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Três meses após George Floyd, novos protestos nos EUA pressionam Trump

Ao menos uma pessoa morreu em protestos hoje. Enquanto isso, no terceiro dia da convenção republicana, Mike Pence terá de fazer frente a Kamala Harris

Protestos em Kenosha, no Wisconsin, nesta madrugada: pressão adicional sobre a convenção republicana (Stephen Maturen/Reuters)

Protestos em Kenosha, no Wisconsin, nesta madrugada: pressão adicional sobre a convenção republicana (Stephen Maturen/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 26 de agosto de 2020 às 06h30.

Última atualização em 26 de agosto de 2020 às 09h15.

Em 25 de maio deste ano, George Floyd, de 46 anos, era morto ao ser enforcado com o joelho por um policial branco em Minneapolis, no estado do Minnesota. Neste domingo, 23, o jovem Jacob Blake, de 29 anos, foi deixado paraplégico na cidade de Kenosha, no Wisconsin, ao receber tiros de policiais enquanto caminhava para seu carro, onde estavam três de seus filhos que o viram ser baleado.

O caso de Floyd desencadeou uma das maiores ondas de protestos antirracistas da história dos Estados Unidos. E o novo episódio de violência policial com Blake já desencadeou novos atos desde domingo -- nesta madrugada, ao menos uma pessoa foi morta em embates com policiais nos protestos em Kenosha e outras duas levaram tiros. Os atos também pode ganhar força em outros lugares do país nos próximos dias.

É nesse clima que a convenção do Partido Republicano caminha para o terceiro e penúltimo dia, com discurso do vice-presidente Mike Pence. Como nos protestos após a morte de Floyd, que o presidente Donald Trump criticou, o caso de Blake se soma a mais uma tratégia infeliz em meio à campanha de reeleição do mandatário.

E, no caso de Pence, cujo foco nas questões raciais nunca foi tão forte, a pressão aumenta por parte de uma parcela do eleitorado para que os republicanos se posicionem. Do outro lado do espectro, ele tem como "concorrente" a vice dos Estados Unidos a senadora Kamala Harris, vice da chapa de Joe Biden e escolhida em partes por ser uma mulher negra e com defesa de igualdade e justiça racial no sistema carcerário em seu tempo como procuradora.

A escolha de Harris -- e os tempos vividos pelos EUA, de coronavírus e desemprego aos protestos -- tornaram o papel do vice um pouco mais que de mero coadjuvante nesta eleição. Os vices, dessa vez, apareceram muito mais do que os de Hillary Clinton e Donald Trump (o próprio Pence, na ocasião) em 2016.

Soma-se aos protestos o simbolismo dos dois principais eventos desta semana nos EUA. Tanto o Wisconsin, palco da tragédia com Blake, quanto a Carolina do Norte, onde acontece de forma parcialmente presencial a convenção republicana, são estados-pêndulo, às vezes democratas, às vezes republicanos. Trump precisa vencer justamente nesses lugares para conseguir a presidência. No primeiro, perde para Biden nas pesquisas, e na Carolina do Norte, está virtualmente empatado ou com pequena vantagem sobre o rival.

Ontem, no segundo dia da convenção, a primeira-dama Melania Trump não citou Blake diretamente, mas falou dos protestos antirracistas de Floyd e pediu às pessoas para parar com episódios de violência e disse que os americanos nunca devem julgar ninguém com base na cor da pele. A ver se as questões raciais vão aparecer na fala de Pence e de Trump (que encerra o evento republicano amanhã) nesses últimos dias de convenção republicana. O tema fica cada vez mais inevitável.

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