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China celebra ano novo em meio à ameaça de epidemia do coronavírus

A Organização Mundial de Saúde anunciou que ainda é cedo para declarar uma epidemia global, mas que o surto ainda não atingiu seu ápice

Fila de uma Farmácia em Xangai: o governo chinês isolou cidades em que vivem 25 milhões de pessoas (Aly Song/Reuters)

Fila de uma Farmácia em Xangai: o governo chinês isolou cidades em que vivem 25 milhões de pessoas (Aly Song/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 06h27.

Última atualização em 24 de janeiro de 2020 às 06h58.

São Paulo — Como muitas coisas na China, que tem 1,4 bilhão de habitantes, a comemoração de Ano Novo é gigantesca. Nessa época do ano, milhões de turistas desembarcam em solo chinês para acompanhar a tradicional celebração e milhões de chineses aproveitam os sete dias de folga para viajar. E a economia do país agradece.

Em 2019, 415 milhões de viagens foram realizadas dentro da China e o turismo relacionado ao feriado gerou receita de 76 bilhões de dólares, valor 8% maior do que em 2018. Não à toa, o Ano Novo chinês — comemorado no dia 25 de janeiro — é o feriado mais importante do calendário do país.

Mas, hoje, a prioridade não são os fogos de artifício. O país tenta frear uma epidemia de um misterioso vírus, que cientistas acreditam ser uma nova cepa de coronavírus. E precisou tomar medidas drásticas. A maior delas? O cancelamento de eventos em Pequim e Macau. Na capital, até a Cidade Proibida, um dos seus principais pontos turísticos, estará fechada. A expectativa é a de que mais cidades sigam esse exemplo.

O governo ainda tenta isolar um grupo de quase 25 milhões de pessoas. Elas estão nas cidades mais afetadas pelo vírus, como Wuhan, que registrou o primeiro caso da doença, Huanggang, Ezhou e Xiantao. O transporte público está interrompido e os aeroportos fechados. Até agora, o novo coronavírus já matou 25 pessoas, infectou ao menos 630 e já foi registrado em países como o Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul, Vietnã, Singapura.

A Organização Mundial de Saúde anunciou que ainda é cedo para declarar uma epidemia global, mas que o surto é uma emergência na China, e ainda não atingiu seu ápice. As indefinições fizeram as bolsas de Tóquio e Hong Kong operar de lado nesta sexta-feira.

Os analistas estão céticos de que o Partido Comunista será capaz de evitar que o surto se torne uma emergência ainda pior. “Uma epidemia maior é certa”, disse o virologista Guan Yi à revista local Caixin. De acordo com ele, a epidemia atual deverá ser dez vezes maior do que a enfrentada pelo país entre 2002/2003, quando a síndrome respiratória aguda grave (SARS) matou quase 800 pessoas.

Em entrevista ao site CNBC, o estrategista David Roche lembrou que ainda não é possível determinar as dimensões reais dos casos. De acordo com ele, a resposta para essa dúvida virá após o Ano Novo. “É preciso aguardar o fim das festividades para então termos uma noção da velocidade das infecções desse vírus. É quando as pessoas retornam de suas viagens e será o ponto crucial dessa crise”. Ao mundo, portanto, resta esperar e se preparar.

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