Mundo

Brasil verá lei agropecuária dos EUA sem descartar sanções

Luiz Alberto Figueiredo disse que o governo examinará "com lupa" a nova lei agropecuária para comprovar se satisfaz exigências em relação à redução de subsídios


	Luiz Alberto Figueiredo: "vamos ver com muito cuidado, com lupa, para ter a certeza que nossas preocupações foram atendidas", disse
 (Evaristo Sa/AFP)

Luiz Alberto Figueiredo: "vamos ver com muito cuidado, com lupa, para ter a certeza que nossas preocupações foram atendidas", disse (Evaristo Sa/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2014 às 22h43.

Washington - O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, disse nesta quinta-feira que o governo examinará "com lupa" a nova lei agropecuária dos Estados Unidos para comprovar se satisfaz suas exigências em relação à redução de subsídios americanos ao algodão, sem descartar ainda a possibilidade de represálias comerciais.

"Vamos ver com muito cuidado, com lupa, para ter a certeza que nossas preocupações foram atendidas", disse Figueiredo em entrevista coletiva após reunir-se em Washington com o Alto Representante dos EUA para o Comércio Exterior, Michael Froman.

Segundo explicou o chanceler, Froman lhe assegurou que a nova lei, aprovada nesta quarta-feira na Câmara dos Representantes e pendente de respaldo no Senado, "atende as preocupações brasileiras" em relação litígio comercial sobre o algodão.

"Vamos analisar (a lei) até que estejamos plenamente convencidos que a lei faz o que eles dizem que faz, que é atender as preocupações brasileiras e eliminar os subsídios de maneira considerável", declarou Figueiredo.

"Mas disse claramente a Mike Froman que as represálias para nós são uma possibilidade", garantiu o ministro, acrescentando que "todas as opções seguem sobre a mesa".

O ministro das Relações Exteriores calculou que o processo de revisão da lei agropecuária americano levará ao governo brasileiro "até dois meses" e lembrou que a decisão de tomar represálias não corresponderia a seu Ministério, mas à Câmara de Comércio Exterior (Camex).

A Camex, vinculada ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, iniciou neste mês consultas com as partes interessadas no conflito do algodão, a fim de decidir antes do próximo dia 28 de fevereiro se impõe sanções aos EUA.

Essa avaliação surgiu em resposta à decisão dos Estados Unidos de suspender as indenizações mensais que mantinha aos produtores de algodão brasileiros por causa de uma decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC), a fim de compensar os subsídios concedidos aos produtores americanos.

A OMC autorizou em 2009 o Brasil a aplicar represálias comerciais no valor de US$ 829 milhões aos EUA pelos subsídios ilegais ao algodão, mas essas sanções estavam suspensas em virtude de um acordo alcançado um ano depois por ambos países e no qual o governo americano se comprometeu a eliminar as ajudas e a pagar compensações até aprovar uma nova lei agrária.

Em agosto do ano passado, o secretário de Agricultora dos Estados Unidos, Tom Vilsack, anunciou a suspensão dos pagamentos ao alegar que a lei agrária expiraria em 30 de setembro de 2013 e correspondia ao Congresso aprovar uma nova lei que solucionasse o assunto.

"Eles prometeram que a nova lei resolveria a situação", ressaltou hoje Figueiredo.

A lei agropecuária aprovada na quarta-feira na Câmara autoriza uma despesa de US$ 956 bilhões em cinco anos, incluindo subsídios aos produtores americanos.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAgropecuáriaDiplomaciaEstados Unidos (EUA)ItamaratyLuiz Alberto FigueiredoMinistério das Relações ExterioresPaíses ricos

Mais de Mundo

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal

Milei insiste em flexibilizar Mercosul para permitir acordos comerciais com outros países

Trump escolhe Stephen Miran para chefiar seu conselho de assessores econômicos