Diplomata Lakhdar Brahimi tem 78 anos e vasta experiência diplomática no Oriente Médio (Mohamed Nureldin Abdallah/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2012 às 19h33.
Nações Unidas - O novo representante especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, anunciou nesta terça-feira que nos próximos dias visitará o Cairo e em seguida Damasco para se reunir com as autoridades sírias, dando início a sua ''difícil missão'' mediadora para deter o conflito no país árabe.
Brahimi comunicou seus primeiros passos como mediador durante a Assembleia Geral da ONU, onde se comprometeu a trabalhar para conseguir ''uma transição que respeite as aspirações legítimas do povo sírio'', por isso pediu o apoio ''urgente e indispensável'' do conjunto da comunidade internacional.
O novo mediador internacional para a Síria, de 78 anos e com vasta experiência diplomática no Oriente Médio, reconheceu logo após começar seu breve discurso ao plenário da ONU que enfrenta uma ''missão difícil'', já que a situação na Síria é ''grave e piora constantemente''.
''O número de mortos é assombroso, a destruição alcança proporções catastróficas e o sofrimento é imenso'', disse Brahimi, que detalhou que em sua primeira escala como mediador se reunirá no Cairo com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Araby, embora não tenha dado detalhes sobre com quem se encontrará quando chegar à Síria.
O ex-ministro argelino disse estar ''querendo'' chegar a Damasco ''nos próximos dias'', e manifestou sua intenção de visitar ''todos os países que estiverem em posição de ajudar a transformar em realidade um processo de transição na Síria liderado pelos próprios sírios''.
''O futuro da Síria será construído por seu povo e ninguém mais. O apoio da comunidade internacional é indispensável e urgente, e só será efetivo se todos agirem na mesma direção'', disse Brahimi, que declarou perante os Estados-membros da ONU que não poupará ''nenhum esforço'' para ''encontrar a paz para o povo sírio''.
O discurso do representante no plenário da ONU aconteceu em meio ao aumento da violência no país árabe e depois que ele mesmo reconheceu publicamente que sua missão mediadora é ''quase impossível'' em entrevista concedida ontem à ''BBC''.
Brahimi assumiu em 1º de setembro seu cargo em substituição a Kofi Annan, que renunciou em 2 de agosto a seu cargo de enviado especial para a Síria após denunciar que haveria falta de vontade para solucionar a situação tanto entre as partes em conflito como no seio da comunidade internacional.
O novo mediador iniciou hoje sua agenda na ONU em uma reunião com o embaixador da Alemanha perante Nações Unidas, Peter Wittig, presidente do Conselho de Segurança em setembro, e depois manteve um encontro conjunto com seu antecessor e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Na sessão da Assembleia Geral também esteve Ban, que reconheceu que a missão de Brahimi é ''desalentadora, mas não perdida'' e pediu o apoio unitário e efetivo'' da comunidade internacional.