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Clube de golfe de Trump sediará próxima cúpula do G7

Sugestão de Trump na última cúpula do G7 provocou uma onda de críticas e perguntas sobre possíveis conflitos de interesse

Trump: a próxima cúpula do G7 acontecerá na Flórida em 2020 (Tom Pennington / Equipa/Getty Images)
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EFE

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 14h35.

Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 16h59.

Washington — A Casa Branca anunciou nesta quarta-feira que a próxima cúpula de líderes do G7 será realizada em junho de 2020 em um clube de golfe em Miami, na Flórida, que pertence ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump .

Apesar da polêmica, já que a decisão pode beneficiar financeiramente o grupo empresarial de Trump, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, explicou que o clube de golfe foi o melhor avaliado entre os 12 locais pré-escolhidos por assessores do governo americano.

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"A cúpula do G7 será realizada de 10 a 12 de junho no Trump National Doral em Miami, na Flórida. Doral era de longe o melhor complexo para receber essa reunião. É quase como se tivesse construído para isso", disse Mulvaney em entrevista coletiva concedida na Casa Branca

Trump já havia sido criticado por especialistas em ética e conflitos de interesse em agosto, quando antecipou que desejava organizar a reunião do G7 em seu próprio clube de golfe.

A presidência rotativa do bloco passou para os Estados Unidos após a cúpula realizada em Biarritz, na França.

Especialistas consultados pela Agência Efe consideram que a pressão do presidente para organizar a cúpula no local é o exemplo mais flagrante até o momento da tendência de Trump em se envolver em conflitos de interesse.

A situação se agrava porque o clube de Doral teve uma queda de 69% em seu faturamento nos últimos anos.

"Realizar o G7 no clube de Doral significa que seis governos estrangeiros pagarão grandes somas de dinheiro para os líderes de seus países irem a um lugar que beneficia financeiramente de forma pessoal o presidente dos EUA", explicou a pesquisadora Liz Hempowicz, do Project on Government Oversight, em entrevista à Efe.

Para a especialista, esta é uma violação clara da Cláusula de Emolumentos Estrangeiros da Constituição dos EUA, que impede qualquer pessoa com funções públicas de receber presentes ou pagamentos de figuras estrangeiras.

Mulvaney argumentou que a cláusula de emolumentos não está sendo desrespeitada porque Trump não se beneficiará "de nenhum modo" da realização do G7 no clube. Segundo o chefe de gabinete da Casa Branca, organizar o evento em Doral será "milhões de dólares" mais barato que em outras instalações avaliadas pelas equipes do governo.

No entanto, para o grupo independente Cidadãos pela Responsabilidade e pela Ética em Washington (Crew), a decisão é uma prova que "o presidente está o usando o poder de seu cargo para ajudar a salvar seus decadentes negócios relacionados com o golfe".

"Não há dúvidas que o governo dos EUA está sendo usado como uma filial de marketing da Trump Organization", disse o diretor do Crew, Noah Bookbinder, em comunicado.

Após vencer as eleições de 2016, Trump cedeu aos seus dois filhos homens o controle da Trump Organization, mas não se afastou totalmente dos negócios e se envolveu em vários casos que sugerem conflitos de interesse para beneficiar sus empresas.

Na coletiva de hoje, Mulvaney não descartou que Trump convide para a cúpula o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo ele, o presidente americano pensa que está na hora de os russos voltarem ao grupo de países mais industrializados do mundo após a exclusão em 2014 devido à anexação da península ucraniana da Crimeia.

"Essa decisão será tomada mais tarde", afirmou Mulvaney.

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