Mundo

Blinken desembarca em Israel para negociar cessar-fogo em Gaza

Exército israelense anunciou que atacou várias instalações militares do Hezbollah, incluindo uma importante base naval em Beirute

Anthony Blinken, secretário de Estado dos EUA (Omar Havana /Getty Images)

Anthony Blinken, secretário de Estado dos EUA (Omar Havana /Getty Images)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 22 de outubro de 2024 às 10h25.

Tudo sobreGuerras
Saiba mais

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chegou nesta terça-feira, 22, a Israel, em uma nova tentativa de avançar para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e conter a escalada militar na região, enquanto prossegue a ofensiva israelense contra o Hezbollah no Líbano.

A viagem de Blinken, a 11ª ao país desde o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra o território israelense, acontece quase um mês após a expansão do conflito ao Líbano.

Nesta terça-feira, o Exército israelense anunciou que atacou várias instalações militares do Hezbollah, incluindo uma importante base naval em Beirute, ao mesmo tempo que o movimento islamista reivindicou o lançamento de foguetes contra o território de Israel e o ataque contra um tanque israelense no sul do Líbano.

Na segunda-feira, ao menos 13 pessoas, incluindo uma criança, morreram e 57 ficaram feridas no Líbano em um ataque israelense perto do maior hospital público do país, segundo um balanço atualizado divulgado pelo Ministério da Saúde.

Blinken se reunirá com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e também visitará a Jordânia.

Antes da viagem do chefe da diplomacia, o enviado americano para a região, Amos Hochstein, declarou em Beirute que Washington trabalha para acabar "o mais rápido possível" com o conflito no Líbano.

"300 alvos" no Líbano

Israel voltou a bombardear na segunda-feira o subúrbio ao sul de Beirute e anunciou que atingiu quase 300 alvos do Hezbollah em 24 horas. Também destruiu várias instalações da organização financeira Al Qard Al Hasan, vinculada ao Hezbollah, que acusa de financiar seu armamento.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh) condenou os "danos consideráveis a instalações civis" provocados pelos ataques contra a Al Qard Al Hassan.

A instituição, objeto de sanções dos Estados Unidos, é parte da rede de associações, escolas e hospitais criada pelo Hezbollah para aumentar sua influência dentro da comunidade xiita.

Pelo menos 1.489 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, quando Israel intensificou os ataques, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais. A ONU contabilizou quase 700.000 deslocados em meados de outubro.

Com a ofensiva no Líbano, Israel quer permitir o retorno para casa de quase 60.000 israelenses deslocados pelos lançamentos de projéteis do grupo xiita.

Hochstein quer aproveitar a resolução 1701 da ONU, que acabou com a guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006, como base para alcançar um novo cessar-fogo.

Segundo a resolução, apenas o Exército libanês e a força de manutenção da paz da ONU, a Unifil, podem ser mobilizados em áreas ao sul do rio libanês Litani, perto da fronteira israelense.

Ofensiva prossegue em Gaza

De modo paralelo, o Exército israelense prossegue com a ofensiva contra o Hamas em Gaza, em particular no norte do território palestino, onde pelo menos quatro palestinos morreram em bombardeios na segunda-feira, segundo a Defesa Civil.

Dezenas de milhares de habitantes de Gaza fugiram da área, cercada por tropas israelenses, desde o início da ofensiva, em 6 de outubro.

"Havia bombas de fumaça e de efeito moral. Nós fugimos com nossos filhos sem levar nada", declarou à AFP Shaima Naseer, uma refugiada de 30 anos na Cidade de Gaza, com a filha de nove meses nos braços.

O Hamas, no poder em Gaza desde 2007, afirmou que continuará lutando apesar da morte de seu líder, Yahya Sinwuar, idealizador do ataque de 7 de outubro de 2023 e que foi eliminado pelo Exército israelense em 16 de setembro.

O ataque do Hamas contra Israel de 7 de outubro de 2023 resultou na morte de 1.206 pessoas, em sua maioria civis, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses, que inclui os reféns que morreram durante o cativeiro em Gaza.

Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 34 que foram declaradas mortas pelo Exército israelense.

O ataque desencadeou a guerra em Gaza, onde a ofensiva israelense já matou 42.718 pessoas, em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde no território controlado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) afirmou nesta terça-feira que a taxa de pobreza nos Territórios Palestinos deve praticamente dobrar este ano e afetar 74,3% da população, após mais de um ano de guerra em Gaza.

"As consequências imediatas da guerra, não apenas em termos de destruição de infraestruturas, mas também em termos de pobreza e perda de meios de subsistência, são enormes", declarou à AFP o administrador do PNUD, Achim Steiner.

A ONU calcula que a taxa de pobreza nos Territórios Palestinos (Faixa de Gaza e Cisjordânia) atingirá 74,3% em 2024, contra 38,8% no final de 2023, o que elevará o número de palestinos pobres para 4,1 milhões de pessoas.

Acompanhe tudo sobre:HamasGuerrasIsraelConflito árabe-israelense

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado