Genebra - O conflito na Ucrânia obrigou mais de um milhão de pessoas a abandonarem seus lares e se tornarem deslocados internos e refugiados, anunciou nesta terça-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
"Sim, podemos afirmar neste momento que por causa do conflito na Ucrânia um milhão de pessoas abandonaram seus lares e estão ou no interior do país ou no exterior, ou solicitaram asilo em diferentes países da União Europeia", afirmou o diretor do Escritório para a Europa do Acnur, Vincent Cochetel.
Nas últimas três semanas, o número de pessoas que abandonaram seus lares e se refugiaram em outros pontos do país duplicou até chegar a 260 mil.
"Os combates no leste da Ucrânia, particularmente em Donestsk, Lugansk e nas cidades vizinhas, obrigaram mais pessoas a abandonarem seus lares e aumentaram as necessidades humanitárias", disse o porta-voz do Acnur, Adrian Edwards.
Em 5 de agosto, o Acnur contabilizou 117 mil deslocados e, ontem, 1º de setembro, este número subiu para 260 mil.
O organismo, no entanto, considera que o número real de deslocados "é muito maior", pois muitas pessoas se alojam com parentes e amigos e não são registradas, ressaltou o porta-voz.
A maioria dos deslocados (94%) é composta por residentes do leste da Ucrânia e foi para áreas de Donestsk, Kharliv e Kiev.
Por causa dos combates, o Acnur não pôde verificar qual é exatamente a situação em Lugansk, por isso a organização vai enviar nesta semana um grupo de analistas à região para poder analisar a situação no terreno.
As autoridades informaram que durante a semana passada 10 mil pessoas deixaram Mariupol, em Donestsk.
Segundo as autoridades ucranianas, dois milhões de pessoas permanecem nas zonas em conflito.
A população que permanece nessas áreas tem um "acesso limitado" à água e outras necessidades básicas.
Os moradores de Lugansk não contam com fornecimento de água e comida há um mês e enfrentam diariamente cortes de energia.
Os deslocamentos de pessoas no interior do país são constantes e se constatou que após o governo ter retomado o controle de zonas do norte de Donetsk, que estavam nas mãos dos rebeldes pró-Rússia, cerca de 20 mil pessoas retornaram para seus lares.
As autoridades locais de Sloviansk estimam que enquanto no pico do conflito 40% da população abandonou a cidade, agora a grande maioria (90%) retornou.
Por outro lado, o número de ucranianos que entraram em território russo chega a 814 mil, segundo dados do governo da Rússia citados pelo Acnur.
Só em agosto, 66 mil ucranianos solicitaram asilo a Moscou. Segundo o serviço russo de migrações, o número total de ucranianos que solicitaram asilo no país neste ano chegou a 121.190 pessoas.
Além disso, outras 138.825 pessoas solicitaram outras formas administrativas de residência na Rússia, embora a grande maioria está entrando no país graças ao regime de exceção de visto para os ucranianos.
Além disso, outros 4.106 ucranianos solicitaram asilo na União Europeia, especialmente na Polônia (1.082), Alemanha (556), Suécia (500) e Belarus (380), embora o número real dos que buscam permanecer nesses países pode ser muito maior.
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1. Longe de casa
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1/15 (Muhammad Hamed/Reuters)
São Paulo –
Mais de dois milhões de pessoas saíram da
Síria em direção a campos de refugiados da Organização das Nações Unidas em países vizinhos desde que a guerra civil começou, dois anos atrás. A situação não é inédita no mundo. De acordo com a agência da
ONU responsável por refugiados, mais de 32 milhões de pessoas deixaram seus países por causa da situação política ou social da região em que viviam. Em áreas próximas a zonas de conflito e instabilidade, a ONU constrói centros (complexos, campos ou vilas) para abrigar aqueles que, por fome,
guerra ou doenças, tiveram de escapar de seu país natal. Alguns campos de refugiados chegam ao tamanho de cidades: o maior deles, localizado no
Quênia, abriga mais de 400 mil pessoas. A pedido de
EXAME.com, a Agência de Refugiados da ONU (UNHCR, na sigla em inglês) levantou informações sobre os maiores campos de refugiados do mundo. Embora esses sejam os dados mais atualizados, a cada dia os números podem mudar – especialmente em regiões onde o conflito ainda é intenso, como nas proximidades da Síria, onde
a guerra civil já matou mais de 110 mil pessoas. Clique nas fotos e veja os maior campos de refugiados do mundo.
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2. 1. Dadaab, Quênia
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2/15 (Getty Images)
Localização: nordeste do Quênia, próximo à fronteira com a Somália, na África
Habitantes: 402,361 pessoas
Contexto: um complexo de cinco campos abriga pessoas que fugiram da guerra civil na vizinha Somália.
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3. 2. Dollo Ado, Etiópia
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3/15 (Giro 555/Flickr)
Localização: sudoeste da Etiópia
Habitantes: 198,462 pessoas
Contexto: complexo de cinco campos abriga somalianos que fugiram das condições precárias (fome e seca) de seu país
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4. 3. Kakuma, Quênia
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4/15 (Zoriah/Flickr)
Localização: noroeste do Quênia, próximo à fronteira com o Sudão do Sul
Habitantes: 124,814 pessoas
Contexto: o campo abriga somalianos e sudaneses que fugiram das guerras e condições precárias em seus países de origem
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5. 4. Za’atri, Jordânia
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5/15 (Getty Images)
Localização: norte da Jordânia, próximo à fronteira com a Síria
Habitantes: 122,723 pessoas
Contexto: abriga refugiados sírios que escaparam da guerra civil em seu país
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6. 5. Jabalia, Faixa de Gaza (Palestina)
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6/15 (Getty Images)
Localização: faixa de Gaza, na Palestina
Habitantes: cerca de 110,000 pessoas
Contexto: abriga palestinos desde o fim da guerra árabe-israelense, em 1948
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7. 6. Sahrawi, Argélia
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7/15 (Getty Images)
Localização: sudoeste da Argélia
Habitantes: cerca de 90 mil pessoas
Contexto: um complexo de cinco campos abriga africanos do oeste do deserto do Saara desde o conflito com forças marroquinas por questões territoriais na década de 1970
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8. 7. Yida, Sudão do Sul
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8/15 (Getty Images)
Localização: norte do Sudão do Sul
Habitantes: 70.095 pessoas
Contexto: sudaneses que fugiram da guerra civil que separou o Sudão e agora tentam escapar de condições de miséria vivem no campo
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9. 8. Mbera, Mauritânia
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9/15 (Cyprien Fabre/Creative Commons)
Localização: sudeste da Mauritânia, quase na fronteira com Mali
Habitantes: 69.676 pessoas
Contexto: a maioria dos refugiados fugiram do conflito no país vizinho Mali, que sofreu um golpe militar em 2012, após dez anos de relativa estabilidade. Disputas com rebeldes separatistas no norte levaram a um intervenção francesa no país e eleições foram instauradas. O novo presidente tomou posse nesta quarta-feira.
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10. 9. Nakivale, Uganda
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10/15 (Stephen Luke/Creative Commons)
Localização: sul da Uganda, próximo à fronteira com a Tanzânia
Habitantes: 68.996 pessoas
Contexto: abriga refugiados de Ruanda desde a guerra civil e genocídio na década de 1990
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11. 10. Nyarugusu, Tanzânia
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11/15 (Anduze traveller/Creative Commons)
Localização: noroeste da Tanzânia, próximo à fronteira com Burundi
Habitantes: 68.197 pessoas
Contexto: criado no fim da década de 1990, abriga milhares de congoleses que fugiram da guerra civil no país
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12. 11. Tamil Nadu, Índia
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12/15 (EC/ECHO Arjun Claire)
Localização: sudeste da Índia
Habitantes: 66.700 pessoas
Contexto: um complexo com 112 campos abriga refugiados da guerra no Sri Lanka, onde guerrilheiros de uma minoria étnica lutam pelo separatismo há mais de quinze anos. Na região, ainda mais 34 mil cingaleses vivem fora dos campos de refugiados
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13. 12. Vila da Panian, no Paquistão
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13/15 (Reprodução/Google Maps)
Localização: nordeste do Paquistão
Habitantes: 56.820 pessoas
Contexto: uma vila onde refugiados afegão vivem há mais de 30 anos, fugidos de regimes fundamentalistas e guerras em seu país
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14. 13. Vila de Shamshatoo, Paquistão
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14/15 (UN Photo/Eskinder Debebe)
Localização: nordeste do Paquistão, próximo à fronteira com o Afeganistão
Habitantes: 53.537 pessoas
Contexto: uma vila onde refugiados afegãos vivem há mais de 30 anos, fugidos de regimes fundamentalistas e guerras em seu país
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15. Agora, veja imagens do ataque que deixou centenas de refugiados na Síria
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15/15 (REUTERS/Nour Fourat)