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Condenação de Marin enterra chances de volta de Del Nero

Marin foi condenado por seis das sete acusações pelas quais havia sido denunciado, entre elas corrupção e organização criminosa

Marin: praticamente todas as provas apresentadas contra o brasileiro, a procuradoria norte-americana e testemunhas apontaram que ele não estava sozinho (Rafael Ribeiro / CBF/Divulgação)

Marin: praticamente todas as provas apresentadas contra o brasileiro, a procuradoria norte-americana e testemunhas apontaram que ele não estava sozinho (Rafael Ribeiro / CBF/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de dezembro de 2017 às 12h00.

O veredicto anunciado na sexta-feira contra José Maria Marin na corte de Nova York "praticamente enterra" as chances do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, reverter sua suspensão na Fifa, que o afasta do futebol. O alerta foi feito por especialistas que, em Zurique, acompanham dentro da entidade o caso envolvendo o brasileiro. 

Marin foi condenado por seis das sete acusações pelas quais havia sido denunciado, entre elas corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Mas, em praticamente todas as provas apresentadas contra o brasileiro, a procuradoria norte-americana e testemunhas apontaram que ele não estava sozinho: Del Nero faria parte do esquema e teria inclusive solicitado um aumento nos pagamentos. 

À medida que as novas evidências foram apresentadas na corte norte-americana, os documentos foram enviados para a investigadora da Fifa, Maria Claudia Rojas, que optou por suspender temporariamente Del Nero por três meses. Enquanto isso o Comitê de Ética da entidade vai julgar qual será sua punição final ou se o inocentará.

Fontes do departamento legal na Fifa confirmaram ao Estado que aguardavam o veredicto em Nova York sobre Marin para também tomar uma decisão sobre Del Nero. Se o brasileiro preso nos EUA fosse inocentado, o caso contra o presidente afastado da CBF perderia força. "Mas a condenação de forma tão clara praticamente enterra as chances de Del Nero de ser inocentado ou voltar", disse um dos especialistas que acompanha o caso. 

A defesa de Del Nero tem até o início de janeiro para enviar seus argumentos para a Fifa. Mas a percepção é de que, na entidade, uma decisão de "rifar" o brasileiro já foi tomada e que, a partir de agora, a meta é fazer o caso avançar o mais rapidamente possível para que possa ser levado à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês). 

Ali, a esperança é de que uma decisão não tenha considerações políticas e que as evidências possam ser consideradas apenas por sua perspectiva legal. 

Guerra

Enquanto isso, porém, a relação entre a CBF e a Fifa azeda e, segundo alguns cartolas, está em seu pior momento em décadas. Entre os aliados de Del Nero, o clima é de que há "uma guerra declarada" entre as duas entidades. Gianni Infantino, presidente da Fifa, é acusado nos bastidores por sul-americanos de traição em relação ao brasileiro, que estrategicamente o apoiou para as eleições de 2016. 

Ao longo dos últimos dois anos, Infantino manteve uma relação cordial com Del Nero, o visitou no Rio de Janeiro, inaugurou uma placa na sede da CBF e até autorizou que os pagamentos à entidade brasileira fossem liberados. 

Mas a pressão dos advogados em Nova York forçou o suíço a abrir mão da aliança com o brasileiro e, assim, resguardar sua posição na Fifa. Para muitos, a mudança política de Infantino não será esquecida pela cúpula da CBF.

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