Como o “príncipe” do Hamas se tornou um espião de Israel
Preso em 1996, Mosab Hassan Yousef virou o maior e mais valioso informante de Israel sobre atividades do grupo fundado pelo seu próprio pai, Hassan Yousef
Gabriela Ruic
Publicado em 17 de outubro de 2014 às 11h59.
São Paulo – Mosab Hassan Yousef tinha tudo para se tornar o próximo líder do Hamas , movimento de resistência palestino: é o filho mais velho de Hassan Yousef, chefe do grupo na Cisjordânia e um de seus históricos fundadores. Mas o destino o levou para uma direção totalmente contrária.
Mosab foi preso várias vezes por agentes do serviço interno de inteligência de Israel , conhecido como Shin Bet. Em 1996, contudo, sua história dá uma reviravolta na qual ele termina por se tornar um dos maiores aliados de Israel na luta contra o grupo idealizado pelo próprio pai. Na época, tinha apenas 17 anos.
A história, digna de um livro de suspense, é contada no documentário The Green Prince (O Príncipe Verde). Dirigido por Nadav Sherman, o nome do filme refere-se ao apelido dado pelas forças israelenses ao jovem Mosab.
Ele estava sendo treinado para se tornar o próximo líder do Hamas, explicou Sherman para a rede de notícias americana CNN. Como sua consciência mudou e evoluiu durante o processo de trabalho com Israel, então seu maior inimigo, é algo fascinante, ponderou o diretor.
No documentário, Mosab revela que colaborar com os israelenses era a coisa mais vergonhosa que alguém como ele poderia fazer. Mesmo assim, colaborou.
Na prisão, ele conta ter ficado especialmente incomodado com a violência com a qual outros presos, também membros do Hamas, conduziam interrogatórios com aqueles que acreditavam estar cooperando com o governo de Israel. Passou então a questionar quem, afinal, era seu verdadeiro inimigo.
E é neste momento que entra em cena o agente israelense Gonen ben Yitzahk, o responsável pelo seu recrutamento. Num primeiro momento, logo que Mosab foi convidado a trabalhar para Israel, sua motivação era alimentada por vingança.
A ideia era simular que estava trabalhando por Israel e, mais tarde, agir contra seus novos chefes. Mas isto não aconteceu.
Mais tarde, passei a ter uma percepção diferente das coisas, revelou. Meus olhos abriram para o fato de que um homem-bomba não diferencia americanos de israelenses ou cristãos de muçulmanos. Ele não liga para a própria vida. E isso tinha que acabar.
Se para a família, a mudança foi inaceitável, para Israel, foi valiosa. Quando o recrutamos, sabíamos muito pouco sobre o Hamas, o que era, como funcionava, sua política interna e sua ideologia, contou ben Yitzahk ao The New York Times.
Mas ele nos deu uma visão especial: seu pai tinha contato com todos os líderes do Hamas em Gaza, Cisjordânia e Síria. Era como se estivéssemos dentro de sua mente. Mosab trabalhou infiltrado no Hamas por cerca de 10 anos e era um dos principais informantes da atividade do grupo que Israel tinha em mãos.
Em 2007, ele deixou a região e se mudou para os Estados Unidos, onde buscou asilo político e converteu-se ao cristianismo. Mosab nunca mais falou com sua família. Eles agora me repudiam, contou à CNN.
O documentário está em cartaz nos Estados Unidos, mas não há informações sobre possíveis estreias no Brasil. Veja abaixo, em inglês e sem legendas, o trailer de The Green Prince.
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São Paulo – Mosab Hassan Yousef tinha tudo para se tornar o próximo líder do Hamas , movimento de resistência palestino: é o filho mais velho de Hassan Yousef, chefe do grupo na Cisjordânia e um de seus históricos fundadores. Mas o destino o levou para uma direção totalmente contrária.
Mosab foi preso várias vezes por agentes do serviço interno de inteligência de Israel , conhecido como Shin Bet. Em 1996, contudo, sua história dá uma reviravolta na qual ele termina por se tornar um dos maiores aliados de Israel na luta contra o grupo idealizado pelo próprio pai. Na época, tinha apenas 17 anos.
A história, digna de um livro de suspense, é contada no documentário The Green Prince (O Príncipe Verde). Dirigido por Nadav Sherman, o nome do filme refere-se ao apelido dado pelas forças israelenses ao jovem Mosab.
Ele estava sendo treinado para se tornar o próximo líder do Hamas, explicou Sherman para a rede de notícias americana CNN. Como sua consciência mudou e evoluiu durante o processo de trabalho com Israel, então seu maior inimigo, é algo fascinante, ponderou o diretor.
No documentário, Mosab revela que colaborar com os israelenses era a coisa mais vergonhosa que alguém como ele poderia fazer. Mesmo assim, colaborou.
Na prisão, ele conta ter ficado especialmente incomodado com a violência com a qual outros presos, também membros do Hamas, conduziam interrogatórios com aqueles que acreditavam estar cooperando com o governo de Israel. Passou então a questionar quem, afinal, era seu verdadeiro inimigo.
E é neste momento que entra em cena o agente israelense Gonen ben Yitzahk, o responsável pelo seu recrutamento. Num primeiro momento, logo que Mosab foi convidado a trabalhar para Israel, sua motivação era alimentada por vingança.
A ideia era simular que estava trabalhando por Israel e, mais tarde, agir contra seus novos chefes. Mas isto não aconteceu.
Mais tarde, passei a ter uma percepção diferente das coisas, revelou. Meus olhos abriram para o fato de que um homem-bomba não diferencia americanos de israelenses ou cristãos de muçulmanos. Ele não liga para a própria vida. E isso tinha que acabar.
Se para a família, a mudança foi inaceitável, para Israel, foi valiosa. Quando o recrutamos, sabíamos muito pouco sobre o Hamas, o que era, como funcionava, sua política interna e sua ideologia, contou ben Yitzahk ao The New York Times.
Mas ele nos deu uma visão especial: seu pai tinha contato com todos os líderes do Hamas em Gaza, Cisjordânia e Síria. Era como se estivéssemos dentro de sua mente. Mosab trabalhou infiltrado no Hamas por cerca de 10 anos e era um dos principais informantes da atividade do grupo que Israel tinha em mãos.
Em 2007, ele deixou a região e se mudou para os Estados Unidos, onde buscou asilo político e converteu-se ao cristianismo. Mosab nunca mais falou com sua família. Eles agora me repudiam, contou à CNN.
O documentário está em cartaz nos Estados Unidos, mas não há informações sobre possíveis estreias no Brasil. Veja abaixo, em inglês e sem legendas, o trailer de The Green Prince.
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