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Coalizão de esquerda na Espanha rompe e incerteza política aumenta

Caso os partidos de esquerda não conseguirem formar maioria no Parlamento, eles podem ser obrigados a convocar novas eleições

Espanha: o debate no Congresso para confirmar Sánchez como chefe do governo começará na segunda-feira, 22 de julho (Francois Lenoir/Reuters)

Espanha: o debate no Congresso para confirmar Sánchez como chefe do governo começará na segunda-feira, 22 de julho (Francois Lenoir/Reuters)

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EFE

Publicado em 15 de julho de 2019 às 11h32.

Madri — O presidente do governo interino da Espanha e candidato à reeleição, o socialista Pedro Sánchez, deu por encerradas nesta segunda-feira as negociações com a coalizão esquerdista Unidos Podemos (UP), o que aumenta a incerteza em torno do debate de posse que acontecerá na próxima semana no Congresso.

Quase três meses depois das eleições de 28 de abril, nas quais o Partido Socialista (PSOE) de Sánchez saiu vencedor, mas sem maioria para governar sozinho, a formação de um governo segue bloqueada devido à complicada situação após os pleitos, com o Congresso mais dividido dos últimos 40 anos.

O líder socialista considerou, em entrevista nesta segunda-feira, que o dirigente do UP, Pablo Iglesias, rompeu de maneira "unilateral" com as negociações que aconteciam há semanas quando considerou uma "idiotice" a última proposta de Sánchez para incluir em um futuro governo pessoas da órbita do Podemos, mas mantendo a rejeição a uma coalizão.

Além disso, o Podemos lançou na sexta-feira uma consulta em suas bases para tentar determinar o grau de apoio a um pacto com os socialistas.

Sánchez considerou que essa consulta está "truncada", já que a pergunta sobre a qual os inscritos no UP devem se pronunciar não se refere à última oferta socialista.

Segundo o chefe do governo interino, a única coisa que Iglesias pretende é justificar seu voto negativo junto com "a extrema-direita" no debate de posse da próxima semana, igual quando o Podemos votou contra Sánchez na posse de março de 2016 e permitiu que o conservador Mariano Rajoy continuasse como presidente do Executivo.

O PSOE ganhou as eleições de abril com 123 cadeiras em um Congresso de 350 deputados, razão pela qual Sánchez necessita fazer alianças para continuar como presidente do governo, mas um eventual pacto com o UP (42 deputados) também não é suficiente.

Desde os pleitos, as discussões entre Sánchez e Iglesias se centraram na tentativa do primeiro em configurar um Executivo monocolor com apoio do UP e outros pequenos partidos regionalistas e nacionalistas, enquanto Iglesias insiste em fazer parte de um governo de coalizão.

Sánchez enfatizou hoje que o interesse de Iglesias é conseguir ministérios ao invés de pactuar primeiro um programa governamental com medidas de esquerda.

O debate no Congresso para confirmar Sánchez como chefe do governo começará na segunda-feira, 22 de julho, e a primeira votação será um dia depois.

Caso o líder socialista não seja eleito por maioria absoluta (176 votos), haverá uma segunda votação no dia 25, na qual será necessária apenas uma maioria simples (mais sim do que não).

Se persistir o bloqueio, a Espanha poderá ser ver obrigada a realizar uma repetição das eleições, o que provavelmente seria marcado para novembro.

O país já viveu essa situação depois dos pleitos de dezembro de 2015, nos quais o conservador Partido Popular (PP) ganhou, mas não conseguiu maioria suficiente para formar um governo e foi preciso repetir as eleições em junho de 2016.

Sánchez deve tentar pactuar com o Unidos Podemos porque a outra opção hipotética, os liberais dos Ciudadanos, disseram desde o princípio que não negociariam com os socialistas e, em governos regionais e câmaras municipais, preferiram pactuar com o PP e o ultradireitista Vox.

Fontes do Unidos Podemos mostraram surpresa pelas declarações de Sánchez e defenderam a consulta interna às suas bases por motivos de "saúde democrática".

Por sua vez, o chefe do governo interino apelou de novo para que PP e Ciudadanos se abstenham na próxima semana, já que a opção de Sánchez é a única que pode ter sucesso, uma vez que os três partidos de direita estão longe da maioria.

No entanto, esse pedido voltou a ser ignorado. O secretário-geral do PP, Teodoro García, disse hoje que sua legenda mantém o "não a Pedro Sánchez" e que está "preparada" para novas eleições.

Por sua vez, o secretário-geral do Ciudadanos, José Manuel Villegas, considerou "preocupante" que Sánchez não tenha alcançado "nem um voto a mais" desde que ganhou as eleições há quase três meses, razão pela qual criticou "a atitude" do líder socialista e pediu que negocie com o UP.

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