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Chefe da inteligência de Ruanda é detido em Londres

A prisão aconteceu a pedido da Espanha que procura o líder por genocídio e por sua relação com as mortes de três voluntários espanhois

O presidente de Ruanda, Paul Kagame: Karake é do braço armado do partido Frente Patriótica de Ruanda, o mesmo do presidente (Evan Schneider/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2015 às 09h48.

O diretor do serviço de inteligência de Ruanda, Emmanuel Karenzi Karake, procurado pela Espanha por genocídio e por sua relação com as mortes de três voluntários espanhóis, foi detido no sábado em Londres.

Karake não pertencia ao governo hutu acusado do genocídio de tutsis, e sim ao movimento rebelde que derrubou o regime, mas este grupo também é acusado de supostos abusos.

"Fomos informados pela polícia londrina em 20 de junho sobre a detenção do general Emmanuel Karenzi Karake, diretor dos serviços de inteligência e de segurança de Ruanda, em virtude de uma ordem de detenção europeia emitida pelas autoridades da Espanha", afirmou um porta-voz do Foreign Office (ministério britânico das Relações Exteriores).

"Karake foi detido por agentes da unidade de extradição da polícia de Londres no aeroporto de Heathrow", afirmou um porta-voz da Scotland Yard.

O general ruandês, de 54 anos, compareceu a um tribunal de Londres no sábado à tarde e terá uma nova audiência na quinta-feira.

A detenção aconteceu sete anos depois da Audiência Nacional, a principal instância penal espanhola, iniciar um processo judicial contra 40 militares ruandeses acusados de genocídio e crimes de guerra.

O Foreign Office não comentou a detenção, mas indicou que existe uma "relação profunda e antiga" entre o Reino Unido e Ruanda.

O caso apresenta semelhanças com a detenção do ditador chileno Augusto Pinochet em 1998.

Pinochet passou dois anos em Londres, entre recursos e apelações, mas no final dos trâmites não foi enviado a Espanha por razões humanitárias.

O governo de Ruanda reagiu à detenção, que chamou de loucura.

"A solidariedade europeia para desonrar os africanos é inaceitável. É um escândalo deter uma autoridade de Ruanda com base na loucura dos pró-genocidas", escreveu no Twitter a ministra das Relações Exteriores, Louise Mushikiwabo.

Um funcionário da chancelaria do país africano disse À AFP que a detenção é um "horror", relacionada "com as piores teorias da conspiração".

Karake, que foi entre 2008 e 2009 o número dois da Minuad, a missão de paz da ONU e da União Africana em Darfur, oeste do Sudão, é reclamado pela justiça espanhola ao lado de outras 39 pessoas por suposta responsabilidade nos massacres de civis do Exército Patriótico Ruandês (APR), braço armado da Frente Patriótica de Ruanda (FPR), o partido dominante atualmente, do presidente Paul Kagame.

A FPR foi um movimento rebelde que assumiu o poder em Ruanda em julho de 1994, acabando com o genocídio iniciado alguns meses antes, em abril, pelo regime extremista hutu que matou 800.000 pessoas, fundamentalmente tutsis.

Os documentos do processo afirmam que Karake seria, entre outras coisas, "o principal responsável pelos massacres e a 'eliminação' da população hutu em Nyakinama e em Mukingo".

Além disso, ele teria "ordenado operações contra a população civil hutu, matanças sistemáticas contra expatriados, ordenando bombardeios abertos com armamento pesado".

Finalmente, "teria conhecimento e aprovado o massacre da população civil de 1994 a 1997 nas localidades de Ruhengeri, Gisenyiey Cyangugu, incluindo a morte de três espanhóis da organização Médicos do Mundo"

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O diretor do serviço de inteligência de Ruanda, Emmanuel Karenzi Karake, procurado pela Espanha por genocídio e por sua relação com as mortes de três voluntários espanhóis, foi detido no sábado em Londres.

Karake não pertencia ao governo hutu acusado do genocídio de tutsis, e sim ao movimento rebelde que derrubou o regime, mas este grupo também é acusado de supostos abusos.

"Fomos informados pela polícia londrina em 20 de junho sobre a detenção do general Emmanuel Karenzi Karake, diretor dos serviços de inteligência e de segurança de Ruanda, em virtude de uma ordem de detenção europeia emitida pelas autoridades da Espanha", afirmou um porta-voz do Foreign Office (ministério britânico das Relações Exteriores).

"Karake foi detido por agentes da unidade de extradição da polícia de Londres no aeroporto de Heathrow", afirmou um porta-voz da Scotland Yard.

O general ruandês, de 54 anos, compareceu a um tribunal de Londres no sábado à tarde e terá uma nova audiência na quinta-feira.

A detenção aconteceu sete anos depois da Audiência Nacional, a principal instância penal espanhola, iniciar um processo judicial contra 40 militares ruandeses acusados de genocídio e crimes de guerra.

O Foreign Office não comentou a detenção, mas indicou que existe uma "relação profunda e antiga" entre o Reino Unido e Ruanda.

O caso apresenta semelhanças com a detenção do ditador chileno Augusto Pinochet em 1998.

Pinochet passou dois anos em Londres, entre recursos e apelações, mas no final dos trâmites não foi enviado a Espanha por razões humanitárias.

O governo de Ruanda reagiu à detenção, que chamou de loucura.

"A solidariedade europeia para desonrar os africanos é inaceitável. É um escândalo deter uma autoridade de Ruanda com base na loucura dos pró-genocidas", escreveu no Twitter a ministra das Relações Exteriores, Louise Mushikiwabo.

Um funcionário da chancelaria do país africano disse À AFP que a detenção é um "horror", relacionada "com as piores teorias da conspiração".

Karake, que foi entre 2008 e 2009 o número dois da Minuad, a missão de paz da ONU e da União Africana em Darfur, oeste do Sudão, é reclamado pela justiça espanhola ao lado de outras 39 pessoas por suposta responsabilidade nos massacres de civis do Exército Patriótico Ruandês (APR), braço armado da Frente Patriótica de Ruanda (FPR), o partido dominante atualmente, do presidente Paul Kagame.

A FPR foi um movimento rebelde que assumiu o poder em Ruanda em julho de 1994, acabando com o genocídio iniciado alguns meses antes, em abril, pelo regime extremista hutu que matou 800.000 pessoas, fundamentalmente tutsis.

Os documentos do processo afirmam que Karake seria, entre outras coisas, "o principal responsável pelos massacres e a 'eliminação' da população hutu em Nyakinama e em Mukingo".

Além disso, ele teria "ordenado operações contra a população civil hutu, matanças sistemáticas contra expatriados, ordenando bombardeios abertos com armamento pesado".

Finalmente, "teria conhecimento e aprovado o massacre da população civil de 1994 a 1997 nas localidades de Ruhengeri, Gisenyiey Cyangugu, incluindo a morte de três espanhóis da organização Médicos do Mundo"

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