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Campanha eleitoral termina na Itália em clima de incerteza

Segundo pesquisas, não há nenhum partido com uma clara maioria parlamentar capaz de formar um governo estável no país


	Homem passa em frente a cartazes na Itália: pela 1ª vez no período do pós-guerra, as eleições acontecem no inverno e o clima pode influenciar o comparecimento às urnas
 (Filippo Monteforte/AFP)

Homem passa em frente a cartazes na Itália: pela 1ª vez no período do pós-guerra, as eleições acontecem no inverno e o clima pode influenciar o comparecimento às urnas (Filippo Monteforte/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2013 às 13h14.

Roma - Os principais candidatos italianos concluem nesta sexta-feira a campanha para as eleições legislativas de domingo e segunda-feira, das quais as pesquisas não apontam algum partido com uma clara maioria parlamentar capaz de formar um governo estável em um dos países mais endividados da Eurozona.

Ao longo do dia acontecerão vários comícios em Roma, Nápoles e Florença, assim como entrevistas na televisão e em emissoras de rádio, antes do início do "silêncio eleitoral" às 23H00 GMT (20H00 de Brasília) desta sexta-feira.

Os líderes das principais coalizões aproveitam para lançar as últimas críticas aos adversários.

"Silvio Berlusconi não consegue distinguir em sua cabeça entre a verdade e a mentira", disse Pier Luigi Bersani, líder da centroesquerda, que segundo as pesquisas será o vencedor.

"Ao contrário de quem berra, eu olho para as pessoas nos olhos", completou, em referência ao humorista convertido em político Beppe Grillo, que à frente do Movimento Cinco Estrelas (MCE) catalisa o voto de protesto e não para de gritar, microfone na mão, nos comícios.

"Há dois Mario Monti: o conhecemos elegante e humilde e agora é mau, ofensivo e ávido de poder", disse Silvio Berlusconi sobre o atual chefe de Governo, que entrou em campanha em dezembro.

As pesquisas mais recentes apontam a vitória de Bersani com quase 34% das intenções de voto, seguido pela coalizão de direita de Silvio Berlusconi, com quase 30%.

Beppe Grillo e o MCE ficariam com 17% e a coalizão de centro de Mario Monti com entre 10% e 12%.


A preocupação dos partidos e da comunidade internacional sobre um risco de ingovernabilidade na terceira maior economia da Eurozona é provocada pelas particularidades da legislação eleitoral italiana.

A lei concede a maioria absoluta na Câmara dos Deputados à coalizão vencedora, mesmo que seja por apenas um voto, enquanto no Senado a maioria é concedida a cada uma das 20 regiões, o que torna impossível prever a composição final da Câmara Alta.

"Ainda há 10% de indecisos, devem definir os votos no último minuto em função da televisão ou do conselho de algum amigo, além de 20% que optam pela abstenção", disse à AFP Renato Mannheimer, analista de pesquisas.

Mannheimer aposta em uma vitória da esquerda na Câmara dos Deputados, mas no Senado a situação é imprevisível e dependerá sobretudo dos resultados na Lombardia, Sicília, Campania e Veneto.

Segundo vários cientistas políticos, caso conquiste a maioria no Senado, Bersani pode fechar uma aliança com Monti.

Mas como destaca uma análise política do banco Crédit Suisse, inclusive neste cenário, "não se sabe se o governo terá cadeiras suficientes para garantir uma forte maioria nem se a coalizão será suficientemente estável".

Outra incógnita que pesa sobre a votação é o tempo. Pela primeira vez no período do pós-guerra, as eleições acontecem no inverno e o clima pode influenciar o comparecimento às urnas.

As pessoas mais velhas podem desistir de votar, o que, na opinião dos analistas, afetaria sobretudo Silvio Berlusconi. Jovens militantes do PD de Bersani organizaram em algumas cidades, como Padua, um serviço para acompanhar as pessoas da terceira idade até os locais de votação.

Ao lado das legislativas, os eleitores de três regiões italianas, a rica e grande Lombardia, a estratégica Latium, que abriga a capital, e a pequena Molise, também escolherão seus governantes após os escândalos que provocaram as renúncias de seus dirigentes de direita.

No total, mais de 47 milhões de italianos estão registrados para votar nas legislativas, 13 milhões deles também votarão nas regionais. Os locais de votação ficarão abertos de 7H00 GMT (4H00 de Brasília) às 21H00 GMT (18H00 de Brasília) de domingo e de 6H00 GMT (3H00 de Brasília) às 14H00 GMT (11H00 de Brasília) de segunda-feira.

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