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Blecaute põe em xeque segurança do sistema elétrico

Em termos de volume de energia desligada, os blecautes dos últimos 30 dias foram 153% maiores que os de 2011, ano que quem foram registrados nove apagões


	Linhas de transmissão: apagões deste ano, que já somam 63, levantam dúvidas sobre a segurança do sistema de transmissão de energia no país
 (Getty Images)

Linhas de transmissão: apagões deste ano, que já somam 63, levantam dúvidas sobre a segurança do sistema de transmissão de energia no país (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2012 às 08h29.

São Paulo - A sequência de blecautes que atingiu o Brasil nas últimas semanas levantou suspeitas sobre a segurança do sistema nacional de transmissão. Neste ano, já foram 63 cortes. Só entre os dias 15 de setembro e 15 de outubro, foram 14 desligamentos em várias regiões - na média, significa quase um corte a cada dois dias. Em 2011, no mesmo período, foram nove apagões e todos bem menores. Em termos de volume de energia desligada, os blecautes dos últimos 30 dias foram 153% maiores que os de 2011.

As informações, retiradas de relatórios diários do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), coincidem com a evolução dos desligamentos nos últimos anos. No ano passado, foram 97 ocorrências com cortes de eletricidade acima de 100 MW - número 29% superior ao de 2007.

Embora o governo garanta que o sistema nacional tenha alta confiabilidade, especialistas temem que os apagões sejam uma sinalização de falta de manutenção da rede. "Uma parte do sistema é cinquentão e deveria ter passado por um processo de manutenção e substituição. A indicação mais óbvia de que isso não ocorreu são os apagões", diz o professor da Universidade de São Paulo Ildo Sauer.

O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, discorda das suspeitas. "Não existe falta de investimento a ponto de caracterizar o problema (de blecaute). De 2001 para cá, os investimentos foram enormes." Ele explica que, no caso do sistema existente, os investimentos em manutenção e reforço precisam ser feitos de forma gradual, para não impactar a tarifa.

"Você não faz tudo ao mesmo tempo. Primeiro, você investe na rede básica, nas linhas de mais alta tensão, nas interligações inter-regionais, responsáveis pela transferência de energia entre as regiões, e nas linhas de escoamento das bacias das grandes usinas."

As explicações de Chipp, no entanto, não convencem totalmente os especialistas. Como engenheiro, que começou fazendo manutenções no sistema, Carlos Faria, hoje presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), sabe que um transformador não queima da noite para o dia - como ocorreu em alguns cortes recentes. "Você tem de fazer um acompanhamento. O equipamento dá sinais de que precisa ser trocado. Para mim está claro: estamos com problemas em manutenção", afirma.

Na avaliação do diretor executivo da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), Cesar de Barros Pinto, o sistema nacional pode ser considerado bom, mas tem problemas. Ele explica que muitos cortes ocorrem porque a proteção (os chamados relés) não consegue isolar a linha. "Em muitos casos tem havido desligamento em cascata. Pode ser problema no equipamento ou um ajuste inadequado", destacou o executivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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