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Combate a uma ameaça invisível no ar do Rio

O Rio de Janeiro será o segundo estado brasileiro a monitorar partículas ultrafinas de poeira no ar, o tipo mais maléfico ao organismo

Horizonte cinza no Rio: além dos prejuízos ambientais, partículas em suspensão são um dos poluentes mais nocivos à saúde  (.)

Horizonte cinza no Rio: além dos prejuízos ambientais, partículas em suspensão são um dos poluentes mais nocivos à saúde (.)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

São Paulo - Nos grandes centros urbanos são cada vez mais frequentes os dias em que a poluição do ar atinge níveis críticos. O Rio não é exceção. Seja pelo adensamento populacional, pela topografia acidentada ou por possuir a segunda maior frota de veículos e o segundo parque industrial do país, atrás apenas de São Paulo, o estado e, principalmente, a capital carioca  apresentam uma combinação de fatores explosivos para a degradação atmosférica.

Um dos principais vilões do ar fluminense são as chamadas micro partículas de poeira, o tipo mais maléfico ao organismo humano. Medindo apenas 0,0025mm, elas resultam da combustão incompleta de combustíveis fósseis utilizados pelos veículos automotores e formam, por exemplo, a fuligem preta em paredes de túneis e latarias de carros. Dançando no ar, esse material  nem sempre é perceptível a olho nu. Mas pode ser detectado por sistemas especiais.

No país, apenas o estado de São Paulo realiza esse tipo de monitoramento. O segundo estado a fazê-lo é o Rio de Janeiro. A partir desta sexta, 26 estações de monitoramento da qualidade do ar capazes de determinar a concentração desses poluentes na atmosfera começam a ser instaladas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão executivo da Secretaria Estadual do Ambiente em todo o estado, com foco especial na capital, mais urbanizada.   

"Com esses aparelhos  conseguiremos fazer um diagnóstico profundo dos problemas gerados pela poluição e planejar ações de controle", afirma Paulina Porto, gerente de qualidade do ar do Inea. Além do prejuízo ambiental, essas partículas minúsculas representam uma séria ameaça à saúde. De acordo com a OMS, elas são responsáveis por doenças respiratórias, como asmas e bronquites, além de cardiovasculares, como o infarto.

Donas de um tamanho e peso ínfimos, as partículas ultrafinas tendem a se comportar como um gás, e nem sempre se concentram nos locais mais poluídos, como as partículas maiores e mais pesadas. "Enquanto a poeira grossa se amontoa no solo, por causa do peso, as finas se mantém em suspensão e podem ser levadas pelo vento para regiões mais limpas", alerta Paulina. 

A medida vem em tempo. Em maio do ano passado, repórteres da revista VEJA RIO, publicação da Editora Abril, que também edita EXAME, foram às ruas com um aparelho cedido pelo Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP para medir a quantidade de partículas finas inaláveis encontradas no ar da cidade.

Em cada um dos quarenta pontos testados, o equipamento captou, durante cinco minutos, a concentração desse material. Apenas nove ficaram abaixo do índice estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - uma média de 25 microgramas por metro cúbico.

As áreas para instalação das estações de monitoramento ainda estão sendo decididas. Segundo o Inea, farão parte da rede regiões com grande influência de emissões veiculares e industriais, como o Centro do Rio, a Baixada Fluminense e Niterói. Em contra fluxo, uma das estações será implantada no Parque Estadual da Ilha Grande, reserva natural praticamente livre de poluentes. "A idéia é avaliar o que seria a atmosfera do Rio sem esses agentes poluidores", diz Paulina. O projeto será chamado de Estação Branca.

A rede de monitoramento da qualidade do ar do Estado do Rio de Janeiro é composta atualmente por 29 estações automáticas, e por 32 semi-automáticas, que medem gases poluentes e detectam as partículas maiores inaláveis em suspensão. Esse controle começou a ser feito no final da década de 60. Um dos maiores entraves à monitoração de micro particulas tinha relação com o alto custo desses aparelhos, que são importados ao preço médio de Us$50 mil, cada um.

Ainda não há um padrão estadual ou nacional para determinar os limites tolerados para a micro partícula. Para o controle no Rio, segundo Paulina, serão utilizados como parâmetro os valores propostos pela US Environmental Protection Agency, dos Estados Unidos, o mesmo usado em São Paulo, até que haja uma resolução do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente).

 

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