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Canadá tem contra-tarifas prontas se Trump iniciar guerra comercial, diz Trudeau

Presidente eleito dos EUA avalia adotar tarifas de 25% sobre itens do México e do Canadá. Esboço de plano de retaliação que circula no governo canadense inclui quase todas as categorias de produtos americanos importados

Agência o Globo
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Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 06h23.

Última atualização em 13 de janeiro de 2025 às 06h25.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse neste domingo que o país está pronto para responder com tarifas em retaliação aos Estados Unidos se o presidente eleito Donald Trump cumprir sua ameaça de iniciar uma guerra comercial na América do Norte. O premiê já anunciou sua renúncia e deixará o cargo em março.

Ao programa "Inside With Jen Psaki", do canal americano MSNBC, o premiê afirmou que seu governo não está buscando um conflito comercial com a nova administração americana, mas terá que reagir se o país vizinho impor tarifas sobre produtos canadenses.

O Canadá compra mais produtos fabricados nos EUA do que qualquer outro país, segundo dados do Departamento de Comércio americano — foram cerca de US$ 320 bilhões entre janeiro e novembro de 2024. O déficit comercial dos EUA com o Canadá no mesmo período foi de US$ 55 bilhões.

"Como fizemos da última vez, estamos prontos para responder com tarifas, se necessário", disse Trudeau. "Somos o principal parceiro de exportação de cerca de 35 estados americanos, e qualquer coisa que dificulte o comércio entre nós acaba custando aos cidadãos e empregos americanos".

Quando o primeiro governo Trump impôs tarifas sobre aço e alumínio em 2018, o governo canadense respondeu com taxas sobre uma lista de itens fabricados nos EUA, incluindo eletrodomésticos, uísque, bourbon e barcos.

Desta vez, Trump afirmou estar considerando tarifas amplas de 25% sobre itens do México e do Canadá. Um rascunho de plano de retaliação que circula dentro do governo canadense incluiria quase todas as categorias de produtos importados dos EUA.

Fronteira protegida

Na entrevista neste domingo, Trudeau destacou a decisão do Canadá de investir mais em segurança de fronteiras, incluindo helicópteros e drones, com o objetivo de conter o fluxo de fentanil e a migração ilegal para os EUA — uma resposta direta às preocupações de Trump.

"Menos de 1% dos migrantes ilegais e menos de 1% do fentanil que entra nos Estados Unidos vêm do Canadá. Portanto, não somos um problema", disse o premiê. "Na verdade, respondemos ao pedido dele para que fizéssemos mais com investimentos de bilhões de dólares para fortalecer ainda mais a segurança de nossas fronteiras".

Trudeau classificou as provocações de Trump sobre transformar o Canadá no 51º estado dos EUA como "distrações" de questões mais urgentes.

Trudeau, que anunciou em 6 de janeiro que renunciará como primeiro-ministro e líder do Partido Liberal, permanecerá no cargo mais alto do país até que os membros de seu partido escolham seu sucessor em 9 de março.

Enquanto isso, uma importante líder conservadora dialogou com Trump no sábado. A primeira-ministra da província canadense de Alberta, Danielle Smith, afirmou ter se encontrado com o presidente eleito em sua residência de Mar-a-Lago, na Flórida, para destacar a importância da relação energética entre os EUA e o Canadá.

Possível guerra comercial

Mais da metade das importações de petróleo bruto dos EUA vem do Canadá, a maior parte de Alberta. Questionada sobre se o Canadá poderia restringir o fornecimento de energia aos EUA, a ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly, disse ao CTV News que "tudo está na mesa." Danielle, no entanto, afirmou ser contra restrições à exportação de energia.

O primeiro-ministro da província de Ontário, Doug Ford, sugeriu em dezembro a ideia de cortar as exportações de eletricidade de sua província para vários estados fronteiriços, mas na semana passada propôs uma nova parceria energética que entregaria mais energia nuclear aos EUA.

Os primeiros-ministros provinciais do Canadá planejam visitar Washington em fevereiro para alertar sobre os danos que as tarifas poderiam causar a ambos os países.

Trudeau, de 53 anos, é primeiro-ministro do país há nove anos. Sua aprovação caiu abaixo de 30% no ano passado, de acordo com o monitoramento de opinião pública do Instituto Angus Reid. Em seguida, veio a renúncia da ministra das Finanças, Chrystia Freeland, em dezembro, que afirmou que o governo precisava evitar "manobras políticas caras" e manter sua capacidade financeira pronta para lidar com os impactos de uma possível guerra comercial.

A saída de Freeland gerou uma revolta de membros do partido liberal que pediram a renúncia de Trudeau.

O vencedor da disputa pela liderança do partido se tornará o 24º primeiro-ministro do Canadá. Uma eleição nacional está prevista para outubro, mas pode acontecer antes, caso partidos de oposição se unam em um voto de desconfiança para derrubar o governo.

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