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Conflito afegão vitimou mais mulheres e crianças em 2015

Os números indicam uma ligeira diminuição sobre a referência de 1.686 mortos dos primeiros seis meses de 2014, e um aumento sobre os 3.208 feridos

Mulher no Afeganistão: "Não tenho dúvida de que um acordo de paz e o fim do conflito representarão uma redução das vítimas civis", afirmou o chefe da Unama (Majid Saeedi/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2015 às 11h31.

Cabul - O conflito afegão afetou mais mulheres e crianças no primeiro semestre deste ano, ao causar 23% e 13% a mais de vítimas entre estes dois grupos, respectivamente, de acordo com a missão da ONU no país (Unama), que informou nesta quarta-feira que nesse período houve 1% a mais de mortos e feridos do que em 2014.

O relatório de meio de ano sobre a Proteção de Civis no Conflito Armado da Unama, apresentado hoje em Cabul, revelou que durante este período foram registradas 4.921 vítimas civis no país: 1.592 mortos e 3.329 feridos.

Os números indicam uma ligeira diminuição sobre a referência de 1.686 mortos dos primeiros seis meses de 2014, e um aumento sobre os 3.208 feridos desse mesmo período.

No entanto, a diretora de Direitos Humanos da Unama, Danielle Bell, indicou na apresentação do relatório que "as mortes de civis e os feridos se mantêm em níveis recorde".

Bell assinalou que o conflito deixou um volume de vítimas "particularmente pesado" entre as mulheres, com um aumento de 23%, e as crianças, com 13% a mais.

Segundo ela, 90% das vítimas estavam em enfrentamentos no terreno, artefatos explosivos improvisados, atentados coordenados e suicidas, e ataques contra alvos concretos.

A Unama atribuiu a "elementos antigovernamentais" a responsabilidade por 70% das vítimas, enquanto 15% foram culpa das forças do governo e 1% pela ação das tropas internacionais.

"Isto é um aumento de 60% comparado com o mesmo período de 2014", assinalou com "preocupação" a Unama no relatório sobre as baixas ocasionadas pelas forças pró-governo.

O relatório acrescentou que 14% das vítimas do conflito não podem ser atribuídas a um ator específico.

Os enfrentamentos no terreno continuam sendo a principal causa de vítimas, mas os ataques suicidas e os ataques combinados, assim como os ataques a alvos causaram 1.022 mortes, aumento de 78% em relação ao mesmo período do ano passado.

Nesse sentido, chamou os elementos antigovernamentais a "parar seus ataques contra civis" e pediram aos talibãs que revisem sua definição de civis de acordo com o direito humanitário internacional.

"Os civis nunca podem ser alvo de ataque", disse.

O chefe da Unama, Nicholas Haysom, indicou que toda a informação foi revisada duas vezes "e em alguns casos em três", destacando a confiabilidade dos dados.

Ele acrescentou que o objetivo do relatório não é envergonhar nem responsabilizar as partes do conflito, mas chegar a mudanças reais no procedimento das partes.

"Não tenho dúvida de que um acordo de paz e o fim do conflito representarão uma redução das vítimas civis", afirmou, lembrando que até que se alcance a paz "todas as partes do conflito devem cumprir suas obrigações sob a lei humanitária internacional para minimizar seu impacto nos civis.

O Afeganistão registrou um recorde de vítimas civis em 2014, com 3.699 mortos e 6.849 feridos, um aumento de 25% e 21% em relação a 2013, respectivamente, números sem comparação desde que a ONU começou a contabilizar em 2009 o impacto do conflito na população civil.

São Paulo – As ameaças de genocídios contra diferentes populações mundo afora aumentaram nos últimos meses, especialmente por conta do crescimento no número de ataques realizados por grupos extremistas como o Estado Islâmico ( EI ). Contudo, estas pessoas estão mais vulneráveis à se tornarem alvo de agressões de seus próprios governos. É o que constatou a décima edição do estudo People Under Threat 2015, produzido pela ONG Minority Rights Group como forma de monitorar os riscos de genocídio vividos por comunidades espalhadas por todo o mundo. A pesquisa mostra ainda um ranking dos países que estão à beira de vivenciar o assassinato em massa de diferentes grupos e os classifica de acordo com a nota obtida a partir da análise de dez aspectos. São levados em conta, por exemplo, indicadores relacionados aos níveis democráticos locais, os dados sobre refugiados e também a situação econômica. Conheça os países que oferecem os maiores riscos de genocídio e veja quais grupos são mais vulneráveis a este tipo de violência.
  • 2. 1º Síria

    2 /14(Reuters)

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    NotaGrupos mais ameaçados
    24,95Cristãos, Curdos, Palestinos, Xiitas Alauitas
  • 3. 2º Somália

    3 /14(Reuters)

  • NotaGrupos mais ameaçados
    23,58Bantos, Benadiri e pessoas da casta Gabooye, membros de clãs como os Hawiye e os Darod
  • 4. 3º Sudão

    4 /14(Reuters)

    NotaGrupos mais ameaçados
    20,68Furis, Zagaua, Dinka, Nuba e Beja
  • 5. 4º Afeganistão

    5 /14(Omar Sobhani/Reuters)

    NotaGrupos mais ameaçados
    20,5Hazaras, Pachtuns, Tajiques, Uzbeques, Turcomenos, Baluchis e os Kuchis.
  • 6. 5º Iraque

    6 /14(Reuters)

    NotaGrupos mais ameaçados
    19,9Xiitas, Sunitas, Curdos, Turcomenos, Cristãos, Yazidis, Palestinos, Shabaks, Baháís e Curdos Feyli
  • 7. 6º República Democrática do Congo

    7 /14(Reuters)

    NotaGrupos mais ameaçados
    19,8Lendu, Hutus, Banyamulengue, Bambuti e os Hema
  • 8. 7º Paquistão

    8 /14(Getty Images)

    NotaGrupos mais ameaçados
    19,01Balúchis, Muhajir, Xiitas, Hindus, Cristãos, Pachtuns e os Sindis
  • 9. 8º Mianmar

    9 /14(Januar/AFP)

    NotaGrupos mais ameaçados
    18,4Mons, Karens, Rohingyas, Kachin, Karenni, Shans, Chins e Was
  • 10. 9º Sudão do Sul

    10 /14(Reuters)

    NotaGrupos mais ameaçados
    18,37Jiês, Kachipos, Anuaks, Murles, Nuers e Dinkas
  • 11. 10º República Centro-Africana

    11 /14(Mohamed Nureldin Abdallah/Files/Reuters)

    NotaGrupos mais ameaçados
    18,35Muçulmanos, Cristãos, Kabas, Wodaabe, Akas e Mboum
  • 12. 11º Iêmen

    12 /14(Reuters)

    NotaGrupos mais ameaçados
    17,49Tribos sunitas, Achdams e Zaiditas
  • 13. 12º Nigéria

    13 /14(Reuters)

    NotaGrupos mais ameaçados
    17,33Igbos, Iorubás, Cristãos no norte do país, Ijaws, Ogonis e Hauças
  • 14. Agora veja 25 fotos militares premiadas nos EUA

    14 /14(U.S. Air Force photo by Staff Sgt. Corey J. Hook/Released)

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