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Cinco anos depois, clamor por libertação de meninas de Chibok permanece

Sequestro de 276 meninas na Nigéria fez aniversário, e famílias pedem que o grupo terrorista Boko Haram devolva as 112 garota que continuam em cativeiro

Rebecca Samuel, mãe de Saraha Samuel, uma das garotas de Chibok (Afolabi Sotunde/Reuters)

Rebecca Samuel, mãe de Saraha Samuel, uma das garotas de Chibok (Afolabi Sotunde/Reuters)

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EFE

Publicado em 14 de abril de 2019 às 16h38.

Abuja — Os pais das 112 adolescentes que continuam desaparecidas desde foram sequestradas por terroristas do Boko Haram há cinco ano em Chibok, no nordeste da Nigéria, mantêm a mesma reivindicação: "Nos devolvam as meninas".

"Passaram cinco anos desde o sequestro das 276 meninas de Chibok e 112 continuam em cativeiro. A nossa reivindicação é a mesma de cinco anos atrás: nos devolvam às nossas meninas vivas e agora", pediu o movimento #BringBackOurGirls ("Tragam de volta nossas meninas") neste domingo, 14.

Com o título "Agonia das meninas de Chibok: a vergonha de uma nação", a organização realizou neste domingo a terceira leitura anual em lembrança dos cinco anos do caso, assim como um encontro na Unity Fountain, monumento em um conhecido parque de Abuja, capital nigeriana. Também estão previstos atos para Lagos, uma das principais cidades da Nigéria, Londres (Reino Unido) e Nova York (Estados Unidos).

"Cinco anos se passaram. Cinco anos de profunda agonia. E as nossas 112 meninas de Chibok ainda não voltaram. Cinco anos de tragédia nos quais o presidente (nigeriano, Muhammadu Buhari) continua falhando com elas e com os pais. Isto é uma grande vergonha e não devemos esquecer jamais", escreveu Oby Ezekwesili, uma das fundadora do "Bring Back Our Girls", no Twitter.

No dia 14 de abril de 2014, 276 meninas foram sequestradas em uma escola da cidade de Chibok, no estado de Borno, pelo grupo jihadista Boko Haram, que desde 2009 causou mais de 20 mil mortes e cerca de 2 milhões de deslocamentos forçados.

No começo, poucos acreditaram na notícia, pensando que pudesse ser uma estratégia eleitoral para o pleito presidencial de 2015, mas tudo mudou quando o Boko Haram - até então um grupo quase desconhecido fora da Nigéria - publicou um vídeo com as adolescentes. A partir daí, figuras internacionais, como a então primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, e celebridades de Hollywood fizeram uma campanha que viralizou nas redes sociais com a hashtag #BringBackOurGirls. O caso colocava, aos olhos do Ocidente, o Boko Haram no mapa.

Das 276 jovens - depois que 56 conseguiram escapar e 100 foram soltas em troca de prisioneiros - acredita-se que pelo menos 112 continuem reféns, em um clima que transita entre a indignação das famílias e o silêncio ensurdecedor do governo.

O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, também usou o Twitter para se pronunciar sobre o tema. Ele afirmou que continuará trabalhando até que todas as meninas possam reencontrar suas famílias.

"Nós não vamos desistir de nossas filhas desaparecidas e de todas as outras pessoas mantidas como reféns pelo Boko Haram. Nos últimos quatro anos, nossas agências de segurança resgataram com sucesso milhares sequestrados e não pararemos até que todos estejam livres", declarou o governante.

A Anistia Internacional (AI) fez um apelo neste domingo para que o Boko Haram "ponha fim ao sofrimento das 112 meninas restantes e que as liberte imediatamente, junto com as demais pessoas que estão sequestradas". A organização também pediu um aumento dos esforços de resgate de vítimas de sequestros "menos midiáticos".

A porta-voz da organização "Bring Back Our Girls", Nifemi Onifade, disse em entrevista à Agência Efe que espera que cada uma das meninas de Chibok volte para retomar à vida e que seu grupo continuará pressionando o governo da Nigéria "para que assuma a sua responsabilidade e cumpra com as obrigações".

"A informação vinda do governo da Nigéria é mais ou menos um silêncio de morte. Não recebemos nada em absoluto, salvo algum comunicado esporádico no qual dizem que estão trabalhando na situação ou que as meninas não foram esquecidas", afirmou ela.

Seja qual for o caminho, para os pais, que há cinco anos esperam, o começo de mais um dia longe delas só significa que suas vidas permanecem em perigo, cientes de que muitas são obrigadas a se casar com os terroristas, ter filhos e, até, cometer atentados.

"Trazer estas meninas de volta é o único que importa para a gente", enfatizou Onifade.

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