Começa na Alemanha julgamento de ex-guarda de Auschwitz
O início da audiência será dedicado à ata de acusação contra Reinhold Hanning, cujo julgamento durará ao menos até 20 de maio
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2016 às 09h51.
O julgamento de Reinhold Hanning, 94 anos, ex-guarda do campo de concentração de Auschwitz e acusado de cumplicidade na morte de milhares de pessoas, começou nesta quinta-feira em Detmold, oeste da Alemanha .
Devido à enorme atenção midiática que o caso gera, e ao número de partes civis - 40, procedentes de vários países (Canadá, Israel, Hungria) - o julgamento não é realizado na sede do tribunal e foi transferido à sede da Câmara de Comércio e Indústria, afastada do centro da cidade.
Uma hora antes da abertura do julgamento, 50 pessoas esperavam ante o edifício para poder entrar na sala. Vários carros da polícia, assim como dois agentes a cavalo, estavam presentes no local, constatou um jornalista da AFP.
O início da audiência será dedicado à ata de acusação contra Reinhold Hanning, cujo julgamento durará ao menos até 20 de maio.
O ex-guarda do campo de concentração, cujo estado de saúde lhe permite apenas duas horas de audiência por dia, é acusado de cumplicidade na morte de ao menos 170.000 pessoas entre janeiro de 1943 e julho de 1944.
É passível de três a 15 anos de prisão, uma pena essencialmente simbólica, dada sua idade.
É o terceiro acusado de uma onda de julgamentos tardios, iniciada com a condenação em 2011 de John Demjanjuk, ex-guarda de Sobibor, condenado a cinco anos de prisão.
Este julgamento, que levantou grande interesse, relançou a busca dos últimos nazistas, em uma tentativa de recuperar o tempo perdido após décadas de letargia judicial.
No ano passado, também foi realizado o julgamento de Oskar Groning, ex-contador de Auschwitz. Outros dois antigos membros das SS serão processados no fim de fevereiro em Neubrandenburg (nordeste) e posteriormente em abril em Hanau (oeste).
"A idade não tem nenhuma importância", estimou na imprensa o procurador Andreas Brendel, responsável pela acusação contra Hanning. A justiça alemã "deve às vítimas e aos seus familiares" julgar os crimes do III Reich.
Nunca é tarde
Também se trata de reparar in extremis as "carências da justiça alemã", lembra Christoph Heubner, vice-presidente do Comitê Internacional Auschwitz.
Dos 6.500 SS do campo que sobreviveram à guerra, menos de 50 foram condenados, em um ambiente caracterizado na Alemanha pelo desejo de virar a página, e também devido à forte presença de ex-nazistas na magistratura.
"Este julgamento deveria ter sido realizado há 40 ou 50 anos. Mas nunca é tarde para reviver o que ocorreu", afirmou na véspera do julgamento Justin Sonder, de 90 anos, que perdeu 22 membros de sua família sob o regime nazista e foi deportado aos 17 anos.
Um total de quarenta sobreviventes da Shoah e descendentes destes últimos, que farão a viagem a partir de Israel, Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, se constituíram em parte civil.
Mais de 70 acompanharam no ano passado o julgamento de Groning, que foi condenado a quatro anos de prisão.
Angela Orosz, aposentada canadense de origem húngara de 71 anos, foi um dos dois bebês que sobreviveu a Auschwitz e testemunhará para manter viva a memória das vítimas do Holocausto, e porque acredita que todos os funcionários do campo "contribuíam para a maquinaria de morte".
Não existe nenhuma prova contra Hanning de que tenha cometido um ato criminoso preciso. Ele é acusado de ter feito parte do "funcionamento interno" do campo de Auschwitz, no qual 1,1 milhão de pessoas foram exterminadas, a grande maioria judeus.
Hanning, um jovem funcionário que entrou nas Waffen SS em julho de 1940, foi transferido no início de 1942 a Auschwitz.
Foi membro das Totenkopf, uma unidade das SS cuja insígnia era um crânio, trabalhou no campo de base Auschwitz-I e supervisionava às vezes a chegada de prisioneiros ao campo de Birkenau.
Ainda que tenha a palavra nesta quinta-feira, nada indica que falará. Diferentemente de Oskar Groning, que testemunhou em um texto distribuído aos meios de comunicação para "lutar contra o negacionismo", antes de pedir perdão no julgamento às vítimas, Hanning jamais se referiu em público ao seu passado.
O julgamento de Reinhold Hanning, 94 anos, ex-guarda do campo de concentração de Auschwitz e acusado de cumplicidade na morte de milhares de pessoas, começou nesta quinta-feira em Detmold, oeste da Alemanha .
Devido à enorme atenção midiática que o caso gera, e ao número de partes civis - 40, procedentes de vários países (Canadá, Israel, Hungria) - o julgamento não é realizado na sede do tribunal e foi transferido à sede da Câmara de Comércio e Indústria, afastada do centro da cidade.
Uma hora antes da abertura do julgamento, 50 pessoas esperavam ante o edifício para poder entrar na sala. Vários carros da polícia, assim como dois agentes a cavalo, estavam presentes no local, constatou um jornalista da AFP.
O início da audiência será dedicado à ata de acusação contra Reinhold Hanning, cujo julgamento durará ao menos até 20 de maio.
O ex-guarda do campo de concentração, cujo estado de saúde lhe permite apenas duas horas de audiência por dia, é acusado de cumplicidade na morte de ao menos 170.000 pessoas entre janeiro de 1943 e julho de 1944.
É passível de três a 15 anos de prisão, uma pena essencialmente simbólica, dada sua idade.
É o terceiro acusado de uma onda de julgamentos tardios, iniciada com a condenação em 2011 de John Demjanjuk, ex-guarda de Sobibor, condenado a cinco anos de prisão.
Este julgamento, que levantou grande interesse, relançou a busca dos últimos nazistas, em uma tentativa de recuperar o tempo perdido após décadas de letargia judicial.
No ano passado, também foi realizado o julgamento de Oskar Groning, ex-contador de Auschwitz. Outros dois antigos membros das SS serão processados no fim de fevereiro em Neubrandenburg (nordeste) e posteriormente em abril em Hanau (oeste).
"A idade não tem nenhuma importância", estimou na imprensa o procurador Andreas Brendel, responsável pela acusação contra Hanning. A justiça alemã "deve às vítimas e aos seus familiares" julgar os crimes do III Reich.
Nunca é tarde
Também se trata de reparar in extremis as "carências da justiça alemã", lembra Christoph Heubner, vice-presidente do Comitê Internacional Auschwitz.
Dos 6.500 SS do campo que sobreviveram à guerra, menos de 50 foram condenados, em um ambiente caracterizado na Alemanha pelo desejo de virar a página, e também devido à forte presença de ex-nazistas na magistratura.
"Este julgamento deveria ter sido realizado há 40 ou 50 anos. Mas nunca é tarde para reviver o que ocorreu", afirmou na véspera do julgamento Justin Sonder, de 90 anos, que perdeu 22 membros de sua família sob o regime nazista e foi deportado aos 17 anos.
Um total de quarenta sobreviventes da Shoah e descendentes destes últimos, que farão a viagem a partir de Israel, Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, se constituíram em parte civil.
Mais de 70 acompanharam no ano passado o julgamento de Groning, que foi condenado a quatro anos de prisão.
Angela Orosz, aposentada canadense de origem húngara de 71 anos, foi um dos dois bebês que sobreviveu a Auschwitz e testemunhará para manter viva a memória das vítimas do Holocausto, e porque acredita que todos os funcionários do campo "contribuíam para a maquinaria de morte".
Não existe nenhuma prova contra Hanning de que tenha cometido um ato criminoso preciso. Ele é acusado de ter feito parte do "funcionamento interno" do campo de Auschwitz, no qual 1,1 milhão de pessoas foram exterminadas, a grande maioria judeus.
Hanning, um jovem funcionário que entrou nas Waffen SS em julho de 1940, foi transferido no início de 1942 a Auschwitz.
Foi membro das Totenkopf, uma unidade das SS cuja insígnia era um crânio, trabalhou no campo de base Auschwitz-I e supervisionava às vezes a chegada de prisioneiros ao campo de Birkenau.
Ainda que tenha a palavra nesta quinta-feira, nada indica que falará. Diferentemente de Oskar Groning, que testemunhou em um texto distribuído aos meios de comunicação para "lutar contra o negacionismo", antes de pedir perdão no julgamento às vítimas, Hanning jamais se referiu em público ao seu passado.