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China admite que governos locais ignoram meio ambiente

É por isso que o novo XIII Plano Quinquenal, que orientará as políticas da China entre 2016 e 2020, contém pautas para melhorar a supervisão meio ambiental


	Meio ambiente: "Têm uma grave mentalidade de protecionismo local, em algumas ocasiões ninguém é responsável (pela conservação ambiental)"
 (Reuters)

Meio ambiente: "Têm uma grave mentalidade de protecionismo local, em algumas ocasiões ninguém é responsável (pela conservação ambiental)" (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2016 às 08h51.

Pequim - O ministro do Meio Ambiente chinês, Chen Jining, admitiu nesta sexta-feira que muitos governos locais do país "prestam muita atenção ao desenvolvimento e ignoram a proteção meio ambiental", em um momento no qual a China sofre graves problemas de poluição em sua água, solo e atmosfera.

"Têm uma grave mentalidade de protecionismo local, em algumas ocasiões ninguém é responsável (pela conservação ambiental), não há esforços suficientes e a aplicação da lei é frágil", reconheceu Chen em entrevista coletiva nas margens do plenário anual da Assembleia Nacional Popular, o Legislativo chinês.

É por isso que o novo XIII Plano Quinquenal que é debatido nessa assembleia, e que orientará as políticas da China entre 2016 e 2020, contém pautas para melhorar a supervisão meio ambiental e elevar seu controle das administrações locais às provinciais.

Em um momento no qual a China ocupa muitas manchetes da imprensa mundial pela frequente poluição de sua capital, Pequim, e outras grandes cidades, o ministro ressaltou que o país se encontra na segunda fase de seu plano para controlar as emissões poluentes.

"Na primeira fase não importa o que se faça, os resultados são poucos, e na segunda os esforços continuam, mas as conquistas dependem de elementos naturais como a umidade, a chuva ou o vento", afirmou Chen, em relação ao fato de que Pequim segue dependendo de um clima favorável para gozar de dias azuis (como ocorreu neste inverno, mais frio do que em anos passados).

"Estamos lutando em todas as frentes contra a poluição, e chegando em uma terceira fase" na qual os resultados serão mais visíveis, ressaltou o ministro, que usou como exemplo os esforços para redução da queima de carvão e as limitações ao tráfego.

Chen garantiu que nas 74 cidades onde foi aplicada a medição dos índices de qualidade de ar -e que estabelecem alertas em caso de alta poluição, recomendando à cidadania não sair ao exterior nos casos mais graves- reduziu 40% a concentração no ar das partículas mais nocivas.

O ministro negou, por outro lado, que só nos últimos anos a China tenha começado a se preocupar com a situação ambiental e ressaltou que já desde o final dos anos 90, foram iniciadas as medidas "verdes" que começaram a colher os primeiros sucessos na redução da chuva ácida.

"Nos anos 90, 30% do solo estava afetado pela acidez, agora se reduziu a 8,8%", ressaltou Chen ao assegurar que há maior controle da concentração no ar dos dióxidos de nitrogênio e enxofre, principais causadores da chuva ácida.

Questionado sobre se China fixou metas concretas de redução do uso de carvão -sua principal fonte de energia e uma das principais causas da poluição no país - o ministro não deu números concretos, mas ressaltou que "serão dedicados grandes esforços para ajustar a diversificação energética".

O Plano Qüinqüenal 2016-2020, cujo minuta foi publicada parcialmente em 5 de março, estabelece entre outros objetivos reduzir em 18% a intensidade de carvão frente a 2015 (as emissões de dióxido de carbono divididas pelo PIB) e aumentar o uso de combustíveis não fósseis (de 12 a 15%).

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