Brasil observa eleição na Venezuela com ‘preocupação e confiança’, diz Amorim
Assessor especial de Lula lamentou a ausência da União Europeia como observador internacional no pleito de 28 de julho, e considerou que o bloco poderia ter evitado o conflito com o governo Maduro
Agência de notícias
Publicado em 12 de julho de 2024 às 16h06.
Última atualização em 12 de julho de 2024 às 16h08.
O governo brasileiro está acompanhando com atenção o processo eleitoral na Venezuela , e vê com preocupação o fato de que a eleição presidencial de 28 de julho não contará com um observador internacional de peso.
O conflito entre o governo de Nicolás Maduro e a União Europeia ( UE ), que levou à decisão da Venezuela de suspender o convite ao bloco europeu para atuar como observador, é lamentado por assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que consideram que os europeus poderiam ter evitado uma situação que “enfraquece" o processo.
O governo Maduro retirou a UE da lista de observadores argumentando que o bloco se comprometera a suspender sanções contra o país e contra funcionários venezuelanos e não cumprira sua palavra. De fato, a UE mantém todas as sanções contra a Venezuela e contra autoridades do país, entre elas a vice-presidente, Delci Rodríguez.
— Quem criou o problema foi a UE — afirma o ex-chanceler e assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, e acrescenta:
— Não se pode observar uma eleição com sanções contra uma das partes —.
Segundo ele, “a UE seria a única que teria condições de fazer uma observação espalhada, mais ampla”.
— Teremos de confiar no Conselho Nacional Eleitoral (CNE) — assegura Amorim, que disse acompanhar o processo venezuelano com “preocupação e confiança”.
Sem a UE, estarão entre os observadores internacionais da eleição venezuelana o Centro Carter, o Conselho de Especialistas Eleitorais da América Latina (Ceela) e a União Africana, entre outros, com muito menos experiência e capacidade de cobrir todo o território que o bloco europeu.
Brasil, Colômbia e Estados Unidos são os três países mais atentos e atuantes no processo eleitoral venezuelano, com diferentes graus de envolvimento. Recentemente, os EUA retomaram negociações com o governo Maduro, interessado, principalmente, em desbloquear recursos econômicos de seu país que foram congelados em consequência das sanções.
Brasil e Colômbia mantém diálogo com o Palácio Miraflores, e serão essenciais na hora de reconhecer o resultado — seja qual for — da disputa entre Maduro e seus opositores, principalmente Edmundo González Urrutia, candidato que está à frente em várias pesquisas e conta com o apoio da líder opositora María Corina Machado, hoje a dirigente com melhor imagem do país.