Mundo

CIJ não agirá contra Índia e Paquistão sobre corrida nuclear

As Ilhas Marshall apresentaram demandas contra Índia, Paquistão e Grã-Bretanha, acusando os países de não terem abandonado a corrida pelas armas nucleares


	Testes nucleares: a CIJ deve decidir também sobre a denúncia apresentada contra o Reino Unido
 (Wikimedia Commons/Divulgação)

Testes nucleares: a CIJ deve decidir também sobre a denúncia apresentada contra o Reino Unido (Wikimedia Commons/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2016 às 10h30.

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) se declarou nesta quarta-feira incompetente na denúncia das Ilhas Marshall contra Índia e Paquistão, acusados pelo arquipélago de não terem abandonado a "corrida" pela bomba atômica.

Nesta quarta-feira, a CIJ, que tem sede em Haia, deve decidir também sobre a denúncia apresentada contra o Reino Unido.

Os 16 juízes da CIJ votaram de maneira dividida: nove se pronunciaram a favor de declarar a corte incompetente e sete pensavam o contrário.

As Ilhas Marshall, arquipélago de 55.000 habitantes apresentou demandas contra Índia, Paquistão e Grã-Bretanha. O país acusou estes países de não terem abandonado a corrida pelas armas nucleares.

Inicialmente, o objetivo das Ilhas Marshall era ainda mais ambicioso, pois a demanda incluía China, França, Coreia do Norte, Rússia, Estados Unidos e Israel, apesar deste país nunca ter confirmado possuir armamento atômico.

Mas o processo só pode seguir adiante se os países objeto da ação reconhecem a autoridade da CIJ na questão.

As Ilhas Marshall têm uma dolorosa relação com as armas atômicas. O arquipélago é um dos poucos países que podem falar com conhecimento de causa de seu impacto.

Entre 1946 e 1958, o governo dos Estados Unidos testou 67 armas nucleares de diferentes potências nos atóis de Bikini e Enewetak, quando as Ilhas Marshall estavam sob administração americana.

A bomba de hidrogênio Castle Bravo, testada em 1954, é considerada mil vezes mais potente que a bomba atômica lançada sobre Hiroshima em 1945.

Muitos moradores foram retirados de suas terras e milhares de pessoas se viram expostas aos efeitos radioativos.

"Várias ilhas foram destruídas ou se tornaram inabitáveis por milhares de anos", afirmou em Haia o ex-chanceler Tony deBrum.

DeBrum iniciou o processo na CIJ em 2014, com a ajuda da Nuclear Age Peace Foundation, associação com sede na Califórnia.

Por este motivo teve o nome apresentado como um candidato ao prêmio Nobel da Paz de 2016.

Mas alguns moradores das ilhas consideravam o processo desnecessário por não ter relação com as verdadeiras reivindicações das vítimas: indenizações maiores, um sistema de saúde melhor e a limpeza dos locais afetados para que voltem a ser habitáveis.

Acompanhe tudo sobre:Armas químicasÁsiaÍndiaPaquistãoTestes nucleares

Mais de Mundo

As vitórias e derrotas de Musk desde a eleição de Donald Trump

Avião da Embraer foi derrubado por sistema de defesa aérea russo, diz agência

FAB deve auxiliar autoridades do Cazaquistão sobre queda de avião fabricado pela Embraer

Trump anuncia embaixador no Panamá e insiste que EUA estão sendo 'roubados' no canal