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Brasil desafia política externa dos EUA ao visitar Irã, diz Financial Times

Para o Financial Times, a visita se tornou um esforço para o Brasil encontrar um meio termo na disputa entre EUA e Irã

Lula e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad: visita é encarada como uma afronta aos interesses diplomáticos norte-americanos.  (.)

Lula e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad: visita é encarada como uma afronta aos interesses diplomáticos norte-americanos. (.)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2010 às 12h35.

São Paulo - O jornal britânico Financial Times publicou uma reportagem nesta sexta-feita em que avalia a diplomacia brasileira. Segundo o veículo, ao tentar mediar um diálogo com o Irã a respeito do seu programa nuclear, o Brasil "desafia a política externa dos Estados Unidos".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem ao exterior desde a última terça-feira, chega sábado à noite à capital iraniana, Teerã. Para o Financial Times, a visita se tornou o foco de "esforços diplomáticos intensos, em meio à esperança brasileira de encontrar um meio termo na disputa e aos temores americanos de que Lula possa complicar os esforços para chegar a uma resolução na ONU que estabeleça sanções ao Irã".

O presidente brasileiro permanece no país entre os dias 16 e 17, e tem um encontro marcado com o presidente Mahmoud Ahmadinejad, o aiatolá Ali Khamenei e o presidente do parlamento iraniano Ali Larijani.

De acordo com o jornal, as autoridades americanas reconhecem que a tentativa brasileira de seguir um caminho diplomático próprio - assim como outras "potências emergentes", como a Turquia - são um novo desafio para a política externa dos EUA. Na última quinta-feira, o governo americano sinalizou que espera que a visita de Lula ao Irã seja o último passo na busca de diálogo antes da aplicação de medidas duras.

O embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, disse ao Financial Times que, à medida que o Brasil se torna mais afirmativo globalmente e começa a afirmar sua influência, acaba trombando com novos temas, como o Irã, o Oriente Médio e o Haiti. Para Shannon, embora "positiva de uma maneira geral", a postura brasileira "está nos desafiando, porque significa que temos de repensar a forma como entendemos nosso relacionamento".

O presidente Lula declarou nesta sexta estar confiante de que conseguirá convencer o Irã a fechar um acordo sobre seu programa nuclear. "Farei meu melhor para convencer meus parceiros da necessidade de diálogo", disse, em comentários traduzidos no Kremlin, após se reunir com o presidente russo, Dmitri Medvedev.

O Brasil não está disposto a apoiar a quarta rodada de sanções contra o Irã na ONU até que todas as vias de diálogo estejam esgotadas. Perguntado quais as chances de um acordo durante sua visita ao país numa escala de zero a dez, Lula disparou: "Eu daria 9,9".

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