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Brasil enfrenta paradoxo ambiental ao rechaçar hidrelétricas

Segundo presidente da Empresa de Pesquisa Energética, se o país tivesse mais hidrelétricas, poderia deixar o carvão de lado


	O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim: "O ideal para o Brasil é expandir com térmicas à gás e não a carvão, por questões ambientais"
 (José Cruz/ABr)

O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim: "O ideal para o Brasil é expandir com térmicas à gás e não a carvão, por questões ambientais" (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2013 às 14h03.

Rio de Janeiro - O Brasil enfrenta um paradoxo ambiental ao rechaçar a construção de novas hidrelétricas com grandes reservatórios e conviver com a possibilidade de novas usinas à carvão voltarem a matriz energética, disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, nesta quinta-feira.

"Se tivesse mais reservatório poderíamos deixar o carvão de lado. Mas, se hoje é difícil fazer usina sem reservatório, imagina com reservatório", disse Tolmasquim a jornalistas. "É um paradoxo ambiental que representa a escolha feita pela sociedade. O sinal que vem hoje é de resistência à geração hidrelética", acrescentou ele.

Por restrições ambientais, as usinas hidrelétricas com grandes reservatórios foram deixadas de lado nos últimos anos e, para evitar polêmicas e transtornos comuns a esse tipo de empreendimento --como alagamento e desapropriações que muitas vezes envolvem terras indígenas--, o governo brasileiro migrou para projetos de usinas à fio d'água, sem reservatórios de acumulação de água.

No leilão A-5 deste ano, que contrata energia a ser entregue a partir de 2018, está prevista a participação de energia térmica à carvão, tipo de geração mais poluente e que, no passado, já foi muito condenada pelos ambientalistas.

As usinas à carvão não entram em um leilão promovido pelo governo desde 2008.

O presidente da EPE ressaltou que "torce" para que a oferta de gás natural aumente no país no próximos anos para que a geração térmica com esse combustível volte a ganhar espaço na matriz e, consequentemente, afaste a fontes mais poluentes.

"O ideal para o Brasil é expandir com térmicas à gás e não a carvão, por questões ambientais. O setor elétrico torce para que o leilão da ANP mude esse cenário", disse Tolmasquim.

No momento, o gás disponível é caro e, no caso do pré-sal, está sendo usado prioritariamente na injeção nos poços para aumentar a vazão/produção de petróleo. Além disso, o gás do pré-sal se encontra a longa distância da costa o que torna o produto ainda mais caro. "O carvão volta porque o gás não está competitivo. O GNL também está caro", disse Tolmasquim.

O GNL, gás natural liquefeito, que seria outra alternativa para as térmicas à gás, também está com preços elevados no mercado internacional. O Brasil importa o GNL de vários mercados e a Petrobras estima trazer só esse ano 60 cargas para atender o mercado.

Em novembro, a ANP vai realizar o primeiro leilão de gás não convencional com a perspectiva de empresas poderem encontrar gás em terra, ou seja, a custo menor e mais perto dos centros de consumo. "Se acharmos gás em terra o ideal é fazer térmica em ciclo combinado na boca do poço para jogar direto do sistema elétrico. Já temos um bom exemplo no Maranhão", disse o secretário de Planejamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho.

NUCLEAR O presidente da EPE disse ainda que o governo está reavaliando a construção de ao menos 4 usinas nucleares até 2030. O compromisso está no Plano Nacional de Energia 2030, mas o governo já está elaborando um plano mais amplo até 2050.

"O plano 2030 é para 4 usinas e acho que temos que olhar e reavaliar até por conta do acidente de Fukushima, no Japão... O tempo fica apertado até 2030", disse Tolmasquim.

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