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Com mais poderes, vice venezuelano tem caminho livre

Aos 50 anos, Maduro, que também é chanceler, foi nomeado por Chávez como seu herdeiro político

Nicolas Maduro: Maduro recebeu na quinta-feira o apoio de mais de 20 representantes de governos da região. (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)
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Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2013 às 15h13.

Caracas - Com poderes econômicos delegados pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez , antes de sua hospitalização em Cuba há um mês, aliados as funções de seu cargo, o vice-presidente Nicolás Maduro tem caminho livre para assumir a liderança do governo, que deve se tornar mais coletivo, sem se afastar do caminho traçado pelo governante, acreditam os analistas.

Aos 50 anos, Maduro, que também é chanceler, foi nomeado por Chávez como seu herdeiro político. Ele reforçou a sua autoridade ao receber do presidente poderes econômicos, como o de decretar créditos adicionais ao orçamento nacional e expropriar bens.

Pela "Constituição, o vice-presidente executivo possui poderes muito amplos e a eles se somam as atribuições concedidas por Chávez. Isso permite um gestão bastante ampla", comentou à AFP o cientista político Ricardo Sucre.

Maduro recebeu na quinta-feira o apoio de mais de 20 representantes de governos da região, incluindo o dos presidentes da Bolívia, Evo Morales, do Uruguai, Jose Mujica, e da Nicarágua, Daniel Ortega, durante uma cerimônia nas ruas de Caracas, no dia em que Chávez tomaria posse.

Maduro já havia recebido o apoio do Tribunal Supremos de Justiça, que determinou na quarta-feira a manutenção do governo, com base no "princípio da continuidade administrativa", e que Chávez não deve ser substituído na presidência.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou seu respeito à decisão "dos poderes constitucionais da Venezuela".


Mas este ex-sindicalista de Caracas, que foi presidente do Parlamento, assegura que seu tempo à frente do país vai durar apenas enquanto o presidente se recupera em Cuba de um quadro de "insuficiência respiratória", após ter sido submetido a uma quarta cirurgia contra o câncer há um mês.

"Na Venezuela, temos um único presidente e se chama Hugo Chávez, temos apenas um comandante-em-chefe, somos simples homens e mulheres do povo que estão aqui para acompanhá-lo e trabalhar com ele", declarou Maduro aos partidários de Chávez na quinta-feira.

Analistas concordam que o símbolo de Chávez como presidente servirá para manter a unidade dentro do chavismo, onde coexistem militares nacionalistas e membros da esquerda alinhados com a revolução cubana.

Até o momento, Maduro tentou imitar a retórica do presidente, com ataques verbais contra a oposição, acusando-a de tentativa de golpe.

"A estratégia do partido é a de manter o status quo até que Chávez desapareça completamente, com a morte, ou, por algum milagre, até que volte para a política", considerou o analista político Angel Alvarez.

Para Alvarez, professor da Universidade Central da Venezuela (UCV), quem "diz que governa em nome de Chávez alcança maior legitimidade no Partido" Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder) e nas bases chavistas.


Ainda assim, Maduro precisará defender a sua posição nas eleições fixadas em 30 dias pela Constituição, caso a ausência absoluta de Chávez seja confirmada, por renúncia ou morte, entre outros fatores.

Mas, na ausência da figura carismática de Chávez, Maduro terá que contar com uma liderança mais coletiva, apoiada pelos ministros, o PSUV e os 20 governadores do partido governista eleitos regionalmente.

"Será um governo menos personalista, porque (Maduro) não tem o carisma de Chávez. Será um governo do partido e das forças armadas, mais empresarial e menos pessoal", aponta Alvarez.

"A doença de Chávez leva a uma liderança mais coletiva e partilhada", concorda Alexander Luzardo, doutor em direito político e professor da UCV.

Este ano trará outros grandes desafios. Especialistas consideram que o déficit fiscal obrigará o governo a desvalorizar o bolívar e a cortar gastos públicos, o que pode afetar o apoio das classe mais pobres, acostumadas aos subsídios do governo, em meio à problemas recorrentes, como a escassez de alguns alimentos.

Apesar disso, os analistas acreditam que será difícil Maduro mudar a direção estratégica do governo, mantendo as medidas econômicas, nacionalizações e pesados gastos com programas sociais financiados pelas receitas do petróleo.


"Maduro era de esquerda quando Chávez não era", ressalta Álvarez.

Apesar de no início deste mês ter confirmado os contatos com os Estados Unidos e afirmar que as relações diplomáticas bilaterais podem ser regularizadas com o tempo, o vice-presidente deixou claro que os dois países têm "critérios absolutamente conflitantes".

O líder da oposição Henrique Capriles, que perdeu a eleição presidencial para Chávez em outubro, desafiou Maduro a "governar imediatamente".

Mais cedo, em sua conta no Twitter, Capriles afirmou que Maduro "não aguentaria muitos rounds em uma corrida presidencial", referindo-se ao desejo de Chávez de que seja o candidato oficial.

Neste cenário, os especialistas também dizem que, se a ausência de Chávez for prolongada, a posição de Maduro poderia desmoronar.

"Em alguns meses as pessoas vão voltar a perguntar o que está acontecendo com Chávez (...) e a eleição pela ausência completa de Chávez vai acontecer", afirma Sucre.

A porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Victoria Nuland, afirmou na quinta-feira: "Como todos, estamos esperando qual será o próximo passo no processo político venezuelano".

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Aos 50 anos, Maduro, que também é chanceler, foi nomeado por Chávez como seu herdeiro político. Ele reforçou a sua autoridade ao receber do presidente poderes econômicos, como o de decretar créditos adicionais ao orçamento nacional e expropriar bens.

Pela "Constituição, o vice-presidente executivo possui poderes muito amplos e a eles se somam as atribuições concedidas por Chávez. Isso permite um gestão bastante ampla", comentou à AFP o cientista político Ricardo Sucre.

Maduro recebeu na quinta-feira o apoio de mais de 20 representantes de governos da região, incluindo o dos presidentes da Bolívia, Evo Morales, do Uruguai, Jose Mujica, e da Nicarágua, Daniel Ortega, durante uma cerimônia nas ruas de Caracas, no dia em que Chávez tomaria posse.

Maduro já havia recebido o apoio do Tribunal Supremos de Justiça, que determinou na quarta-feira a manutenção do governo, com base no "princípio da continuidade administrativa", e que Chávez não deve ser substituído na presidência.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou seu respeito à decisão "dos poderes constitucionais da Venezuela".


Mas este ex-sindicalista de Caracas, que foi presidente do Parlamento, assegura que seu tempo à frente do país vai durar apenas enquanto o presidente se recupera em Cuba de um quadro de "insuficiência respiratória", após ter sido submetido a uma quarta cirurgia contra o câncer há um mês.

"Na Venezuela, temos um único presidente e se chama Hugo Chávez, temos apenas um comandante-em-chefe, somos simples homens e mulheres do povo que estão aqui para acompanhá-lo e trabalhar com ele", declarou Maduro aos partidários de Chávez na quinta-feira.

Analistas concordam que o símbolo de Chávez como presidente servirá para manter a unidade dentro do chavismo, onde coexistem militares nacionalistas e membros da esquerda alinhados com a revolução cubana.

Até o momento, Maduro tentou imitar a retórica do presidente, com ataques verbais contra a oposição, acusando-a de tentativa de golpe.

"A estratégia do partido é a de manter o status quo até que Chávez desapareça completamente, com a morte, ou, por algum milagre, até que volte para a política", considerou o analista político Angel Alvarez.

Para Alvarez, professor da Universidade Central da Venezuela (UCV), quem "diz que governa em nome de Chávez alcança maior legitimidade no Partido" Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder) e nas bases chavistas.


Ainda assim, Maduro precisará defender a sua posição nas eleições fixadas em 30 dias pela Constituição, caso a ausência absoluta de Chávez seja confirmada, por renúncia ou morte, entre outros fatores.

Mas, na ausência da figura carismática de Chávez, Maduro terá que contar com uma liderança mais coletiva, apoiada pelos ministros, o PSUV e os 20 governadores do partido governista eleitos regionalmente.

"Será um governo menos personalista, porque (Maduro) não tem o carisma de Chávez. Será um governo do partido e das forças armadas, mais empresarial e menos pessoal", aponta Alvarez.

"A doença de Chávez leva a uma liderança mais coletiva e partilhada", concorda Alexander Luzardo, doutor em direito político e professor da UCV.

Este ano trará outros grandes desafios. Especialistas consideram que o déficit fiscal obrigará o governo a desvalorizar o bolívar e a cortar gastos públicos, o que pode afetar o apoio das classe mais pobres, acostumadas aos subsídios do governo, em meio à problemas recorrentes, como a escassez de alguns alimentos.

Apesar disso, os analistas acreditam que será difícil Maduro mudar a direção estratégica do governo, mantendo as medidas econômicas, nacionalizações e pesados gastos com programas sociais financiados pelas receitas do petróleo.


"Maduro era de esquerda quando Chávez não era", ressalta Álvarez.

Apesar de no início deste mês ter confirmado os contatos com os Estados Unidos e afirmar que as relações diplomáticas bilaterais podem ser regularizadas com o tempo, o vice-presidente deixou claro que os dois países têm "critérios absolutamente conflitantes".

O líder da oposição Henrique Capriles, que perdeu a eleição presidencial para Chávez em outubro, desafiou Maduro a "governar imediatamente".

Mais cedo, em sua conta no Twitter, Capriles afirmou que Maduro "não aguentaria muitos rounds em uma corrida presidencial", referindo-se ao desejo de Chávez de que seja o candidato oficial.

Neste cenário, os especialistas também dizem que, se a ausência de Chávez for prolongada, a posição de Maduro poderia desmoronar.

"Em alguns meses as pessoas vão voltar a perguntar o que está acontecendo com Chávez (...) e a eleição pela ausência completa de Chávez vai acontecer", afirma Sucre.

A porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Victoria Nuland, afirmou na quinta-feira: "Como todos, estamos esperando qual será o próximo passo no processo político venezuelano".

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