Patrulha na República Centro-Africana: cerca de 200 mil pessoas fugiram do país (Issouf Sanogo/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2014 às 13h47.
N'Djamena - O Chade fechou sua fronteira com a República Centro-Africana (RCA), atingida pela violência há mais de um ano, anunciou nesta segunda-feira a presidência do país, durante uma viagem do presidente Idriss Déby Itno pelo sul.
"O Chade fecha suas fronteiras comuns com a RCA", declarou a presidência em seu site oficial.
O presidente Déby realiza desde 8 de maio um giro pelo sul do Chade, ao longo da fronteira com a RCA.
"Vocês estão a menos de 20 metros da fronteira com a RCA. Saibam que a partir de hoje nossa fronteira com este país está hermeticamente fechada", declarou no domingo o chefe de Estado à população de Daha, uma cidade fronteiriça do sudeste.
"A qualquer chadiano que desejar voltar para casa com seus bens, abriremos a fronteira de par em par. Mas, com exceção deste caso específico, ninguém está autorizado a cruzar esta fronteira até que a crise centro-africana seja resolvida", acrescentou.
Déby também prometeu "aumentar consideravelmente o número de forças de defesa e de segurança na zona", segundo o site da presidência.
A decisão é explicada em parte pela vontade de evitar infiltrações de combatentes no Chade.
O fechamento das passagens que levam ao Chade será, no entanto, difícil de ser aplicado, em uma região com mais de 1.000 quilômetros de fronteira comum.
Em março de 2013, o líder rebelde Michel Djotodia, à frente da ex-coalizão rebelde Seleka, de maioria muçulmana, tomou o poder da RCA, um país com 80% de sua população de confissão cristã.
Desde sua queda, em janeiro de 2014, os civis muçulmanos, associados pela população à Seleka, sofrem muitas agressões por parte das milícias cristãs chamadas "antibalaka".
Quase 25% dos 4,6 milhões de habitantes da RCA foram deslocados pela violência, em sua maioria muçulmanos.
Cerca de 200.000 pessoas fugiram do país, principalmente aos vizinhos Chade e Camarões, de onde muitos são originários.
O número de refugiados pode chegar a 360.000 antes do fim do ano, segundo a ONU.