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China expulsa cônsul do Canadá e países entram em nova crise

As relações entre as duas nações enfrentam um período complicado desde 2018, após a detenção de uma executiva do grupo de tecnologia chinês Huawei no Canadá e a detenção de dois canadenses na China como represália

A China critica o alinhamento do Canadá à política dos Estados Unidos para Pequim (AFP/AFP Photo)

A China critica o alinhamento do Canadá à política dos Estados Unidos para Pequim (AFP/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 9 de maio de 2023 às 10h05.

A China decidiu nesta terça-feira, 9, expulsar a cônsul do Canadá em Xangai, uma represália pela mesma medida ordenada por Ottawa contra um diplomata chinês acusado de tentar intimidar um deputado canadense, o que provocou uma nova crise entre os dois países.

As relações entre as duas nações enfrentam um período complicado desde 2018, após a detenção de uma executiva do grupo de tecnologia chinês Huawei no Canadá e a detenção de dois canadenses na China como represália.

Os três detidos foram liberados desde então, mas as tensões prosseguiram. A China critica o alinhamento do Canadá à política dos Estados Unidos para Pequim, enquanto as autoridades canadenses acusam com frequência a China de interferência.

A nova crise começou na semana passada, depois que o jornal Yhe Globe and Mail informou que o deputado conservador canadense Michael Chong e sua família, que vive em Hong Kong, sofreram supostas pressões da China.

O jornal destacou que Chong está no alvo dos serviços de inteligência chineses porque o deputado apoiou uma moção para declarar as ações de Pequim na região Xinjiang como um genocídio contra os uigures, minoria em grande parte muçulmana.

O ministério das Relações Exteriores de Pequim classificou nesta terça-feira a cônsul canadense Jennifer Lynn Lalonde como "persona non grata" e destacou que a "China se reserva o direito de reagir com mais força".

Um comunicado informa que Lalonde recebeu uma solicitação para "deixar a China até 13 de maio".

"A China condena de modo veemente a decisão do Canadá de expulsar um diplomata chinês em Toronto, anunciou a diplomacia de Pequim.

"Provocações injustificáveis"

O porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, pediu ao Canadá o fim das "provocações injustificáveis" e alertou que Pequim adotará "medidas firmes e enérgicas" caso Ottawa não escute o conselho.

A AFP solicitou um comentário ao ministério das Relações Exteriores do Canadá, à embaixada em Pequim e ao consulado em Xangai, mas não recebeu resposta até o momento.

O governo do Canadá anunciou na segunda-feira a expulsão do diplomata chinês Zhao Wei, baseado em Toronto.

"Não iremos tolerar nenhuma forma de ingerência estrangeira em nossos assuntos internos", afirmou um comunicado divulgado pela ministra das Relações Exteriores, Melanie Joly.

De acordo com uma fonte próxima ao tema, o diplomata chinês será expulso do Canadá nos próximos cinco dias.

A China reagiu e acusou o Canadá de querer "sabotar" uma relação bilateral que registra anos de tensão - apesar de Pequim ser o segundo maior parceiro comercial de Ottawa.

Ao comentar as informações sobre supostas intimidações contra Chong, o governo da China criticou na sexta-feira o que chamou de "calúnias e difamações infundadas" por parte do Canadá, depois que Ottawa convocou um dia antes o embaixador chinês para pedir explicações.

O ministério das Relações Exteriores da China considerou que o escândalo foi "exagerado por alguns políticos e pela imprensa canadense".

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, é pressionado para adotar uma linha dura com a China, que foi acusada de várias tentativas de interferência em questões internas do país, o que Pequim nega.

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