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Com protestos convocados em mais de 300 cidades, María Corina apela para militares da Venezuela

A oposição venezuelana convocou novos protestos após quase três semanas da realização das eleições presidenciais

María Corina: líder da oposição na Venezuela. (Gaby Oraa/Getty Images)

María Corina: líder da oposição na Venezuela. (Gaby Oraa/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 17 de agosto de 2024 às 14h10.

Última atualização em 18 de agosto de 2024 às 14h44.

A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, voltou a apelar às Forças Armadas do país por um "cumprimento estrito de seu dever constitucional" no reconhecimento da vitória do candidato Edmundo González Urrutia nas eleições presidenciais realizadas em 28 de julho.

O novo apelo foi feito em um vídeo publicado nas redes sociais neste sábado, em uma convocação final aos seus aliados para uma jornada de protestos que deve ocorrer em mais de 300 cidades pelo mundo. Atos em apoio ao presidente Nicolás Maduro também são esperados neste sábado.

"Quero falar a cada um dos integrantes das Forças Armadas Nacionais e das forças de segurança: A Venezuela espera de vocês um cumprimento estrito de seu dever constitucional. Foram testemunhas do que se passou no dia 28 de julho e sabem que o povo decidiu pela mudança", afirmou María Corina, em um vídeo divulgado na rede social X.  "Convidamos vocês, os seus familiares, os seus vizinhos a fazerem parte deste movimento imparável que seguirá dia a dia avançando".

A oposição venezuelana convocou novos protestos após quase três semanas da realização das eleições presidenciais, para pressionar pelo reconhecimento das atas recolhidas e divulgadas na sequência do pleito pela oposição, que apontam uma vitória decisiva de González sobre Maduro. Estima-se que mais de 300 cidades devem realizar atos pró-oposição, dentro e fora da Venezuela — com adesão da comunidade no exílio.

Uma série de atos foi confirmadas da Colômbia até a Austrália, passando por Europa, Ásia e Oceania. María Corina afirmou se tratar de um "dia histórico", chamando as manifestações de um "grande protesto mundial pela verdade".

"Temos que nos manter firmes e unidos. Tentam nos assustar, nos dividir, nos paralisar, nos desmoralizar, mas não conseguem porque estão absolutamente entrincheirados em sua mentira, em sua violência, em sua deslegitimidade", disse a líder opositora no vídeo.

Não está claro se María Corina ou González Urrutia participarão da manifestação deste sábado em Caracas. Os dois estão na clandestinidade desde que as autoridades abriram uma investigação criminal contra ambos por "incitação à rebelião", entre outras acusações, pouco depois de o presidente responsabilizá-los por atos de violência e pedir que fossem presos.

A líder opositora participou da última grande manifestação pós-eleições, no dia 3 de agosto. Já González não aparece em público desde 30 de julho.

Manifestações pró-Maduro

O regime chavista também mobilizou forças para demonstrar apoio ao presidente Nicolás Maduro em Caracas. Aliados próximos ao presidente pediram que seus apoiadores saíssem às ruas em resposta aos protestos convocados pela oposição e acionou as forças de segurança e militares do país, que devem ficar em alerta.

"No sábado vamos às ruas em toda a Venezuela, vamos para a rua continuar celebrando a vitória da revolução bolivariana", disse nesta semana o poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello.

Diversos setores do chavismo se manifestaram quase diariamente até o Palácio Presidencial de Miraflores em apoio a Maduro, que afirma que Machado e González Urrutia estão por trás de uma tentativa de golpe de Estado. Em paralelo, as forças de segurança mantém uma campanha violenta contra gestos de apoio à oposição.

O acesso ao imenso bairro de Petare, considerada a maior favela da Venezuela e outrora um reduto chavista, a cerca de 6 km do ponto de concentração opositor, estava sendo vigiado por dois blindados da Guarda Nacional junto a cerca de 40 agentes em motos na manhã deste sábado.

A imprensa local relata desdobramentos semelhantes em outras áreas populares, onde, no dia seguinte à eleição, ocorreram protestos que resultaram em 25 mortes e mais de 2,4 mil detidos, classificados por Maduro como "terroristas".

Maduro foi proclamado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para um terceiro mandato de seis anos, até 2031, com 52% dos votos, cifra que a oposição liderada por María Corina Machado rejeita. A dirigente reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia, e publicou em um site as cópias de mais de 80% das atas de votação, as quais afirma provarem seus argumentos.

O CNE ainda não publicou a contagem detalhada mesa por mesa, alegando que o sistema de votação automatizado foi alvo de um "ataque ciberterrorista". Sobre as cópias das atas eleitorais publicadas na internet pela oposição, o chavismo e o próprio CNE afirmam que os documentos são falsificados (Com AFP e El País).

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