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Centenas são mortos em retirada de acampamentos no Egito

Operação das forças de segurança contra partidários de Mohamed Mursi provocou centenas de mortos

Manifestante enfrenta a polícia no Cairo: um jornalista da AFP contou 124 corpos em um dos necrotérios improvisados (Mosaab el-Shamy/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2013 às 10h49.

Cairo - As forças de segurança egípcias cumpriram as ameaças e entraram nesta quarta-feira em duas praças do Cairo tomadas por partidários do presidente islamita destituído Mohamed Mursi , uma operação que provocou centenas de mortos.

Algumas horas depois dos primeiros tiroteios e disparos de gás lacrimogêneo, um jornalista da AFP contou 124 corpos em um dos necrotérios improvisados apenas na praça Rabaa al-Adawiya.

Este balanço não leva em conta possíveis mortos em outras áreas da capital, como a praça Nahda, outro reduto das manifestações.

Os manifestantes, por sua vez, falam de mais de 2.200 mortos e 10.000 feridos, cifras que não não foram confirmadas ainda por fontes independentes.

Os médicos presentes em um hospital de campanha com o chão repleto de sangue trabalhavam em condições de grande pressão e se viam obrigados a abandonar os caso mais graves para tratar os feridos com mais possibilidades de sobreviver.

A operação começou no início da manhã com uma grande mobilização de tropas policiais e militares, apoiadas por máquinas, ao redor das praças Rabaa al-Adawiya e Al-Nahda, ocupadas há um mês e meio pelos islamitas que exigiam a libertação e retorno ao poder de Mursi, derrubado e detido em 3 de julho pelo exército.

A Irmandade Muçulmana, movimento de Mursi, afirmou que o número de mortos supera 600, mas a informação não foi confirmada por fontes independentes. O balanço das autoridades se limitava a sete mortos, dois deles integrantes das forças de segurança.

O ministério do Interior informo que a praça Al-Nahda estava sob controle total das forças de segurança.

Em Rabaa, porém, disparos de armas automáticas ainda eram ouvidos e o gás lacrimogêneo era utilizado contra as barracas, enquanto os alto-falantes tocavam cânticos religiosos no volume máximo.

A Irmandade Muçulmana convocou uma mobilização geral para conter o massacre.


"Isto não é uma tentativa de dispersão, e sim uma sangrenta tentativa de esmagar todas as vozes de oposição ao golpe militar que derrubou Mursi", escreveu no Twitter o porta-voz da Irmandade, Gehad al-Haddad.

Os organizadores dos protestos pedem aos egípcios que "tomem as ruas para deter o massacre", completou.

O governo suspendeu todas as conexões ferroviárias com o Cairo para dificultar os protestos.

Os islamitas tentavam bloquear várias avenidas e confrontos foram registrados em diversos bairros da capital, assim como em outras cidades.

Na província de El Menia (centro), partidários de Mursi incendiaram três igrejas coptas, informou a agência oficial Mena.

Os coptas, que representam entre 6% e 10% da população egípcia, tiveram uma participação ativa no movimento popular que provocou a derrubada de Mursi.

A mesquita Al-Azhar do Cairo, principal autoridade sunita do mundo que havia apoiado a destituição do presidente Mohamed Mursi, se distanciou da violenta operação para desocupar as praças.

"Al-Azhar informa aos egípcios que não tinha conhecimento dos métodos utilizados para dispersar os protestos, a não ser pelos meios de comunicação", afirmou o imã Ahmed al-Tayyeb.

Tayyeb condenou o uso da violência e pediu aos dois lados que tenham moderação e pensem nos interesses da nação.

"O uso da violência nunca foi uma alternativa para uma solução política", disse.

Tayyeb reiterou o pedido por uma solução negociada para a crise, que paralisa o país.

A prestigiosa instituição provocou a revolta da Irmandade Muçulmana ao apoiar o exército na derrubada de Mursi.

Partidários e adversários do presidente deposto já haviam se enfrentado na terça-feira. O confronto deixou um morto e 10 feridos no Cairo.

A violência já havia provocado mais de 250 mortes desde o fim de junho, antes da repressão desta quarta-feira.

A situação no Egito, o mais populoso dos países árabes, preocupa a comunidade internacional.


O chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, pediu a todas as forças políticas egípcias que impeçam uma escalada da violência.

O Reino Unido condenou a violência contra os manifestantes e pediu moderação por parte das forças de segurança.

O Irã, por sua vez, também criticou a matança e afirmou estar acompanhando de perto a situação.

Já presidente turco Abdullah Gul declarou que a intervenção armada contra civis é um inaceitável.

Na terça-feira, o governo dos Estados Unidos pediu às autoridades egípcias que autorizassem as manifestações dos simpatizantes de Mursi, pelo temor de uma explosão da violência.

Washington, que concede ao Cairo uma ajuda de 1,5 bilhão de dólares por ano, principalmente militar, mantém relações estreitas com os militares do país, mas defende a convocação rápida de novas eleições.

Mursi, o primeiro presidente do Egito eleito democraticamente, foi derrubado em 3 de julho pelo exército, respaldado por um amplo movimento popular. A justiça prolongou na segunda-feira por 15 dias sua detenção para investigar denúncias sobre sua eventual colaboração com o movimento palestino Hamas.

A Irmandade Muçulmana, declarada ilegal em 1954, foi reprimida pelos sucessivos governos egípcios, mas voltou a atuar legalmente após a queda de Hosni Mubarak em fevereiro de 2011 e venceu as eleições legislativas e presidenciais do mesmo ano.

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Este balanço não leva em conta possíveis mortos em outras áreas da capital, como a praça Nahda, outro reduto das manifestações.

Os manifestantes, por sua vez, falam de mais de 2.200 mortos e 10.000 feridos, cifras que não não foram confirmadas ainda por fontes independentes.

Os médicos presentes em um hospital de campanha com o chão repleto de sangue trabalhavam em condições de grande pressão e se viam obrigados a abandonar os caso mais graves para tratar os feridos com mais possibilidades de sobreviver.

A operação começou no início da manhã com uma grande mobilização de tropas policiais e militares, apoiadas por máquinas, ao redor das praças Rabaa al-Adawiya e Al-Nahda, ocupadas há um mês e meio pelos islamitas que exigiam a libertação e retorno ao poder de Mursi, derrubado e detido em 3 de julho pelo exército.

A Irmandade Muçulmana, movimento de Mursi, afirmou que o número de mortos supera 600, mas a informação não foi confirmada por fontes independentes. O balanço das autoridades se limitava a sete mortos, dois deles integrantes das forças de segurança.

O ministério do Interior informo que a praça Al-Nahda estava sob controle total das forças de segurança.

Em Rabaa, porém, disparos de armas automáticas ainda eram ouvidos e o gás lacrimogêneo era utilizado contra as barracas, enquanto os alto-falantes tocavam cânticos religiosos no volume máximo.

A Irmandade Muçulmana convocou uma mobilização geral para conter o massacre.


"Isto não é uma tentativa de dispersão, e sim uma sangrenta tentativa de esmagar todas as vozes de oposição ao golpe militar que derrubou Mursi", escreveu no Twitter o porta-voz da Irmandade, Gehad al-Haddad.

Os organizadores dos protestos pedem aos egípcios que "tomem as ruas para deter o massacre", completou.

O governo suspendeu todas as conexões ferroviárias com o Cairo para dificultar os protestos.

Os islamitas tentavam bloquear várias avenidas e confrontos foram registrados em diversos bairros da capital, assim como em outras cidades.

Na província de El Menia (centro), partidários de Mursi incendiaram três igrejas coptas, informou a agência oficial Mena.

Os coptas, que representam entre 6% e 10% da população egípcia, tiveram uma participação ativa no movimento popular que provocou a derrubada de Mursi.

A mesquita Al-Azhar do Cairo, principal autoridade sunita do mundo que havia apoiado a destituição do presidente Mohamed Mursi, se distanciou da violenta operação para desocupar as praças.

"Al-Azhar informa aos egípcios que não tinha conhecimento dos métodos utilizados para dispersar os protestos, a não ser pelos meios de comunicação", afirmou o imã Ahmed al-Tayyeb.

Tayyeb condenou o uso da violência e pediu aos dois lados que tenham moderação e pensem nos interesses da nação.

"O uso da violência nunca foi uma alternativa para uma solução política", disse.

Tayyeb reiterou o pedido por uma solução negociada para a crise, que paralisa o país.

A prestigiosa instituição provocou a revolta da Irmandade Muçulmana ao apoiar o exército na derrubada de Mursi.

Partidários e adversários do presidente deposto já haviam se enfrentado na terça-feira. O confronto deixou um morto e 10 feridos no Cairo.

A violência já havia provocado mais de 250 mortes desde o fim de junho, antes da repressão desta quarta-feira.

A situação no Egito, o mais populoso dos países árabes, preocupa a comunidade internacional.


O chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, pediu a todas as forças políticas egípcias que impeçam uma escalada da violência.

O Reino Unido condenou a violência contra os manifestantes e pediu moderação por parte das forças de segurança.

O Irã, por sua vez, também criticou a matança e afirmou estar acompanhando de perto a situação.

Já presidente turco Abdullah Gul declarou que a intervenção armada contra civis é um inaceitável.

Na terça-feira, o governo dos Estados Unidos pediu às autoridades egípcias que autorizassem as manifestações dos simpatizantes de Mursi, pelo temor de uma explosão da violência.

Washington, que concede ao Cairo uma ajuda de 1,5 bilhão de dólares por ano, principalmente militar, mantém relações estreitas com os militares do país, mas defende a convocação rápida de novas eleições.

Mursi, o primeiro presidente do Egito eleito democraticamente, foi derrubado em 3 de julho pelo exército, respaldado por um amplo movimento popular. A justiça prolongou na segunda-feira por 15 dias sua detenção para investigar denúncias sobre sua eventual colaboração com o movimento palestino Hamas.

A Irmandade Muçulmana, declarada ilegal em 1954, foi reprimida pelos sucessivos governos egípcios, mas voltou a atuar legalmente após a queda de Hosni Mubarak em fevereiro de 2011 e venceu as eleições legislativas e presidenciais do mesmo ano.

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