Portugal: Bloco de esquerda quer que país cancele visita de Bolsonaro marcada para próximo ano (Mario Proenca/Bloomberg)
EFE
Publicado em 1 de agosto de 2019 às 16h16.
Última atualização em 1 de agosto de 2019 às 16h20.
Lisboa — O Bloco de Esquerda, parceiro do governo socialista de Portugal, pediu nesta quinta-feira o cancelamento da visita do presidente Jair Bolsonaro ao país, prevista para 2020.
Em comunicado, o partido criticou as declarações de Bolsonaro sobre o ativista Fernando de Santa Cruz, que foi dado como desaparecido em 1974, em plena ditadura militar, e cujo corpo nunca foi encontrado.
Santa Cruz foi integrante do grupo Ação Popular (AP) e é pai de Felipe de Santa Cruz, atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O partido português lamentou também o fato de Bolsonaro ter usado de ironia para dizer que um dia contará o que aconteceu com Santa Cruz ao seu filho, que "não vai querer saber a verdade", em declarações que "causaram uma onda de indignação generalizada entre autoridades e políticos brasileiros.
Por isso, o partido considera que a visita de Bolsonaro indicaria ao povo "irmão" do Brasil que o Executivo português é "conivente com a constante falta de respeito à democracia demonstrada pelo atual governo" e pede ao Ministério de Exteriores seu cancelamento.
"Os portugueses não podem manter-se indiferentes frente a um presidente que, como diz a Ordem dos Advogados do Brasil, parece ignorar os fundamento do Estado Democrático de Direito, entre eles a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos", acrescenta o comunicado.
A viagem de Bolsonaro a Portugal está prevista para o início de 2020, embora ainda não tenha sido divulgada uma data concreta, e seria a primeira visita do presidente ao país desde que tomou posse.
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve presente no último mês de janeiro à posse de Bolsonaro, que lhe recebeu um dia depois.