Com a iniciativa, bitucas deixarão de poluir para servir de adubo (Fernando Moraes/Veja São Paulo)
Da Redação
Publicado em 7 de setembro de 2011 às 00h49.
Sorocaba, SP - Um projeto pioneiro lançado hoje em Votorantim (SP) prevê a coleta e transformação dos restos de cigarros em adubo orgânico. O trabalho envolve a prefeitura e empresas de reciclagem. A Poiato Recicla, uma das parceiras, desenvolveu coletores de pontas de cigarro que serão colocados em locais estratégicos da cidade de 120 mil habitantes, como a entrada de bancos, restaurantes e prédios públicos.
O material será recolhido regularmente e encaminhado para outra parceira, a Conspizza, de Uberlândia (MG), que o submeterá a um processo de compostagem. Após a retirada dos metais pesados e outros componentes agressivos, os restos de cigarro serão misturados a um composto orgânico e resíduos vegetais.
Desde que a lei antifumo, em 2009, proibiu o cigarro em recintos fechados, as prefeituras paulistas constataram um aumento no volume de pontas lançadas nas ruas. O material servirá de adubo para plantas em projetos de recuperação ambiental. "A lei limpou o ar, agora vamos limpar o chão e o resto do ambiente", disse o prefeito Carlos Pivetta (PT).
A prefeitura fará campanha para incentivar o uso do coletor. O sócio da Poiato, Marcos Poiato, disse que o projeto foi trazido de Londres por um médico. A empresa pretende estender a iniciativa a outras cidades. "Fizemos contatos com 37 prefeituras e muitas se interessaram", disse. De acordo com o empresário, embora pareça inofensiva, a ponta de cigarro traz sérios problemas ambientais. "Está comprovado que 20 bitucas num manancial geram poluição equivalente a de um litro de esgoto".
Votorantim vai bancar parte do custo com a coleta e a destinação do material, mas espera fazer parcerias para dividir a despesa. De acordo com o prefeito, pesquisas apontam que os restos de cigarro representam quase um terço do lixo lançado nas ruas e calçadas. O Brasil produz, anualmente, 140 bilhões de cigarros e cada bituca leva, em média, dois anos para se decompor na natureza.