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Chavismo vence eleições estaduais mas Capriles se salva

Oposição, no entanto, bateu o ex-vice-presidente Elías Jaua com 50,35% dos votos, contra 46,13% para o candidato chavista no estado de Miranda

Candidato opositor na Venezuela, Henrique Capriles, durante campanha em outubro de 2012 ( REUTERS/Marco Bello)

Candidato opositor na Venezuela, Henrique Capriles, durante campanha em outubro de 2012 ( REUTERS/Marco Bello)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2012 às 06h16.

Caracas - O chavismo conquistou neste domingo os governos de 19 dos 23 Estados da Venezuela, impondo uma severa derrota à oposição, cujo líder, Henrique Capriles, conseguiu se reeleger no estado-chave de Miranda, em eleições marcadas pelo delicado estado de saúde do presidente Hugo Chávez.

Capriles bateu o ex-vice-presidente Elías Jaua com 50,35% dos votos, contra 46,13% para o candidato 'chavista', segundo o boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o que mantém o governador de 40 anos como potencial candidato a eleições presidenciais diante da eventual vacância de Chávez, vítima de câncer.

No rico estado de Zulia, o candidato 'chavista' Francisco Arias Cárdenas derrotou o atual governador, Pablo Pérez, informou o CNE após a apuração de 94% dos votos e índice de participação de 53,94% em nível nacional.

Arias Cárdenas, que já governou esta região produtora de petróleo em dois períodos, venceu com 50,99%, contra 46,74% para Pablo Pérez

Os governistas tomaram ao menos quatro estados da oposição - Zulia, Carabobo, Táchira e Nueva Esparta -, enquanto a oposição conservou Lara, além de Miranda.

Nos estados de Amazonas e Bolivar a apuração segue indefinida.

O chefe da campanha 'chavista', Jorge Rodríguez, comemorou "a maioria esmagadora no total de votos a nível nacional", no que qualificou de "vitória de todo o povo da Venezuela, mas principalmente de Chávez".


Até as eleições deste domingo, o "chavismo" controlava 15 estados e agora levou mais quatro.

A votação foi marcada pela apreensão com o estado de saúde de Chávez, que segundo o ministro Jorge Arreaza se recupera de forma "progressiva" em Cuba e fez um "apelo a todos os venezuelanos, especialmente os patriotas (...) para votar e consolidar todos os espaços que nos permitam seguir avançando para a justiça social".

"Desde a sexta-feira, o 'comandante' já se comunica conosco para instruir, governar, dar instruções para que sejam cumpridas lá em nosso país", disse Arreaza, ministro da Ciência e Tecnologia e casado com a filha mais velha de Chávez.

A situação de Chávez foi utilizada pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, que convocou os eleitores a comparecer às urnas para "não ficar mal" com o presidente.

"Não podemos falhar hoje, ninguém deve falhar com Chávez (...) Vamos mostrar isto, com coração, com voto, com orações", disse Maduro, designado por Chávez como seu herdeiro político.

O reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) Vicente Díaz reagiu às declarações de Maduro afirmando que o vice-presidente não deveria realizar declarações de "claro sentido eleitoral promovendo a candidatura e a oferta eleitoral do governo nacional". "É um fato sem precedentes (...) e uma aberta violação da lei".

Como nas presidenciais de outubro, nas quais Chávez foi reeleito com 55% dos votos para o terceiro mandato de seis anos, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) adotou a estratégia de 'um por dez', para que cada simpatizante chavista obtivesse dez votos.

Chávez, 58 anos, foi operado na terça-feira passada em um hospital de Havana, pela quarta vez, de um câncer cuja localização jamais foi revelada, e enfrenta um pós-operatório que o governo define como "complexo".

Reeleito no mês de outubro para mais um mandato, Chávez deveria assumir a presidência no próximo dia 10 de janeiro.

O vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, afirmou no sábado que a eventualidade de Chávez não retornar ao país até 10 de janeiro "depende" dos médicos, mas explicou que "não é a preocupação agora" do partido.

Antes de partir para Havana, Chávez designou o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, seu herdeiro político para o caso de permanecer "inabilitado", uma decisão inédita que aumentou os temores sobre a gravidade de seu estado de saúde, pois em nenhuma das ausências anteriores ele insinuara a possibilidade de um sucessor

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