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Canadá, Austrália e Japão — o trio do retrocesso na COP 19

Depois do Canadá e da Austrália, foi a vez do Japão dar um passo atrás e anunciar cortes em sua meta de redução de emissões

Clima: até 2020, as emissões do Japão terão aumentado 3,1% acima dos níveis de 1990 (SXC.Hu)

Vanessa Barbosa

Publicado em 18 de novembro de 2013 às 14h58.

São Paulo – Enquanto os Estados Unidos vêm demonstrando disposição em reduzir suas emissões a partir de combustíveis fósseis, outros países desenvolvidos parecem regredir. Depois do Canadá e da Austrália , foi a vez do Japão dar um passo atrás e anunciar cortes em sua meta de redução de emissões.

Na reta final da COP 19 , a reunião da ONU sobre o clima , que acontece na Polônia, o país anunciou que vai cortar sua meta de redução de emissões de CO2 dos prometidos 25% para meros 3,8% até 2020, em relação às emissões de 2005.

O desligamento da indústria nuclear japonesa, em 2011, foi o argumento que o representante do país na Conferência, Yoshihide Suga, deu para justificar a degradação massiva de ambição. Segundo ele, fontes limpas e alternativas não dariam conta de suprir toda demanda energética do país, que, por isso, precisaria recorrer a fontes poluentes, como as termelétricas à carvão.

Segundo cálculos da Ong Climate Action Tracker, que acompanha o emprenho dos países nessa seara, a nova meta japonesa coloca o país em saia justa – até 2020, as emissões do Japão terão aumentado 3,1% acima dos níveis de 1990, acrescentando milhões de toneladas de CO2e na atmosfera.

Alguém viu algum ministro australiano na COP?

A Austrália decidiu rebaixar o nível da sua delegação e enviou burocratas à COP no lugar de um ministro. Na verdade, o retrocesso do país na questão climática ficou claro com a eleição de Tony Abbot para primeiro-ministro em setembro. A plataforma da Abbot sustenta a promessa de revogar impostos sobre o carbono no país.

Aos burocratas enviados à COP 19 foi dada a instrução expressa de que a delegação não deverá inscrever o país em nenhum novo acordo climático que envolva gastar dinheiro ou cobrar impostos, e que exclua a Austrália de desempenhar qualquer papel em uma possível transferência de riqueza dos países ricos para as nações em desenvolvimento.


Um dos pontos principais em debate na Conferência do clima da ONU é o acerto de um compromisso por parte dos países ricos de doar US$ 100 bilhões a partir de 2020 para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com os impactos das mudanças climáticas.

Canadá já jogou a toalha

Em 2011, o Canadá decidiu se retirar do Protocolo de Kyoto, acordo que cometeu as maiores economias industriais a reduzirem suas emissões anuais de CO2 para abaixo dos níveis de 1990. Por conta de sua “inação”, o Canadá recebeu o prêmio "Fóssil da descrença", dado pelo Greenpeace, durante as negociações climáticas da ONU em Varsóvia.

Por trás da postura letárgica do país, está o fato de o Canadá ter se tornado muito rico como o maior fornecedor de petróleo para os EUA - em menos de 20 anos, o PIB do Canadá triplicou para US$ 1,8 trilhão. Com planos de crescer ainda mais, o governo canadense rejeita qualquer coisa que acreditar ser prejudicial ao crescimento econômico.

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São Paulo – Enquanto os Estados Unidos vêm demonstrando disposição em reduzir suas emissões a partir de combustíveis fósseis, outros países desenvolvidos parecem regredir. Depois do Canadá e da Austrália , foi a vez do Japão dar um passo atrás e anunciar cortes em sua meta de redução de emissões.

Na reta final da COP 19 , a reunião da ONU sobre o clima , que acontece na Polônia, o país anunciou que vai cortar sua meta de redução de emissões de CO2 dos prometidos 25% para meros 3,8% até 2020, em relação às emissões de 2005.

O desligamento da indústria nuclear japonesa, em 2011, foi o argumento que o representante do país na Conferência, Yoshihide Suga, deu para justificar a degradação massiva de ambição. Segundo ele, fontes limpas e alternativas não dariam conta de suprir toda demanda energética do país, que, por isso, precisaria recorrer a fontes poluentes, como as termelétricas à carvão.

Segundo cálculos da Ong Climate Action Tracker, que acompanha o emprenho dos países nessa seara, a nova meta japonesa coloca o país em saia justa – até 2020, as emissões do Japão terão aumentado 3,1% acima dos níveis de 1990, acrescentando milhões de toneladas de CO2e na atmosfera.

Alguém viu algum ministro australiano na COP?

A Austrália decidiu rebaixar o nível da sua delegação e enviou burocratas à COP no lugar de um ministro. Na verdade, o retrocesso do país na questão climática ficou claro com a eleição de Tony Abbot para primeiro-ministro em setembro. A plataforma da Abbot sustenta a promessa de revogar impostos sobre o carbono no país.

Aos burocratas enviados à COP 19 foi dada a instrução expressa de que a delegação não deverá inscrever o país em nenhum novo acordo climático que envolva gastar dinheiro ou cobrar impostos, e que exclua a Austrália de desempenhar qualquer papel em uma possível transferência de riqueza dos países ricos para as nações em desenvolvimento.


Um dos pontos principais em debate na Conferência do clima da ONU é o acerto de um compromisso por parte dos países ricos de doar US$ 100 bilhões a partir de 2020 para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com os impactos das mudanças climáticas.

Canadá já jogou a toalha

Em 2011, o Canadá decidiu se retirar do Protocolo de Kyoto, acordo que cometeu as maiores economias industriais a reduzirem suas emissões anuais de CO2 para abaixo dos níveis de 1990. Por conta de sua “inação”, o Canadá recebeu o prêmio "Fóssil da descrença", dado pelo Greenpeace, durante as negociações climáticas da ONU em Varsóvia.

Por trás da postura letárgica do país, está o fato de o Canadá ter se tornado muito rico como o maior fornecedor de petróleo para os EUA - em menos de 20 anos, o PIB do Canadá triplicou para US$ 1,8 trilhão. Com planos de crescer ainda mais, o governo canadense rejeita qualquer coisa que acreditar ser prejudicial ao crescimento econômico.

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