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Com lágrimas e aplausos, Parlamento Europeu ratifica acordo do Brexit

Após um debate emotivo, os parlamentares da UE aprovaram o acordo do Brexit, mais de três anos desde que os britânicos votaram pela saída do bloco

Brexit: processo de saída do Reino Unido da UE começou em 2016 (Francois Lenoir/Reuters)

Brexit: processo de saída do Reino Unido da UE começou em 2016 (Francois Lenoir/Reuters)

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Reuters

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 17h55.

Bruxelas — O Parlamento Europeu deu a aprovação final ao divórcio entre Reino Unido e União Europeia, nesta quarta-feira, abrindo caminho para o país deixar o bloco na sexta-feira depois de quase meio século e impondo um grande revés à integração europeia.

Após um debate emotivo durante o qual vários discursantes choraram, os parlamentares da UE aprovaram, por 621 votos a 49, o acordo do Brexit selado entre o Reino Unido e os outros 27 países-membros em outubro passado, mais de três anos desde que os britânicos votaram pela saída do bloco.

Treze parlamentares se abstiveram, e a Casa então começou a cantar "Auld Lang Syne" ("Valsa da Saudade" numa versão em português), uma canção tradicional escocesa de despedida. Os 73 parlamentares britânicos que agora deixam a UE partiram para uma celebração de "Au Revoir" (Adeus) após a votação.

Mais cedo nesta quarta-feira, num cenário de bandeiras britânicas e da UE na sede do bloco em Bruxelas, o embaixador britânico na UE, Tim Barrow, entregou documentos formalizando o Brexit a um funcionário de alto escalão da UE.

Após prolongadas negociações de divórcio, o Reino Unido deixará o clube em que ingressou em 1973, à meia-noite de sexta-feira no horário de Bruxelas (20h de quinta-feira em Brasília) ,quando as bandeiras britânicas serão removidas dos escritórios da UE e a bandeira da UE retirada das instalações britânicas de lá.

Com um período de transição do status quo decorrendo apenas até o final do ano, novas negociações --englobando tudo, do comércio à segurança-- começarão em breve sob um novo relacionamento.

"Estamos considerando um acordo de livre comércio com tarifa zero e cotas zero. Mas a precondição é que as empresas da UE e do Reino Unido continuem a competir em igualdade de condições. Certamente não vamos expor nossas empresas à concorrência desleal", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Parlamento.

O negociador-chefe da UE, Michel Barnier, disse aos embaixadores dos 27 membros restantes na quarta-feira que um acordo de associação amplo, como a UE tem com a Ucrânia, deve servir de base para novas relações, disseram fontes diplomáticas.

Sem volta

Em seu último dia de trabalho como membro do Parlamento Europeu, onde liderava campanha pelo Brexit, Nigel Farage disse a repórteres que "não há volta" para o Reino Unido.

"O Reino Unido não se encaixava, estaremos melhor fora", disse ele, descrevendo o euroceticismo como uma visão estabelecida no Reino Unido, onde o "Leave" (sair) venceu no referendo de 2016 com uma margem estreita de 52% a 48%.

Enquanto Farage sorria e os parlamentares do Partido Brexit acenavam com adeus, sua compatriota socialista Jude Kirton-Darling foi às lágrimas.

"Provavelmente é o dia mais triste da minha vida até agora. O Brexit é algo que ataca a base da nossa identidade", disse Kirton-Darling, que planeja ficar em Bruxelas com seu marido belga.

Guy Verhofstadt, um parlamentar liberal da Bélgica e entusiasta da ideia de Europa, lamentou o Brexit como um desastre histórico: "É triste ver um país que duas vezes nos libertou, duas vezes deu seu sangue para libertar a Europa, saindo."

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