UE: a eventual saída do Reino Unido pode ocorrer em meados de 2019 (Leon Neal/Getty Images)
AFP
Publicado em 1 de março de 2017 às 13h40.
De continuar como atualmente a uma unidade maior, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, prevê cinco cenários para uma União Europeia (UE) sem o Reino Unido, que os países começam a debater em uma reunião em Roma por ocasião do 60º aniversário do projeto europeu.
A seguir, as diferentes opções de Juncker sobre até onde pode caminhar uma União Europeia de 27 países até 2025 e depois da eventual saída do Reino Unido, em meados de 2019, caso os prazos sejam cumpridos:
O primeiro cenário veria a UE continuar com as atuais políticas e, especialmente, o mapa do caminho estabelecido em Bratislava em setembro, pelo qual o novo estímulo que os governantes querem dar ao bloco passaria por reforçar a segurança e a defesa exterior, assim como por garantir a recuperação econômica.
"A unidade da UE a 27 permanece, mas poderia enfrentar em algumas ocasiões grande discussões", destaca o Livro Branco. Entre as possíveis ações, uma cooperação maior na área militar, mas limitada.
Em essência, um retorno ao espírito inicial de um projeto europeu centrado na cooperação econômica no âmbito do mercado único, ante a falta de vontade conjunta para trabalhar de maneira unida em áreas políticas como a migração, a segurança e a defesa, suprimindo algumas políticas atuais.
"Os direitos dos cidadãos derivados da legislação da UE (como a livre circulação dentro do bloco) poderiam ser restringidos com o tempo", afirma o Livro Branco. O aspecto positivo para Juncker seria facilitar a tomada de decisões.
A Europa "a várias velocidades" é uma opção, que parece ter conquistado apoio recentemente nos discursos dos líderes europeus e pela qual cada país poderia escolher sua margem de integração com os sócios, como já aconteceu na zona do euro (19 membros da UE) e o Espaço de Livre Circulação Schengen (22).
Neste cenário, os países que desejarem poderiam avançar para uma cooperação militar e um combate ao terrorismo maiores, assim como em questões econômicas como a harmonia fiscal ou assuntos sociais. Inconvenientes? Os direitos dos cidadãos dependeriam do local onde vivem, aponta o documento.
Os 27 devem concentrar esforços nas áreas que definem como prioritárias, como a inovação tecnológica, o comércio, a segurança ou o controle das fronteiras, deixando para cada governo nacional outras como o desenvolvimento regional ou questões do dia a dia dos cidadãos, como saúde pública ou emprego.
"Uma divisão mais clara das responsabilidades ajuda os cidadãos a compreender melhor o que se administra na UE", mas os 27 poderiam "ter dificuldades para definir que áreas devem priorizar", afirma o relatório da Comissão Europeia.
No último cenário apresentado por Juncker, os países da UE "decidem compartilhar mais poder, recursos e tomada de decisões" em todos os âmbitos, desde a Eurozona até questões de defesa, imigração ou energia, para "enfrentar os desafios do dia a dia".
O Livro Branco adverte, no entanto, para o "risco de alienar partes da sociedade que sentem que falta legitimidade à UE ou que possui muitos poderes em detrimento das autoridades nacionais", um argumento já utilizado por partidos de extrema-direita, que se encontram em alta na Europa.