirmou o copresidente do HDP, Selahattin Demirtas.

Quase 7.000 pessoas saíram às ruas de Ancara na terça-feira à noite para denunciar o "terrorismo" dos rebeldes do PKK. A polícia utilizou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes que bloqueavam uma rua.

Várias pessoas atacaram os escritórios do HDP no bairro de Kavaklidere e incendiaram parte das instalações.

Demirtas citou mais de 400 ataques contra o movimento.

Na terça-feira, simpatizantes do governo insatisfeitos com as críticas do jornal Hürriyet ao presidente Recep Tayyip Erdogan atacaram sua sede em Istambul.

O primeiro-ministro Ahmet Davutoglu lamentou os distúrbios e pediu calma.

"Atacar a imprensa e as propriedades de partidos políticos é inaceitável", escreveu no Twitter.

"Faço um apelo ao senso comum dos cidadãos", afirmou o líder da oposição social-democrata no Parlamento, Kemal Kiliçdaroglu.

Desde o fim de julho, o governo turco determinou uma série de bombardeios aéreos contra as bases dos rebeldes curdos na região norte do Iraque, em represália pelos ataques rebeldes contra as forças de segurança.

De acordo com a imprensa ligada ao governo, os confrontos provocaram a morte de mais de 100 soldados e policiais e de mil rebeldes.

A escalada interrompeu as negociações de paz iniciadas em 2012 para tentar acabar com o conflito entre o Estado turco e os rebeldes curdos, que provocou 40.000 mortes desde 1984.

O sudeste da Turquia, com maioria curda, se encontra em estado de guerra. Quase 20% dos 76 milhões de turcos são de origem curda e vivem essencialmente nesta região do país.

Emboscadas executadas no domingo e na terça-feira mataram 30 soldados e policiais turcos.

Em represália, caças F-16 e F-4 da aviação turca bombardearam as bases de retaguarda do PKK nas montanhas do norte do Iraque.

As forças especiais turcas entraram no território iraquiano, pela primeira vez em quatro anos, para perseguir combatentes do PKK.

A escalada de violência preocupa a menos de dois meses das eleições legislativas antecipadas convocadas por Erdogan para 1º de novembro.

Nas eleições de 7 de junho, o AKP perdeu a maioria absoluta que teve no Parlamento nos últimos 12 anos. Erdogan espera que o partido recupere a situação anterior para instaurar um regime presidencialista forte.

Demirtas e outros líderes da oposição acusam Erdogan de estimular o conflito curdo para facilitar a concretização de suas ambições políticas.

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