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Cidade síria sinônimo de férias se transforma em terra do exílio

A população de Latakia quase dobrou desde a chegada dos deslocados

Deslocados: novos empregos e casas destruídas em suas cidades de origem atrasam retorno. (Abdalrhman Ismail/Reuters)

Deslocados: novos empregos e casas destruídas em suas cidades de origem atrasam retorno. (Abdalrhman Ismail/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de julho de 2017 às 10h04.

Desde o fim dos combates em Aleppo, nenhum deslocado da cidade procurou Saer Daqaq para solicitar um apartamento para alugar à beira-mar em Latakia, considerada a cidade mais segura da Síria na guerra.

Na "praia azul", setor norte de Latakia, os blocos de apartamentos abrigam há muito tempo milhares de cidadãos de Aleppo, que fugiram dos combates na ex-capital econômica do país.

Eles eram tão numerosos que os próprios deslocados batizaram o bairro como a "praça dos alepinos". Mas desde a reconquista pelo exército sírio da totalidade de Aleppo, em dezembro do ano passado, a demanda de aluguel desabou e os deslocados são menos visíveis.

De acordo com estimativas do governo de Latakia, mais de 30% dos 700.000 deslocados da cidade e da província de Aleppo já abandonaram a localidade costeira.

Muitos, no entanto, permaneceram porque têm negócios ou trabalho na região, ou porque suas casas foram totalmente destruídas em Aleppo.

"Há seis meses nenhuma família de Aleppo aluga apartamentos por um mês ou por um ano", explica Daqaq, de 42 anos.

A população de Latakia quase dobrou desde a chegada dos deslocados, procedentes de todas as regiões da Síria, mas especialmente de Aleppo.

A economia deste reduto leal ao regime sírio, que conta sobretudo com a arrecadação do porto e das praias no verão, foi dinamizada graças aos alepinos, que abriram pequenas e médias empresas na localidade.

Os negócios incluem ateliês de costura, produção de calçados, vestidos, comércios diversos. Alguns compraram terrenos ou fábricas.

Mas não são apenas os negócios que prendem os deslocados em Latakia, já que muitos deles viram suas casas destruídas em suas cidades de origem.

Em seu modesto apartamento, Um Mohamad recorda com emoção de sua casa em Aleppo, situada no ex-reduto rebelde da cidade.

"Agora está em ruínas", disse a mulher, a respeito da casa com cinco quartos.

"Meus filhos viajaram para inspecionar a casa. Viram o teto literalmente desabado sobre os móveis. Não dá mais para viver lá", completou Um Mohamad, que não retorna a Aleppo há quatro anos e meio.

Para muitos, a província de Latakia era sinônimo de férias de família, mas agora se tornou a terra do exílio.

Um Qassem, outra ex-moradora de Aleppo, tem uma percepção similar.

"Fui inspecionar a casa, mas não resta nenhum quarto onde dormir e tudo foi saqueado. Se retornarmos, nós seremos obrigados a começar do zero", disse a mulher, cercada pelos quatro filhos.

Com aluguéis que oscilam entre 50 e 100 dólares por mês - quantia considerável atualmente para um sírio -, a família sobrevive com a ajuda do filho que é dono de um ateliê de costura e com as filhas que trabalham no consultório de um dentista.

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