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Brahimi busca retomar mediação na Síria

Brahimi se reuniu na sede da ONU em Genebra com os vice-chanceleres da Rússia e dos Estados Unidos, Mikhail Bogdánov e William Burns


	Lakhdar Brahimi: Brahimi disse que o plano proposto no domingo por Assad "não é diferente" dos anteriores, e sim "mais sectário e unilateral".
 (©afp.com / STR)

Lakhdar Brahimi: Brahimi disse que o plano proposto no domingo por Assad "não é diferente" dos anteriores, e sim "mais sectário e unilateral". (©afp.com / STR)

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Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2013 às 15h00.

Genebra - O enviado especial da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, tentou nesta sexta-feira retomar seu trabalho como mediador depois que Damasco o acusou de se posicionar a favor da oposição e descartou que nas atuais circunstâncias seja possível uma solução do conflito a curto prazo.

Brahimi se reuniu na sede da ONU em Genebra com os vice-chanceleres da Rússia e dos Estados Unidos, Mikhail Bogdánov e William Burns, em sua segunda rodada de contatos para buscar uma saída para a guerra na Síria.

A reunião terminou sem conclusões importantes, além do esforço de Brahimi para retomar seu trabalho após ser criticado pelas declarações que fez na quarta-feira à "BBC".

Em uma entrevista, Brahimi criticou o plano proposto pelo presidente sírio, Bashar al Assad, para se chegar a um acordo político em três fases e que exige o fim do fornecimento de armas e do apoio financeiro aos grupos rebeldes antes de um cessar-fogo do regime e a formação de um governo de consenso.

Brahimi disse que o plano proposto no domingo por Assad "não é diferente" dos anteriores, e sim "mais sectário e unilateral".

Segundo o enviado especial, Assad dissera em uma reunião prévia entre os dois que "estava pensando em uma nova iniciativa", que "teria que ser diferente de outras iniciativas do passado que não mudaram nada".


Damasco reagiu afirmando que os comentários desqualificam Brahimi como mediador em um conflito pois demonstram "uma inclinação flagrante" em favor de umas das partes.

O diplomata argelino procurou minimizar a importância da entrevista hoje em Genebra mas reforçou outras declarações: "o que eu disse é que os sírios afirmam que 40 anos de governo da família Assad são suficientes".

Brahimi negou ser contrário a um eventual órgão transitório na Síria incluir personalidades do regime de Assad, e assegurou que a oposição síria também não rejeita de maneira taxativa esta possibilidade.

"No comunicado final divulgado após a reunião, Brahimi, Bogdánov e Burns expressaram sua profunda preocupação pelo imenso sofrimento do povo sírio, que se prolonga demais", e sublinharam "a necessidade de pôr fim com rapidez" ao "derramamento de sangue, a destruição e a todo tipo de violência".

"Sublinhamos também a necessidade de uma solução política", comentou Brahimi sobre a "Declaração de Genebra", feita em junho e que tem como ponto principal a criação de um órgão governamental com representação de todas as partes, com o objetivo de facilitar a transição política na Síria.


Brahimi considerou que este continua sendo "um elemento fundamental", que conta com o apoio dos governos de Washington, Moscou e Pequim, e que voltará a expor no final do mês, quando fizer um relatório sobre seu trabalho para ser enviado ao Conselho de Segurança da ONU.

Sobre a evolução do conflito, que segundo dados da ONU já matou 60 mil pessoas desde março de 2011, o enviado especial assegurou que uma vitória militar de algumas das partes é impossível e que "não há uma solução logo ali na esquina".

Como afirmou durante meses sem sucesso seu antecessor no cargo, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, Brahimi diz que uma solução política passa por um maior envolvimento da comunidade internacional, especialmente dos membros do Conselho de Segurança da ONU, que mantêm posições díspares.

Até agora, o consenso foi impossível no Conselho de Segurança, já que Rússia e China vetaram três resoluções em favor de uma maior pressão diplomática e econômica contra a Síria.

"A comunidade internacional tem que propiciar a abertura necessária para começar de maneira eficaz a solucionar o problema", afirmou Brahimi, que não quis apontar nenhum país concretamente quando foi perguntado se vê mudanças na posição russa.

"Os russos estão preocupados como eu e como os americanos pela situação na Síria, que segue se deteriorando. Tenho a certeza que querem colaborar para uma solução", declarou. 

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