O balanço mais recente do desastre é de 268 mortos, 1.000 feridos e 151 desaparecidos (AFP/AFP Photo)
AFP
Publicado em 23 de novembro de 2022 às 10h42.
Desabrigados pelo terremoto que deixou ao menos 268 mortos na Indonésia solicitavam, nesta quarta-feira (23), todo tipo de ajuda aos serviços de emergência, que enfrentam dificuldades para encontrar sobreviventes devido a tremores secundários e fortes chuvas.
As autoridades alertaram que os escombros precisam ser removidos com urgência na cidade de Cianjur, a mais atingida pelo terremoto, devido a possíveis enchentes e deslizamentos de terra que podem ser desencadeados por fortes chuvas esperadas para os próximos dias.
Um terremoto de 5,6 graus de magnitude atingiu a província de Java Ocidental, a mais populosa do arquipélago do Sudeste Asiático, na segunda-feira.
O balanço mais recente do desastre é de 268 mortos, 1.000 feridos e 151 desaparecidos.
Mas as fortes chuvas e os novos tremores secundários do terremoto desaceleraram as operações de busca por sobreviventes em uma dúzia de cidades, onde mais de 20.000 casas foram destruídas.
Um tremor secundário de magnitude 3,9 provocou pânico entre vários deslocados, que fugiram dos abrigos esta manhã, observaram jornalistas da AFP.
Dois vilarejos remotos permanecem isolados, segundo Henri Alfiandi, chefe do serviço de emergência, em um vídeo publicado nas redes sociais.
"As pessoas de lá não podem nem pedir ajuda", disse, lembrando que três helicópteros foram enviados para a área.
Os moradores estão bloqueados, sem água nem eletricidade, e alguns tiveram que dormir ao lado de mortos, detalhou.
Nas cidades mais próximas de Cianjur, os moradores tentavam recuperar fotos de família, livros religiosos e certidões de casamento entre os escombros.
Un hombre con un niño se traslada a un lugar más seguro después de una réplica de magnitud 3,9 en Cugenang, Cianjur, el 23 de noviembre de 2022
"Temos ajuda alimentar, mas não é suficiente. Temos arroz, macarrão instantâneo e água mineral, mas não é suficiente", comentou à AFP Mustafa, 23 anos, morador da cidade de Gasol.
O jovem vasculhava os escombros da casa da vizinha idosa, a pedido dela. Ele então voltou com uma pilha de roupas, arroz, fogão a gás e panelas.
"Não temos roupa e não tomamos banho há dias", confessou.
"Precisamos de ajuda", diziam faixas colocadas em frente a casas e tendas danificadas no vilarejo de Talaga.
Mais de 58.000 pessoas foram deslocadas pelo terremoto, informou a agência de gerenciamento de desastres na terça-feira.
O governo mobilizou milhares de militares e policiais. Também fornece ajuda alimentar e tendas, mas as necessidades são imensas.
Yunisa Yuliani, 31 anos, detalha que não há mais nada no local.
"Meu filho está com febre e não consegue comer. Tem muitos idosos e crianças que precisam de leite, fraldas e remédios", diz.
Neste cenário desolador, moradores de Cianjur começaram a enterrar seus parentes de acordo com os ritos islâmicos depois que foram autorizados a retirar seus corpos dos necrotérios.
As autoridades alertaram para o risco de uma nova catástrofe natural.
Durante a estação de chuvas, que já começou e terminará em dezembro, o arquipélago é propenso a deslizamentos de terra e inundações repentinas.
Os serviços meteorológicos anunciam tempestades, que são potencialmente perigosas após um terremoto.
Localizada no "círculo de fogo" do Pacífico, onde as placas tectônicas se encontram, a Indonésia enfrenta regularmente terremotos ou erupções vulcânicas.
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