Brexit ameaça transformar Reino Unido em reino dividido
A maioria dos britânicos (52%) votou na quinta-feira no referendo sobre a Europa a favor da saída da UE, enquanto 48% queria seguir fazendo parte do bloco
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2016 às 11h23.
Londres - A vitória do " brexit ", a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), ameaça transformar a monarquia britânica em um reino dividido, com a Escócia reivindicando um novo referendo de independência e com a fragilidade da paz na Irlanda do Norte, também favorável à continuidade no bloco comunitário.
A maioria dos britânicos (52%) votou na quinta-feira no referendo sobre a Europa a favor da saída da UE, enquanto 48% queria seguir fazendo parte do bloco.
Este número contrasta com os resultados da Escócia, onde 62% dos cidadãos foram favoráveis a continuar na UE, contra 38% que votaram pelo "brexit", e com os da Irlanda do Norte, com 55,7% dos votos em favor da continuidade contra 44,2%.
Este cenário revela um panorama conflituoso no qual o sentimento de afeição pela Europa é muito superior na Escócia e na Irlanda do Norte do que na Inglaterra ou em Gales.
As reações não demoraram e a primeira-ministra do governo escocês, Nicola Sturgeon, disse hoje que "é altamente provável" que outro referendo de independência seja convocado na Escócia, depois que o Reino Unido tenha votado pela saída da UE.
A intenção da líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP, sigla em inglês) é fazer "o possível" para manter a Escócia na UE, o que inclui analisar a possibilidade desta nova consulta.
Após qualificar o resultado como "sólido e inequívoco", Sturgeon insistiu que a apuração "deixa claro que os escoceses veem seu futuro dentro da União Europeia".
Em seu programa eleitoral para as eleições gerais de 2015, o SNP detalhou que deveria haver uma mudança "material e significativa" nas circunstâncias políticas para voltar a pressionar por um referendo de independência.
Esse momento parece ter chegado depois que, em setembro de 2014, os escoceses rejeitaram a separação do Reino Unido em uma consulta na qual a permanência venceu com 55% dos votos.
A rejeição ao "brexit" na Irlanda do Norte também levou hoje o partido republicano Sinn Féin, sócio do Partido Democrático Unionista (DUP, sigla em inglês) no Executivo de Belfast, cujo poder é compartilhado entre protestantes e católicos, a pedir a Londres a convocação de um referendo sobre a unificação irlandesa.
O vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte e "número 2" desse partido, Martin McGuinness, afirmou que o "governo britânico não tem um mandato democrático para representar os interesses" da província nas futuras negociações com a UE.
"Acredito que existe agora um imperativo democrático para se realizar uma consulta sobre a situação das fronteiras", opinou o dirigente nacionalista, ex-comandante do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA, sigla em inglês) durante o antigo conflito na região.
Da mesma forma que o governo da República da Irlanda, o Sinn Féin tinha advertido durante a campanha que o "brexit" afetaria a economia da ilha da Irlanda, na qual desapareceram os postos fronteiriços entre as duas jurisdições (a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte), e poria em risco o processo de paz na província britânica.
A premiê norte-irlandesa, a unionista Arlene Foster, disse, por sua vez, que está "encantada" com a saída do Reino Unido da UE, apesar de a maioria do eleitorado da província britânica ter rejeitado o "brexit" no referendo de ontem.
"Acho que é um bom resultado para o Reino Unido. Nossa nação deixou claro como quer avançar no futuro", disse a líder do DUP, o principal representante da comunidade unionista-protestante na Irlanda do Norte e que defende a união da região com a monarquia britânica.
Para Foster, cujo partido fez campanha em favor do "brexit", o "não" do eleitorado do Reino Unido à permanência no bloco comunitário supôs um voto pela "esperança" e "pelo potencial" do país no futuro.
Por outro lado, o primeiro-ministro irlandês, o democrata-cristão Enda Kenny, lamentou que o Reino Unido tivesse tomado essa decisão, mas reiterou que a "relação sólida e estreita" entre ambos os países continuará.
"Lamento muito", disse o chefe do governo em Dublin após analisar o impacto da vitória do "brexit" no referendo com seu conselho de ministros em uma reunião de emergência.
Agora, a ruptura de Londres com Bruxelas transformou a fronteira da República da Irlanda com a província britânica da Irlanda do Norte, que era inexistente, na única barreira física entre o Reino Unido e a UE.
Londres - A vitória do " brexit ", a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), ameaça transformar a monarquia britânica em um reino dividido, com a Escócia reivindicando um novo referendo de independência e com a fragilidade da paz na Irlanda do Norte, também favorável à continuidade no bloco comunitário.
A maioria dos britânicos (52%) votou na quinta-feira no referendo sobre a Europa a favor da saída da UE, enquanto 48% queria seguir fazendo parte do bloco.
Este número contrasta com os resultados da Escócia, onde 62% dos cidadãos foram favoráveis a continuar na UE, contra 38% que votaram pelo "brexit", e com os da Irlanda do Norte, com 55,7% dos votos em favor da continuidade contra 44,2%.
Este cenário revela um panorama conflituoso no qual o sentimento de afeição pela Europa é muito superior na Escócia e na Irlanda do Norte do que na Inglaterra ou em Gales.
As reações não demoraram e a primeira-ministra do governo escocês, Nicola Sturgeon, disse hoje que "é altamente provável" que outro referendo de independência seja convocado na Escócia, depois que o Reino Unido tenha votado pela saída da UE.
A intenção da líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP, sigla em inglês) é fazer "o possível" para manter a Escócia na UE, o que inclui analisar a possibilidade desta nova consulta.
Após qualificar o resultado como "sólido e inequívoco", Sturgeon insistiu que a apuração "deixa claro que os escoceses veem seu futuro dentro da União Europeia".
Em seu programa eleitoral para as eleições gerais de 2015, o SNP detalhou que deveria haver uma mudança "material e significativa" nas circunstâncias políticas para voltar a pressionar por um referendo de independência.
Esse momento parece ter chegado depois que, em setembro de 2014, os escoceses rejeitaram a separação do Reino Unido em uma consulta na qual a permanência venceu com 55% dos votos.
A rejeição ao "brexit" na Irlanda do Norte também levou hoje o partido republicano Sinn Féin, sócio do Partido Democrático Unionista (DUP, sigla em inglês) no Executivo de Belfast, cujo poder é compartilhado entre protestantes e católicos, a pedir a Londres a convocação de um referendo sobre a unificação irlandesa.
O vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte e "número 2" desse partido, Martin McGuinness, afirmou que o "governo britânico não tem um mandato democrático para representar os interesses" da província nas futuras negociações com a UE.
"Acredito que existe agora um imperativo democrático para se realizar uma consulta sobre a situação das fronteiras", opinou o dirigente nacionalista, ex-comandante do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA, sigla em inglês) durante o antigo conflito na região.
Da mesma forma que o governo da República da Irlanda, o Sinn Féin tinha advertido durante a campanha que o "brexit" afetaria a economia da ilha da Irlanda, na qual desapareceram os postos fronteiriços entre as duas jurisdições (a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte), e poria em risco o processo de paz na província britânica.
A premiê norte-irlandesa, a unionista Arlene Foster, disse, por sua vez, que está "encantada" com a saída do Reino Unido da UE, apesar de a maioria do eleitorado da província britânica ter rejeitado o "brexit" no referendo de ontem.
"Acho que é um bom resultado para o Reino Unido. Nossa nação deixou claro como quer avançar no futuro", disse a líder do DUP, o principal representante da comunidade unionista-protestante na Irlanda do Norte e que defende a união da região com a monarquia britânica.
Para Foster, cujo partido fez campanha em favor do "brexit", o "não" do eleitorado do Reino Unido à permanência no bloco comunitário supôs um voto pela "esperança" e "pelo potencial" do país no futuro.
Por outro lado, o primeiro-ministro irlandês, o democrata-cristão Enda Kenny, lamentou que o Reino Unido tivesse tomado essa decisão, mas reiterou que a "relação sólida e estreita" entre ambos os países continuará.
"Lamento muito", disse o chefe do governo em Dublin após analisar o impacto da vitória do "brexit" no referendo com seu conselho de ministros em uma reunião de emergência.
Agora, a ruptura de Londres com Bruxelas transformou a fronteira da República da Irlanda com a província britânica da Irlanda do Norte, que era inexistente, na única barreira física entre o Reino Unido e a UE.