A OMS estima que 500 milhões de pessoas no mundo carregam algum dos cinco vírus da doença (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
AFP
Publicado em 25 de abril de 2022 às 14h46.
Última atualização em 25 de abril de 2022 às 15h00.
Os casos de hepatite aguda em crianças, detectados em mais 12 países, sobretudo, europeus, geram perguntas e também medo de uma nova epidemia. No entanto, a origem dessa grave inflamação do fígado segue sendo desconhecida.
Tudo começou no Reino Unido, que conta com o maior número de casos (114). Em seguida, foram revelados casos na Espanha (13); na Dinamarca (seis); na Irlanda (menos de cinco); na Holanda (quatro); na Itália (quatro); na França (dois); na Noruega (dois); na Romênia (um) e na Bélgica (um), segundo dados Organização Mundial de Saúde (OMS).
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Fora da Europa, Israel (12 casos) e Estados Unidos (pelo menos nove) se juntam à lista.
As crianças afetadas têm de 1 mês a 16 anos, mas a maioria é menor de 10 anos e muitos são menores de 5 anos. Nenhuma tinha outra doença. Houve um falecimento.
"As investigações prosseguem nos países onde há casos. Até agora, a causa atual da hepatite é desconhecida", segundo o Centro Europeu de Prevenção e de Controle de Enfermidades (ECDC).
No momento, uma causa infecciosa parece o mais provável, mas não foi estabelecido nenhum vínculo comum com alimento contaminado ou tóxico que pudesse ser identificado.
A hepatite é uma inflamação do fígado, como reação a um vírus, a tóxicos (venenos, drogas etc.) ou a doenças autoimunes ou genéticas. Sua evolução costuma ser benigna e seus principais sintomas — febre, diarreias, dores abdominais — se resolvem rapidamente ou deixam poucas sequelas. Às vezes, de forma mais rara, podem provocar insuficiência renal.
Mas "a crescente alta do número de crianças afetadas por uma súbita hepatite é incomum e preocupante" indicou ao Science Media Center britânico Zania Stamakati, do centro de pesquisa sobre o fígado e sobre o aparelho gastrointestinal da universidade de Birmingham.
Entre as possíveis pistas, o adenovírus foi detectado em pelo menos 74 crianças, dos quais 18 era o chamado "tipo 41".
Vários países, entre eles a Irlanda e a Holanda, informaram sobre uma crescente circulação desses adenovírus.
Porém, seu papel no desenvolvimento das misteriosas hepatites não está claro.
A possibilidade de uma relação com a covid-19, que ainda segue circulando, figura também entre as hipóteses.
O covid-19 foi detectado em 20 das crianças. E outros 19 mostraram uma coinfecção de covid e de adenovírus.
Porém, "se essa hepatite estiver sendo causada pelo covid-19, seria muito surpreendente que não foram muito mais numerosas dada a forte circulação do SARS-CoV2", destaca Graham Cooke, especialista de doenças infecciosas do Imperial College de Londres, ao Science Media Center.