Mundo

OPAQ supervisionará arsenal químico de Damasco

OPAQ está autorizada a inspecionar locais que não constam na lista entregue pela Síria


	Membro do Exército Livre da Síria: desde o início do conflito sírio, em março de 2011, os membros do Conselho de Segurança estiveram em desacordo
 (Ward Al-Keswani/Reuters)

Membro do Exército Livre da Síria: desde o início do conflito sírio, em março de 2011, os membros do Conselho de Segurança estiveram em desacordo (Ward Al-Keswani/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2013 às 16h31.

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), que deve supervisionar a destruição do arsenal químico de Damasco, anunciou que começará seus trabalhos no mais tardar na próxima terça-feira, após semanas de negociações entre russos e americanos.

Enquanto isso, em Haia, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta sexta-feira às 20h00 locais (21h00 de Brasília) para votar a resolução russo-americana sobre a destruição das armas químicas da Síria.

A OPAQ está autorizada a inspecionar locais que não constam na lista entregue pela Síria no dia 19 de setembro dos locais de produção e armazenamento de armas químicas, mas que são considerados suspeitos.

A resolução deve ser adotada antes de ser votado em Nova York, quatro horas depois, uma resolução do Conselho de Segurança da ONU acordada por americanos e russos esta manhã.

Esta resolução constitui um grande avanço da diplomacia na crise síria, mais de dois anos após o início do conflito que, segundo a ONU, fez mais de 100.000 mortos.

Desde o início do conflito sírio, em março de 2011, os membros do Conselho de Segurança estiveram em desacordo, e Moscou e Pequim impuseram seu veto em três ocasiões.

Falando a jornalistas diante do Salão Oval, o presidente Barack Obama classificou de "grande vitória da comunidade internacional" o acordo para uma resolução da ONU sobre a destruição do arsenal químico do regime sírio.

Contudo, para o chefe da diplomacia russo, Serguei Lavrov, "o Ocidente não deve acusar e condenar o regime sírio sem prova oficial".

A França também elogiou o acordo, ressaltando que os russos "têm demonstrado sua credibilidade". Uma fonte diplomática em Paris assegurou que com uma tal resolução, "podemos esperar que até 30 de junho estaremos livres" do arsenal químico.

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, pediu que as grandes potências determinem a data de uma próxima conferência de paz sobre a Síria, que seria responsável por iniciar uma transição política, incluindo a escolha, por consenso, de um governo provisório com poderes executivos plenos.

Teerã igualmente reagiu, expressando seu desejo de "participar ativamente" em uma futura conferência de paz sobre a Síria, de acordo com o seu presidente Hassan Rohani.


Acordo diplomático

O texto da OPAQ se inscreve no acordo diplomático firmado em Genebra, em 14 de setembro, e que deve evitar uma intervenção militar na Síria, ameaçada por Washington, em resposta a um ataque com armas químicas em 21 de agosto.

De acordo com especialistas, a Síria possui mais de 1.000 toneladas de armas químicas, incluindo 300 toneladas de gás mostarda.

De acordo com o projeto de resolução, todos os locais listados na lista oficial apresentada pela Síria em 19 de setembro à OPAQ devem ser inspecionados até 30 dias após a aprovação deste texto.

"Qualquer outro local identificado por um Estado como tendo participado no programa de armas químicas da Síria deve ser inspeccionado assim que possível", acrescenta o projeto.

Se a Síria não cumprir o plano, que prevê a completa destruição de suas armas químicas até meados de 2014, a OPAQ vai levar o "problema diretamente à atenção" da ONU.

O documento da OPAQ exorta os Estados Partes a ajudar a financiar a missão, que de acordo com Assad irá custar um bilhão de dólares.

O Conselho Executivo da OPAQ é composto por representantes permanentes de 41 países, em sua maioria embaixadores em missão em Haia.

A adoção de um texto pelo Conselho Executivo da OPAQ se faz geralmente por consenso, mas, de acordo com fontes diplomáticas contactadas pela AFP, não é certo que o consenso seja atingido.

Em caso de votação, uma maioria de dois terços é necessária. Não há direito de veto na OPAQ.

Por sua parte, a resolução da ONU estabelece que o Conselho poderá adotar sanções caso constate a falta de execução do plano de desarmamento químico por parte do regime do presidente Bashar al-Assad.

Mas o texto não prevê sanções automáticas em caso de violação do acordo, o que exigiria uma nova resolução.


Ban se reúne com chanceleres

Os ministros das Relações Exteriores dos cinco membros do Conselho de Segurança se reunirão nesta sexta com o secretário-geral Ban Ki-moon e seu mediador para a Síria, Lakhdar Brahimi.

A análise da resolução da ONU e do projeto de resolução ocorrem no momento em que os especialistas das Nações Unidas em armas químicas atualmente na Síria inspecionam sete locais onde podem ter ocorrido ataques químicos.

Neste contexto, o Papa Francisco expressou seu apoio ao trabalho da OPAQ na Síria e em todo o mundo ao receber seu diretor-geral no Vaticano.

Por fim, no terreno, pelo menos 30 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nesta sexta-feira em um ataque com carro-bomba em Rankous, uma localidade sunita e hostil ao regime de Bashar al-Assad.

Nove rebeldes, uma mulher e uma criança, morreram em um ataque aéreo contra o vilarejo de Hadir, na província de Aleppo, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Acompanhe tudo sobre:Armas químicasConselho de Segurança da ONUSíria

Mais de Mundo

Pelo menos seis mortos e 40 feridos em ataques israelenses contra o Iêmen

Israel bombardeia aeroporto e 'alvos militares' huthis no Iêmen

Caixas-pretas de avião da Embraer que caiu no Cazaquistão são encontradas

Morre o ex-primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, aos 92 anos