Rainha dará diretrizes sobre o Brexit em seu discurso
Com o processo de saída na União Europeia, várias das leis que hoje regem o país caem por terra
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2017 às 06h10.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h43.
Depois de ter seu pronunciamento oficial adiado, a rainha Elizabeth II finalmente anunciará o início de um novo ano legislativo, com a formação de um novo Parlamento britânico e o início das negociações de saída da União Europeia. O discurso estava marcado para a segunda-feira 19, mas precisou ser transferido para esta quarta-feira devido às indefinições em relação à maioria na casa legislativa. Com o desempenho decepcionante do partido Conservador nas urnas, ainda pairam dúvidas se a primeira-ministra Theresa May c onseguirá se manter no cargo.
O discurso da rainha deve ditar as diretrizes para os próximos encaminhamentos legislativos no Reino Unido, e anunciar as propostas do executivo para o ano. Com o processo de saída na União Europeia, várias das leis que hoje regem o país caem por terra, e será papel dos parlamentares, nos próximos dois anos, criar novas leis para o país nas mais diversas áreas: imigração, alfândega, proteção de dados, segurança nuclear, dentre outras. Há cerca de 19.000 leis para repor, e o processo não poderá contar com a tramitação e o debate usuais, sob o risco de alguma área ficar descoberta quando o Brexit for concluído.
Para evitar o caos legal e financeiro, está no centro das atenções o que se chama de “Great Repeal Bill”, processo que além de excluir oficialmente o país da União Europeia, transpõe as leis do bloco para a lei britânica. Mas isso não quer dizer que o texto legal deixará de ser discutido incessantemente daqui para a frente.
No atual cenário de indefinição no Parlamento, as cartas a serem dadas pela rainha serão usadas pela oposição, especialmente pelo partido Trabalhista, como armas para conseguir manobrar o país rumo a um Brexit mais brando e a políticas sociais mais inclusivas — propostas contrárias aos desejos de Theresa May. O debate no legislativo será tão intenso nos próximos dois anos que já ficou avisado: em 2018, não haverá o tradicional discurso de Elizabeth II, e ela só retorna ao Parlamento em 2019, quando o Brexit estiver concluído. Que comecem as discussões.