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Como a Costa Rica pretende se tornar modelo de sustentabilidade

Medidas rígidas, impostos e um plano nacional incisivo terão papel importante para o país nos próximos anos

San José, na Costa Rica: planos para a instalação de um trem elétrico na capital em 2022 (Francisco Sosa/Getty Images)
GS

Gabriella Sandoval

Publicado em 31 de agosto de 2021 às 13h45.

A Costa Rica investe na sustentabilidade. No cenário internacional, o país foi um dos primeiros a transformar os compromissos acordados em medidas sérias, o que lhe rendeu, em 2019, o prêmio de liderança em políticas públicas da ONU. Agora, o presidente Carlos Alvarado Quesada pretende fazer da Costa Rica um exemplo mundial no enfrentamento da mudança climática.

Proporcionalmente, a contribuição do país para o aquecimento global é ínfima: apenas 0,02% das emissões globais de carbono vêm da Costa Rica. Enquanto isso, as dez nações que mais poluem no mundo são responsáveis por quase 70% da produção de gases de efeito estufa.

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A pequena participação na emissão de gases que contribuem com o aquecimento global fez com que Quesada afirmasse que espera que o diminuto país centro-americano possa inspirar nações como Estados Unidos, Índia e China a poluírem menos.

Os planos do país

Em fevereiro de 2019, foi publicado o Plano Nacional de Descarbonização da Costa Rica, que traz objetivos a médio e longo prazo envolvendo reformas no transporte, na energia, na administração de resíduos e no uso da terra.

O país se comprometeu a eliminar o consumo de combustíveis fósseis até 2050 -- meta que, se alcançada, tornará a Costa Rica o primeiro país no mundo a zerar suas emissões de carbono. Vale destacar que 99,5% da eletricidade costarriquenha vem de fontes limpas, como energia solar, eólica e principalmente hidrelétrica.

Haverá muitos desafios no caminho, o maior dos quais deve se encontrar no setor de transportes, que concentra 40% das emissões de gases de efeito estufa no país. Para driblar o problema, o Plano Nacional estabelece que, até 2050, todos os táxis e ônibus públicos serão de zero emissão, funcionando à base de biocombustíveis ou de outros substitutos dos combustíveis fósseis. Além disso, planeja-se a instalação de um trem elétrico na capital San José em 2022.

A Costa Rica já conta com descontos nos impostos para quem adotar medidas verdes, como empresas que compram bicicletas para seus funcionários ou pessoas que compram carros elétricos. Há planos de obrigar os municípios a implementarem ciclo faixas em novas vias e de taxar poluidores.

Para cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris, que miram na limitação do aquecimento global a 1,5°C, é preciso fazer muito mais. Segundo o consórcio de pesquisas Climate Action Tracker, apenas dois países aplicaram políticas capazes de efetivar o acordo: Marrocos e Gâmbia. Se a mensagem passada pela Costa Rica for bem recebida, é possível que outras nações comecem a agir de forma mais incisiva no enfrentamento da mudança climática.

E os resultados podem ser ótimos. "Eu imagino uma cidade onde a mobilidade é baseada na energia limpa; uma cidade que aposta na tecnologia, mas prioriza o bem-estar, a liberdade e a privacidade do povo; uma cidade onde se respira ar limpo; uma cidade que administra resíduos de forma sustentável e uma cidade onde você entra em contato com a natureza para encontrar paz", afirmou Carlos Alvarado Quesada.

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