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BM: milhões de crianças vão à escola, mas não aprendem

No Brasil, apesar dos avanços educativos, o estudo adverte que no ritmo atual, levaria cerca de 75 anos para alcançar a média dos países ricos em matemática

Educação: "Essa crise de aprendizagem é uma crise moral e econômica", disse o presidente do BM (Paula Bronstein/Getty Images)

Educação: "Essa crise de aprendizagem é uma crise moral e econômica", disse o presidente do BM (Paula Bronstein/Getty Images)

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AFP

Publicado em 27 de setembro de 2017 às 21h21.

Milhões de crianças no mundo todo vão à escola, mas não aprendem o mínimo para sair da pobreza, afirma o Banco Mundial, advertindo sobre uma "crise de aprendizagem" na educação global que acentua a desigualdade social.

Apesar de em muitos casos completarem a educação primária e até mesmo a secundária, os estudantes não conseguem calcular o troco corretamente quando compram algo, não conseguem entender uma receita médica ou interpretar uma campanha publicitária, segundo um informe do BM publicado nesta terça-feira.

A escolarização sem aprendizagem não só é uma oportunidade perdida em termos de desenvolvimento, mas uma enorme de injustiça para milhões de pessoas em países de receitas médias e baixas, conclui a instituição no relatório "Aprender a cumprir a promessa da educação", em que pede que medidas urgentes sejam tomadas.

"Essa crise de aprendizagem é uma crise moral e econômica", disse o presidente do BM Jim Yong Kim, destacando que os benefícios da educação em termos de salários e saúde dependem do aprendizado.

O relatório, que sugere linhas de ação para superar essas deficiências, destaca sua preocupação de que essa crise de aprendizado amplie desigualdades sociais, em vez de reduzi-las.

Segundo o BM, "os jovens que já estão em desvantagem devido à pobreza, aos conflitos, a seu gênero ou a uma deficiência chegam à idade adulta sem as habilidades mais básicas".

Nicarágua, Uruguai e Brasil

O estudo cita falhas de alfabetização em Quênia, Tanzânia e Uganda, onde três quartos dos alunos de terceiro grau liam uma frase simples, mas não conseguiam entender. Outro exemplo é a área rural da Índia, onde no quinto ano do primário, metade dos alunos não conseguiam subtrair corretamente 46 - 17.

O documento também menciona debilidades preocupantes na América Latina. Na Nicarágua, só metade dos alunos de terceiro ano somavam corretamente 5 + 6. No Uruguai, crianças pobres do sexto ano foram avaliadas como "não competentes" em matemática, cinco vezes mais que crianças ricas.

E, no Brasil, apesar dos avanços educativos, o estudo adverte que no ritmo atual, levaria cerca de 75 anos para alcançar a média dos países ricos em matemática. Em leitura, seriam necessários 263 anos.

Segundo os indicadores internacionais de leitura, matemática e escrita, as classificações do estudante médio em um país pobre são inferiores às de 95% dos alunos dos países mais ricos.

Isso significa que muitos estudantes de alto desempenho em países pobres ficariam em níveis inferiores em um país mais rico.

Essas estatísticas não levam em conta as 260 milhões de crianças no mundo todo que não vão à escola.

O relatório sugere três recomendações.

Primeiro, as nações devem medir a aprendizagem para poder identificar problemas e traçar objetivos claros.

Elas também devem tornar as escolas mais atraentes, com professores bem formados e motivados, tecnologias adequadas e boa gestão.

Por fim, os países precisam gerar consciência social sobre a importância da aprendizagem, criando a vontade política necessária para fazer mudanças na educação, que devem envolver a sociedade.

"Uma reforma da educação é urgentemente necessária e requer persistência, assim como o alinhamento político do governo, os meios de comunicação, os empresários, os professores, os pais e os estudantes. Todos têm que valorizar e exigir um melhor aprendizado", conclui o peruano Jaime Saavedra, diretor sênior de educação do BM.

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