Mundo

Combates atingem Iêmen enquanto grupo busca ganhos políticos

Militantes do grupo Houthi enfrentaram guardas na residência particular do presidente do Iêmen e entraram no palácio presidencial, em meio a confrontos em Sana


	Lutador houthi em veículo militar anda em rua que leva ao palácio presidencial durante confrontos em Sanaa, Iêmen
 (Khaled Abdullah/Reuters)

Lutador houthi em veículo militar anda em rua que leva ao palácio presidencial durante confrontos em Sanaa, Iêmen (Khaled Abdullah/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 19h56.

Sanaa - Militantes do grupo Houthi enfrentaram guardas na residência particular do presidente do Iêmen e entraram no palácio presidencial nesta terça-feira, disseram testemunhas, em meio ao segundo dia de violência em Sanaa, o que tem levantado temores de que o país possa mergulhar no caos.

Em discurso ao vivo na TV, o líder do grupo, Abder-Malek al-Houthi, sugeriu que os dois dias de combates envolvendo seus homens, que foram condenados pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, faziam parte de uma tentativa de proteger um acordo de compartilhamento de poder cujo objetivo era devolver a estabilidade ao Iêmen.

O líder do grupo criticou repetidas vezes o presidente iemenita, Abd-Rabbu Mansour Hadi, um aliado dos EUA com quem Houthi tem se desentendido por causa de um novo projeto de Constituição, destinado a ajudar a encerrar décadas de conflito e subdesenvolvimento no país.

Ele disse que ninguém, incluindo Hadi, estava acima de qualquer intervenção quando o assunto era implementar o acordo de compartilhamento de poder, negociado depois que seus homens invadiram Sanaa em setembro. Houthi tem estima pelo acordo, pois ele dá ao seu grupo participação em todos os órgãos civis e militares.

"Nós... não vamos hesitar em impor qualquer medida necessária para implementar a paz e o acordo de parceria", disse Houthi, cujo grupo muçulmano xiita é amplamente considerado um aliado do Irã em sua disputa regional por influência com a Arábia Saudita.

Tensões

A emergência dos houthis como principal fonte de poder no Iêmen em setembro provocou a dissolução de alianças e causou tensão por todo o espectro político da capital iemenita, levantando temores sobre uma instabilidade mais profunda no país, que abriga uma das ramificações mais ativas da Al Qaeda.

A ministra da Informação do Iêmen, Nadia al-Saqqaf, disse que os confrontos na casa de Hadi representavam uma tentativa de golpe contra o governo iemenita, acusação que um representante sênior do grupo Houthi nega.

Os enfrentamentos ocorreram após um dos piores confrontos dos últimos anos em Sanaa, na segunda-feira. Guardas leais a Hadi trocaram tiros de artilharia perto do palácio presidencial com os houthis.

"O presidente iemenita está sob ataque de milícias armadas que buscam derrubar o sistema de governo", disse Saqqaf no Twitter nesta terça-feira à noite.

Moradores disseram mais tarde que os confrontos se acalmaram. Um representante do governo afirmou que duas pessoas morreram.

A ministra não identificou as milícias às quais se referia, mas afirmou que estavam disparando tiros de casas próximas. Hadi mora numa residência particular, e não no palácio presidencial.

Mohammed al-Bukhaiti, integrante do núcleo central do Houthi, disse que o grupo não tinha planos para atacar Hadi.

"Ansarullah não tem intenção de ter o presidente Hadi como alvo em sua casa", disse ele, usando o nome oficial do grupo.

Ele disse que o que aconteceu na casa do presidente foi resultado de uma "provocação" pela segurança de Hadi e que o incidente foi contido.

Em Washington, Valerie Jarrett, uma das principais assessoras de Obama, disse que o presidente dos EUA estava acompanhando a situação em Sanaa.

Acompanhe tudo sobre:Crise políticaIêmenViolência política

Mais de Mundo

Kamala Harris obtém delegados suficientes para confirmar candidatura um dia após Biden desistir

Kamala associa Trump a abusadores e golpistas em 1º comício após desistência de Biden

Kamala bate recorde de doações, conquista delegados e deve fechar nomeação nesta semana

Após fala de Maduro, Lula envia Celso Amorim para acompanhar eleição na Venezuela

Mais na Exame