David Cameron: ele afirmou que introduzirá uma lei para legalizar o acesso do serviço secreto às comunicações dos cidadãos (Lynne Cameron/Pool/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2015 às 12h57.
Londres - O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse nesta segunda-feira que dará mais poderes ao serviço secreto britânico para espionar comunicações privadas, com o objetivo de prevenir o terrorismo, se vencer as eleições de maio.
Em um ato em Nottingham para apresentar o manifesto do Partido Conservador, Cameron afirmou que introduzirá uma lei para legalizar o acesso do serviço secreto às comunicações dos cidadãos, especialmente as digitais, e suas atividades na internet.
"O primeiro dever de qualquer governo é proteger o país e os cidadãos", declarou.
Segundo o primeiro-ministro, os atentados da semana passada em Paris "demonstraram mais uma vez a escala da ameaça terrorista que enfrentamos e a necessidade das agências de segurança e inteligência e da polícia de terem fortes poderes para manter nossa gente a salvo".
A atual lei sobre o acesso às comunicações privadas expira em 2016, por isso o governo que sair das eleições de 7 de maio terá que legislar sobre o assunto, em meio a um debate no Reino Unido entre os que defendem ampliar as competências do Estado e os que defendem o direito à privacidade.
Até agora, Cameron não conseguiu dar ao serviço secreto poderes para examinar livremente todas as comunicações em função da oposição de organizações de defesa dos direitos humanos, da opinião pública e dos liberais-democratas, que fazem parte da base do governo.
"Se for eleito primeiro-ministro, me assegurarei que exista uma lei bem completa que garanta que não permitiremos aos terroristas ter um espaço seguro para se comunicarem entre eles", afirmou.
O acesso às comunicações dos cidadãos foi motivo de debate desde que o ex-analista da agência de segurança americano NSA Edward Snowden revelou programas secretos de espionagem em massa dos governos britânico e dos Estados Unidos.
O Executivo de Cameron aumentou as competências das agências de segurança ao permitir o cancelamento no Reino Unido do passaporte de supostos jihadistas britânicos, e que se negue temporariamente o retorno ao país de cidadãos britânicos que tenham combatido em locais como Síria e Iraque.
A lei, que atualmente tramita no parlamento, foi alvo de crítica por parte de deputados e organizações defensoras dos direitos humanos, pois o veto de entrada seria feito sem ordem judicial e o suspeito poderia se transformar em um apátrida. EFE