Casos do ebola em Uganda geram preocupação sobre surto fora do Congo
Uganda planeja repatriar pacientes com Ebola a República Democrática do Congo, dizendo que eles podem receber tratamento melhor no país vizinho
Reuters
Publicado em 12 de junho de 2019 às 16h25.
Kampala/Londres — Uganda anunciou mais dois casos de Ebola nesta quarta-feira, uma idosa e um menino de 5 anos, confirmando que um surto letal se manifestou pela primeira vez fora da República Democrática do Congo.
Os casos ugandenses mostram que a epidemia está entrando em uma fase "verdadeiramente assustadora" e pode matar muitas pessoas mais, disse um especialista em doenças infecciosas à Reuters.
Um menino de 5 anos que cruzou do Congo para Uganda morreu na noite de terça-feira, disse a ministra da Saúde de Uganda, Jane Ruth Aceng, e agora sua família está sendo mantida isolada e monitorada.
As duas vítimas novas são o irmão e a avó do menino, informou o Ministério da Saúde de Uganda. Recentemente, o avô dos meninos morreu de Ebola.
Uganda planeja repatriar os dois pacientes com Ebola ao Congo, dizendo que eles podem receber tratamento melhor em instalações especializadas no país vizinho. Mais três familiares, que por ora estão saudáveis, também serão repatriados, disse um porta-voz do Ministério da Saúde, acrescentando que a família precisa consentir com todas as repatriações.
"Esta epidemia está em uma fase verdadeiramente assustadora e não dá sinal de que irá parar", disse Jeremy Farrar, especialista em doenças infecciosas e diretor da instituição de caridade global Wellcome Trust, que está envolvida no combate ao Ebola.
"Podemos esperar e deveríamos fazer planos para mais casos na DRC (República Democrática do Congo) e em países vizinhos", disse, acrescentando: "Agora há mais mortes do que em qualquer outro surto de Ebola da história, exceto pela epidemia de 2013-16 na África Ocidental, e não pode haver dúvida de que a situação pode alcançar estes níveis terríveis".
A epidemia atual de Ebola começou em agosto no leste congolês e já infectou ao menos 2.062 pessoas, matando 1.390 delas.
O surto da África Ocidental contaminou 28 mil pessoas e matou 11.300, a maioria na Libéria, Guiné e Serra Leoa.