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Casado com celebridade, líder chinês é quase um desconhecido

Os chineses pouco sabem sobre Xi devido à falta de informação, a censura e a pouca presença pública do homem escolhido para suceder Hu Jintao


	Vice-presidente chinês, Xi Jinping: ''Não quero falar sobre política'' é a resposta que a maioria dos consultados dão ao serem perguntados sobre Xi
 (Ed Jones/Divulgação/Reuters)

Vice-presidente chinês, Xi Jinping: ''Não quero falar sobre política'' é a resposta que a maioria dos consultados dão ao serem perguntados sobre Xi (Ed Jones/Divulgação/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2012 às 20h05.

Pequim - Tudo está pronto em Pequim para o começo, daqui a dois dias, do congresso que deve levar Xi Jinping ao comando do Partido Comunista - e posteriormente à presidência da China -, mas apesar do monumental trabalho que o espera, o atual vice-presidente chinês é quase um anônimo para os cidadãos do país, que por outro lado conhecem muito bem sua esposa, uma famosa cantora.

Os chineses pouco sabem sobre Xi devido à falta de informação, a censura e a pouca presença pública do homem escolhido para suceder Hu Jintao como secretário-geral do partido e chefe de Estado.

''Não quero falar sobre política'' é a resposta que a maioria dos consultados dão ao serem perguntados sobre Xi, e aqueles que se atrevem a comentar não podem dar muitos dados sobre sua personalidade ou seu programa político.

''Esperamos que quando Xi assumir a presidência, o país se desenvolva'', disse de forma muito neutra, por exemplo, a jovem Liu Jian, moradora do bairro de Chaoyang, em Pequim.

Já He Fan, estudante universitária de música, afirmou à Efe que a futura política chinesa com Xi é para ela ''totalmente desconhecida''.

A situação lembra a que há 10 anos ocorria com o agora presidente Hu, um ''homem cinza'' do Politburo que muitos chineses quase não conheciam antes de chegar ao poder, primeiro do partido, no 16º congresso, de 2002, e depois à presidência, em 2003 (como ocorrerá com Xi em março de 2013).

Inclusive após subir ao degrau mais alto, o presidente e secretário-geral comunista costuma adotar um papel neutro e com poucas aparições, enquanto o primeiro-ministro (Wen Jiabao atualmente, e Li Keqiang no futuro se as previsões se cumprirem) é quem adota um perfil mais público e ativo.

Um pouco amedrontados por falar de um futuro presidente que ainda não sabem como é, os próprios chineses se sentem mais cômodos falando dos líderes americanos que hoje disputam as eleições americanas.


''Obama vai a ganhar!'', afirmou, em tom muito mais entusiasmado do que quando perguntado sobre política chinesa, Wang, um aposentado que vive em Pequim e diz acompanhar com atenção as notícias sobre as eleições nos EUA.

Do mesmo modo, a esposa de Xi, Peng Liyuan, que tem presença habitual nas redes de TV chinesas desde sua primeira aparição, na festa de Ano Novo de 1982, também é uma imagem próxima para os chineses, embora alguns já acreditem que, por estar próxima de se transformar em ''primeira-dama'', não é adequado criticá-la em público.

''Não sei o que dizer de suas músicas, mas é verdade que há muitos anos ela está nas rádios'', disse a já citada estudante de música He Fan.

Peng, que tem 10 anos a menos que seu marido e se casou com ele em 1987, é uma cantora de música folclórica e presença certa nas transmissões das festas de Ano Novo (exceto em 2008, curiosamente o ano em que seu marido chegou à vice-presidência).

Além disso, ela é oficial do exército, o que não chega a ser raro em um país onde as forças militares têm ampla presença em todos os setores sociais, incluindo o cultural, o esportivo ou o empresarial, por isso às vezes a futura ''primeira-dama'' canta usando uniforme.

Os chineses, em algumas ocasiões, brincam ao dizer que seu futuro líder é um desconhecido ''casado com Peng Liyuan'', que, segundo a imprensa chinesa, passa grande parte do ano vivendo separada de Xi devido a seus compromissos artísticos e às atividades políticas de seu marido.


Isso não significa, para a imprensa estatal, que a relação entre Xi e Peng não seja boa: em uma das poucas declarações da cantora sobre seu marido neste ano, elogiava sua personalidade ''frugal, trabalhadora e com os pés no chão'', e garantia que o cargo de seu marido não muda nada entre os dois.

''Quando ele volta, nunca penso que tenho um líder em casa, para mim é o meu marido'', disse na entrevista.

Se pouco se sabe sobre Xi, menos ainda se conhece a respeito das políticas que iniciará quando chegar ao poder: há quem dê como certo um caráter reformista, mas isso também se pensava, ou se sonhava, há uma década, com a chegada do mais tarde continuísta Hu Jintao.

''Há dez anos tivemos muitas esperanças em Hu, mas nos equivocamos'', afirmou à Agência Efe o advogado de direitos humanos Pu Zhiqiang, que ressaltou sua esperança de que Xi seja um melhor líder e ''resolva os muitos problemas em política e economia que Hu não regulou''.

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